Formação para elas em evento temático
3 de julho de 2024, às 12h10 - Tempo de leitura aproximado: 4 minutos
O Dia Internacional das Mulheres na Engenharia, comemorado em 23 de junho, marca o reconhecimento e fortalecimento da atuação feminina no mercado da área tecnológica. No Crea-SP, a pauta ganha força com as ações do Comitê Gestor do Programa Mulher e a data não ficou de fora. Este ano, o Conselho trouxe especialistas para abordar temas importantes para a formação das profissionais, como empreendedorismo, posicionamento e construção de imagem. A programação fez parte de uma Trilha de Capacitação para Mulheres e foi incluída no Crea-SP Capacita da última sexta-feira (28).
O evento recebeu desde universitárias até engenheiras, agrônomas, geocientistas, tecnólogas e designers de interiores com anos de experiência em um encontro presencial na Sede Angélica, que teve transmissão remota pela TV Crea-SP, canal do YouTube. O conteúdo segue disponível on-line de forma gratuita.
“Estamos buscando cada vez mais alternativas para auxiliar e incentivar as profissionais e aproximá-las do Conselho. Este evento é uma grande oportunidade para a capacitação e conexão entre as mulheres”, declarou a presidente do Crea-SP, Eng. Lígia Mackey.
“Nosso plano de trabalho para este ano inclui a conscientização, mentoria e o letramento, que consiste em atender as mulheres em escolas, universidades e atuantes já formadas. Dessa forma, nos fortalecemos e crescemos juntas no Sistema”, complementou a integrante do Comitê, Eng. Marci Alves.
Elas na tecnologia
“As mulheres são subestimadas no setor tecnológico, e as pessoas não têm noção que muitas das invenções que usufruímos foram desenvolvidas justamente por elas, como, por exemplo, a comunicação por redes móveis, o Wi-Fi e o Bluetooth”, relatou uma das especialistas convidadas, a Eng. Eduarda de Martin Roberto.
Ela atua na empresa Otis Elevadores e contou que, desde pequena, sonhava em ser engenheira civil, como seu pai, mas foi encorajada a seguir a carreira de arquiteta por ser uma profissão considerada ‘mais feminina’. Apesar disso, ingressou no curso dos sonhos em 2019. “Sofri muito preconceito em todos os anos da faculdade por ser uma das poucas mulheres na sala de aula, assim como na busca por vagas de estágio, onde fui recusada várias vezes por não ser homem. Até que fui contratada em uma empresa com uma mulher no cargo da Presidência”, disse, mostrando os desafios que ainda existem.
A Eng. Natiely Santana estava na plateia e compartilhou das vivências ali descritas. Professora de ensino técnico em edificações, ela comentou que, durante a formação, muitas meninas sentem falta de referências e de ter mulheres como modelo a seguir. Por isso, para ela, é importante que sejam feitas visitas nas instituições de ensino e eventos como a Trilha de Capacitação. “Na minha turma da faculdade, de 80 alunos, apenas nove eram mulheres. Hoje vejo esse número crescendo, inclusive em escolas técnicas”, acrescentou.
Empreendedorismo e protagonismo feminino
Durante o painel de capacitação, conduzido pela Eng. Nauany Xavier, que também é integrante do Comitê Gestor do Programa Mulher, foram apresentadas profissionais que montaram o próprio negócio, um incentivo àquelas que buscam o desenvolvimento da carreira no empreendedorismo.
Co-fundadora da Zippi, uma fintech de crédito para autônomos, a Eng. Ludmila Pontremolez comentou que o maior desafio para incentivar essa veia feminina no empreender é a representatividade, já que a maioria dos gestores de empresas são homens. A engenheira também destacou ações para incluir as mulheres no mercado tecnológico. “As principais áreas da Zippi são formadas por uma liderança feminina, e isso é algo que nos orgulhamos muito e buscamos sempre dar atenção”, enfatizou.
A Eng. Ana Faria soube, desde a faculdade, que queria empreender. “Fundei minha consultoria ambiental e atendo empresas e indústrias do ramo”, explicou. Ana comentou que a motivação é muito escassa nas universidades e que, hoje, a iniciativa, muitas vezes, parte dos próprios alunos e alunas. “Existem ligas, empresas júnior, eventos temáticos e nós podemos ajudar compartilhando nossas histórias dentro das instituições de ensino e conselhos de classe”, concluiu.
Já a abordagem sobre posicionamento e imagem profissional foi discutida trazendo a realidade dos ambientes majoritariamente masculinos, com participação da ex-secretária municipal da pasta de Cultura de São Paulo, RP. Aline Torres e da Eng. Daiane Lalier, especialista em marca pessoal.
Com um histórico grande de homens ocupando cargos no poder público, Aline compartilhou ser a primeira mulher negra a exercer o papel de secretária de Cultura. Segundo ela, para isso, foi preciso aprender a se posicionar para ser ouvida. “Foi um desafio entender como deveria me comportar sendo uma jovem negra da periferia chegando em um lugar que antes não era considerado adequado para mim, mas entendi que eu não precisava me ‘masculinizar’ e ser firme nas minhas opiniões”, afirmou.
Daiane complementou dizendo que, quando entrou no mercado de trabalho, procurou se inserir a todo custo, deixando sua identidade de lado. “Não estava sendo eu naquela época. Por isso, aos poucos, fui entendendo onde eu queria estar e construir a minha imagem como pessoa e profissional, considerando a minha personalidade”, declarou.
Durante a conversa, ainda foram abordados outros temas, como: vestimenta adequada aos diferentes cenários, inteligência emocional, posicionamento nas redes sociais, importância do networking e muito mais.
Produzido pela CDI Comunicação