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Acesso em 08/11/2025 às 13h27.

Crea-SP lança manual para inspeção em estruturas de concreto

Documento, elaborado em parceria com Confea e ABNT, foi destaque em Seminário Técnico

7 de novembro de 2025, às 19h00 - Tempo de leitura aproximado: 4 minutos

O Conselho, por meio do Crea-SP Capacita, promoveu na quarta-feira (05/11) o Seminário de Inspeção em Pontes e Viadutos com especialistas e representantes de instituições técnicas para debater práticas e desafios relacionados às Obras de Arte Especiais (OAEs). Para aprofundar o assunto e respaldar a atuação dos profissionais, o evento marcou o lançamento do Manual Orientativo: Inspeção em Estruturas de Concreto – Pontes e Viadutos, elaborado pelo Comitê Técnico de Fiscalização de Pontes e Viadutos do Crea-SP, com apoio do Confea e da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT).   

A presidente do Conselho, engenheira Lígia Mackey, parabenizou os integrantes do Comitê e destacou a relevância do documento. “Temos agora um modelo para evoluir na questão da inspeção em estruturas de concreto que será uma referência importante para a sociedade”. Já o presidente do Confea, Eng. Vinicius Marchese, reforçou o papel do Manual como instrumento de disseminação técnica. “Vamos estudar as suas conclusões e o conteúdo discutido no Seminário e buscar a difusão desse conhecimento para todos os Creas do Brasil”. Ambos falaram por vídeo para os 200 engenheiros presentes na Sede Angélica, e para o público online.  

O diretor de Relações Institucionais do Crea-SP, Eng. Luis Chorilli Neto, agradeceu o apoio dos presidentes do Crea-SP e do Confea para o trabalho do Comitê. “Temos hoje uma grande entrega, de um material técnico que teve a ABNT como nossa parceira”, comemorou.  

Representando a ABNT, Jaqueline Gershenson, gerente de capacitação, ressaltou o papel do documento como instrumento técnico alinhado às diretrizes da entidade. “Trouxemos a base técnica para a Engenharia nacional evoluir na inspeção e manutenção preventiva das construções de concreto”, apontou.  

O Eng. Roberto Racanicchi, coordenador do Comitê, enfatizou que o Manual é fruto de um esforço coletivo para enfrentar os desafios das inspeções nas OAEs. “Nosso objetivo é que o conteúdo represente um instrumento de segurança e tranquilidade para as pessoas usuários desse tipo de construção”, projetou. Ele revelou ainda que o relatório final complementar ao Manual será finalizado em janeiro.  

Eng. Civil e Prof. Dr. Júlio Timerman, atual presidente do Instituto

Durante o Seminário, o Eng. e Prof. Dr. Júlio Timerman, atual presidente do Instituto Brasileiro do Concreto (IBRACON), coordenador das Comissões de Estudo de Normas da ABNT e do Crea-SP, apresentou um panorama histórico das normas técnicas aplicadas às pontes e viadutos, destacando a linha do tempo de evolução das normas. “Muitas obras foram construídas nos anos 1960 com base em normas da década de 1940, e hoje enfrentam sobrecargas e ocupações irregulares que não estavam previstas. A meta inicial é fazer uma inspeção visual, como um exame clínico, que pode indicar a necessidade de uma avaliação mais especializada”, explicou.   

Timerman também alertou para o envelhecimento das estruturas e a necessidade de revisão das normas brasileiras, citando o caso da Ponte Juscelino Kubitschek (JK), entre Tocantins e Maranhão, que colapsou no final de 2024 após 64 anos de sua construção. O professor destacou que muitas normas brasileiras não abordavam a durabilidade das estruturas até recentemente.   

Eng. Civil Paulo Helene, Pós-doutor pela Universidade da Califórnia e professor titular da Universidade de São Paulo (USP) e membro do Crea-SP

Pós-doutor pela Universidade da Califórnia e professor titular da Universidade de São Paulo (USP) e membro do Crea-SP, o Eng. Paulo Helene complementou a discussão ao abordar os desafios tecnológicos da inspeção estrutural. “Ainda carecemos de recursos tecnológicos mais avançados em profusão, como equipamentos térmicos e de raio-x, para avaliarmos as estruturas por dentro. O Manual é fundamental para uma abordagem de inspeção, por ser mais didático e informativo, e também vai facilitar a capacitação dos engenheiros”, apontou.  

Para Helene, o maior desafio técnico para prolongar a vida útil das OAEs é continuar inspecionando. “A percepção visual e sensorial é algo inicial, porém precisa ser complementada com ensaios mais profundos”, ensinou.  

A metodologia de inspeção presente no Manual começa pela avaliação visual, com classificação em seis níveis, e pode evoluir para análises mais detalhadas realizadas por especialistas. Essa abordagem busca tornar o processo mais acessível e eficiente, especialmente diante da realidade brasileira, onde muitas cidades sequer conhecem o número exato de OAEs em seus territórios. Com algo como 39 mil obras de arte catalogadas no país, o desafio é imenso.   

No debate mediado pelo Eng. Joni Matos Incheglu, coordenador  adjunto do Comitê Técnico de Pontes e Viadutos, foi reforçada a urgência da pauta. “Temos mais de 11 mil OAEs com problemas no país hoje. O cenário é complexo e exige capacitação técnica e sistematização das ações, especialmente voltadas para a manutenção”, completou.  

Acesse aqui o manual.

 

Produzido pela CDI Comunicação