Resistência começa com a prevenção
15 de outubro de 2024, às 9h21 - Tempo de leitura aproximado: 4 minutos
Os assuntos abordados na 79ª Semana Oficial da Engenharia e da Agronomia (SOEA), realizada em Salvador entre os dias 7 e 10/10, ultrapassaram os limites geográficos da Bahia e seguem repercutindo em São Paulo. Um importante debate nacional fez parte da programação e profissionais da área tecnológica e representantes de entidades de classe de todo o País falaram sobre o desenvolvimento das cidades resilientes, considerando a importância da gestão de riscos em situações de eventos climáticos extremos e das profissões nos gerenciamentos de crises ambientais.
A motivação vem dos impactos da emergência climática, que são cada vez mais evidentes. Nos últimos anos, tempestades, inundações, deslizamentos, queimadas, secas e contaminação de solos e rios afetaram milhares de pessoas e em todas as regiões do Brasil. Nesse cenário, os profissionais do Sistema Confea/Crea e Mútua tornam-se mais essenciais do que muitos imaginam.
De acordo com o conselheiro federal suplente, por São Paulo, e secretário executivo da Câmara Temática Metropolitana para a Gestão de Riscos Ambientais (CTM-GRA/SP), Geol. Ronaldo Malheiros Figueira, o papel das profissões deve estar voltado para a prevenção, mitigação e governança de riscos e desastres. Ele argumentou que é essencial considerar as questões sociais nesse processo. “Como profissionais, estamos presentes em tudo. A sociedade não participa ativamente de discussões sobre o tema, então precisamos abrir espaços para esses debates e atuar”, afirmou.
A partir da inserção da área tecnológica, e após alguns eventos climáticos, novas leis foram desenvolvidas, como o Estatuto das Cidades, instrumento fundamental para estabelecer diretrizes atualizadas. O geólogo destacou que um Plano Metropolitano de Gestão de Riscos e Desastres envolve quatro fases: produção de conhecimento, com foco em mapeamentos; prevenção e mitigação; comunicação; e gestão de riscos. “Tudo o que está acontecendo, nós já discutíamos há 20 anos. Agora, essas tragédias climáticas são uma realidade. Temos muitas experiências, vamos utilizá-las para criar ações e torná-las realidade”, reforçou Figueira.
No Conselho paulista, o tema foi introduzido em algumas iniciativas, como nos comitês técnicos de Planejamento Urbano e de Apoio aos Acidentes e Calamidades no âmbito das Engenharias, Agronomia e Geociências (COTAC), no fomento à participação das associações na conferência dos municípios, no Colégio de Entidades Regionais (CDER-SP) e na integração da fiscalização com as cidades, em apoio às Defesas Civis.
Ainda de acordo com o geólogo, esses movimentos são catalisadores de mudanças, mas os desafios são muitos. “Temos que reforçar a importância da Engenharia, Agronomia, Geologia, Meteorologia e Geografia nas políticas públicas”, destacou. Realizar esses debates na SOEA, em Salvador, uma cidade onde a natureza é tão presente, não foi por acaso, evidenciando ainda mais a preocupação do Sistema com cada detalhe.
Transformação começa no próprio Sistema
A preocupação com o meio ambiente precisa se estender para todos os lados, inclusive nos próprios Conselhos Regionais. Por isso, para realizar um evento desse porte, que reuniu mais de 6 mil pessoas, foi preciso contar com um time especializado. Nesta missão, a bagagem do Crea-SP contou e muito. A gerente de Projetos e Engenharia da autarquia paulista, Eng. Camila Pereira, trabalhou com o Confea em ações para mitigar as emissões de gases de efeito estufa (GEE) durante os quatro dias de encontro.
Em São Paulo, Camila gerencia a equipe que monitora a quantidade de gases poluentes que o Conselho emite, reunindo os dados em inventários anuais. Para ela, o projeto para a SOEA teve um toque especial. “Esta edição foi carbono neutro. Isso significa que buscamos equilibrar a emissão e a remoção de GEE da atmosfera, reduzindo e compensando o impacto ambiental”, explicou.
Todo o evento foi planejado e executado com a adoção de reciclagem de materiais, incentivo ao uso de transporte coletivo e conscientização dos participantes sobre as pegadas que deixam no planeta. Uma das iniciativas, por exemplo, foi calcular a emissão individual de cada pessoa com um carbonômetro, que considerava o meio de transporte utilizado para o descolamento. “Isso mostra como a escolha do transporte impacta o mundo e como todos podemos colaborar”, completou Camila.
Figueira concordou que essa iniciativa da feira foi relevante porque lá estiveram reunidos representantes de diversos órgãos, que podem incentivar esse tipo de alternativa em outros lugares também. “Todas essas discussões que estamos realizando precisam ser colocadas em prática por meio de fóruns, comitês e planejamento urbano. Não adianta as ideias surgirem aqui e não serem implementadas. Precisamos apoiar e fortalecer o Sistema e fornecer os elementos necessários para a execução dos projetos”, concluiu.
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