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Acesso em 17/08/2025 às 11h14.

Para ter mais moradia, é necessária mais Engenharia

Engenheiros discutem alternativas para resolver déficit habitacional de forma sustentável

15 de agosto de 2025, às 10h00 - Tempo de leitura aproximado: 3 minutos

O painel ‘Novas tecnologias e soluções para melhorias na habitação social’, parte da programação do Colégio de Inspetores 2025 e do 12º Congresso Estadual de Profissionais (CEP) do Crea-SP, ocorridos nos dias 8 e 9 de agosto, no Mercado Pago Hall, no Mercado Livre Arena Pacaembu, debateu o cenário da construção civil brasileira em meio ao déficit de moradias.

Atualmente, o país carece de 6,2 milhões de residências. O dado é fruto de uma análise da Fundação João Pinheiro sobre o Censo 2022 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e indica que, mais do que uma demanda de mercado, existe uma lacuna assistencial que requer alinhamento técnico e político para ser solucionada.

O assunto foi tratado pelos engenheiros Renato Salgado, consultor especialista em sustentabilidade do Centro de Tecnologia de Edificações (CTE), e Emerson Canela, professor do Instituto Federal de São Paulo (IFSP) e inspetor do Crea-SP pelo município de Potim, com mediação da presidente do Conselho, Eng. Lígia Mackey.

Salgado apresentou o projeto da Comunidade do Aço, no Rio de Janeiro, que possui uma mensuração de desempenho por meio de certificações de performance ambiental, ao mesmo tempo em que garante melhor infraestrutura para as famílias residentes. “É um trabalho inovador. Mais de 60% da energia local é por microgeração fotovoltaica”. O engenheiro apontou outros dados, como a redução de 37% do consumo de água potável e de 39% do carbono incorporado à obra.

Já Canela demonstrou a funcionalidade de casas feitas a partir de blocos de plástico reciclado. “Transformamos lixo em moradia digna. É uma solução simples, inovadora e escalável”, explicou.

O professor contou que a fabricação global de cimento é uma das principais vilãs do meio ambiente — de acordo com o Fórum Econômico Mundial, essa indústria é responsável por cerca de 8% das emissões totais de CO2 do mundo. Em contrapartida, cada bloco feito de plástico utiliza 500g do que seria descartado.

Além disso, o Brasil é o quarto maior produtor de plástico, com 11 milhões de toneladas geradas por ano, ficando atrás apenas dos Estados Unidos, China e Índia, segundo relatório do Fundo Mundial para a Natureza (do inglês, World Wide Fund for Nature – WWF). “Por meio desse material, conseguimos tirar famílias da situação de vulnerabilidade”, acrescentou Canela, que exibiu uma das casas de interesse social viabilizadas em parceria com a TETO Brasil, organização de voluntariado que constrói lares em comunidades pelo país.

“Mais importante ainda é dar dignidade à população”, complementou a presidente Lígia. Há mais de 30 anos na construção civil, a engenheira disse que tem observado mudanças significativas no setor, com alternativas semelhantes às apresentadas pelos painelistas e que ilustram o momento de adequação às práticas de sustentabilidade e eficiência, marcado por novos métodos, recursos e processos construtivos.

“A sustentabilidade não pode ser vista como algo que vai encarecer projetos, pois é a prova de que um material ou sistema, para além do desempenho técnico, gera menos impacto e é capaz de oferecer bem-estar e qualidade de vida”, comentou Salgado.

O Eng. Thiago Vasconcelos, presidente da Associação Barretense de Engenharia, Arquitetura e Agronomia (ABEAA) e secretário de Obras de Barretos, acompanhou tudo da plateia, com uma comitiva de outros profissionais do município. “[O Colégio de Inspetores e o CEP] são eventos que trazem referências, então conseguimos trocar informações e somar ideias para levar conosco”, afirmou.

O engenheiro compartilhou que Barretos também enfrenta um déficit de moradias e que “reurbanizar espaços onde já existem conjuntos habitacionais consolidados é um meio de levar melhorias para os moradores”.

“Temos a capacidade de resolver problemas e de criar soluções com base em conhecimento técnico e responsabilidade social. Isso é o que queremos fomentar nos profissionais”, concluiu a presidente Lígia.

 

Produzido pela CDI Comunicação