Mulheres em altos cargos de comando no Crea-SP
26 de março de 2021, às 11h00 - Tempo de leitura aproximado: 4 minutos
A presença feminina vem crescendo na Engenharia. Segundo dados do Conselho Federal de Engenharia e Agronomia, houve aumento de 42% no número de mulheres registradas nos Creas entre 2016 e 2018. Essa tendência também pode ser observada no Conselho paulista: pela primeira vez em seus 87 anos de história, duas mulheres ocupam a coordenação da Câmara Especializada de Agronomia (CEA) do Crea-SP, além da coordenadoria adjunta da Câmara Especializada de Engenharia Elétrica (CEEE) e um cargo na Diretoria.
No caso da CEA, a coordenação em 2021 está a cargo da Engª Agrônoma Andrea Cristiane Sanches (coordenadora) e da Engª Agrônoma Adriana Mascarette Labinas (adjunta). Na diretoria de Entidades de Classe o Crea-SP tem hoje a Engª Civil Ligia Marta Mackey; e na coordenação da CEEE, a Engª Eletricista Michele Carolina Morais Maia.
No Crea-SP elas comandam a Agronomia
Andrea se formou em 1995 pela Unesp de Jaboticabal e sua relação com a Agronomia vem da infância. De família de produtores rurais, escolheu a profissão por se tratar de um encontro entre Engenharia e Biologia.

Em 1998, iniciou a carreira acadêmica e, em 2002, assumiu a coordenação do curso de Agronomia na Universidade Brasil. O interesse pelo Crea-SP surge nesse período, quando, com a anuência dos alunos, entendeu que tinha direito a um assento no Conselho. “Em 2006 fui eleita pelo colegiado para ser conselheira. Tive dois mandatos até 2011 e retornei em 2018”, compartilha.
Apesar de reconhecer que a mulher ainda está em desvantagem no mercado de trabalho em relação aos homens, Andrea vê que a situação melhorou. “Em 1995, ou você ia para a Academia, para uma iniciativa pessoal, ou estava fora. Não tinha outra possibilidade. Hoje as empresas têm espaços exclusivos e vagas voltadas preferencialmente às mulheres. É um avanço.”
No caso de Adriana, a coordenadora adjunta da CEA, a decisão pela Agronomia veio com a máxima de que a modalidade é a “engenharia das coisas vivas”. Formada em 1991 pela Universidade de Taubaté, as mulheres também eram minoria em sua turma. Enquanto fazia o mestrado, em 1994, prestou concurso para a cadeira de Entomologia Agrícola, disciplina que leciona na mesma universidade onde se formou.

Foi pelo caminho acadêmico que estreitou a relação com o Crea-SP, onde foi suplente de conselheira no período de 2012 a 2014, assumindo a vaga de titular em 2018. “O Conselho é um exercício de compartilhamento, pois você divide o que aprendeu e acumulou ao longo do tempo e da vida profissional.”
Para a engenheira agrônoma, o maior desafio que encontrou em sua carreira não tem relação com gênero. Trata-se da necessidade de constantes atualizações e estudos. “Os avanços são muitos, são inputs de tecnologia que dão aquele caráter de inovação. E em tudo temos a presença feminina, nas escolas, instituições públicas ou privadas, no campo.”
Engenheira civil preside duas entidades
Ligia Marta Mackey escolheu a profissão de engenheira civil em 1994, quando ingressou na Escola de Engenharia de Piracicaba. Naquele início, havia apenas 10% de alunas. “Hoje já temos 50% de mulheres nas salas de aula.”
Após se formar, trabalhou como profissional autônoma e se envolveu com um projeto social de habitação popular, o Promore, do Sindicato dos Engenheiros do Estado de São Paulo. “Já atendemos mais de 1.500 famílias nesses 27 anos de trabalho.”

No ano em que se tornou presidente da Associação de Engenharia, Arquitetura, Agronomia e Geologia de Rio Claro, em 2017, começou a atuar no Crea-SP de forma mais ativa, sendo eleita conselheira titular em 2020.
Ligia também é presidente do Instituto Paulista de Entidades de Engenharia e Agronomia (Ipeea).
Mesmo presidindo duas instituições, Ligia ainda sofre com o preconceito, um obstáculo que precisa vencer diariamente em sua carreira: “Ser mulher em uma profissão que era até então formada praticamente só por homens é o maior desafio.”
Conselho tem primeira adjunta na Câmara de Elétrica
A primeira mulher na coordenadoria adjunta da CEEE do Crea-SP, Michele se formou engenheira eletricista e eletrônica, e já havia decidido pela profissão após um ano no curso técnico de Telecomunicações.

Sua história com o Crea-SP começou em 2016, quando Michele foi eleita para ser a conselheira após participar mais ativamente da Associação de Engenheiros e Arquitetos de São José dos Campos.
A especialização é um dos desafios da sua profissão, considera a engenheira. “É muito dinâmico e muda muito, afinal, toda hora a Engenharia traz uma inovação.”
Produzido pela CDI Comunicação
Supervisão: Equipe de Comunicação Corporativa e Estratégia do Crea-SP