Marca do Crea-SP para impressão
Disponível em <https://www.creasp.org.br/noticias/dia-internacional-da-mulher/>.
Acesso em 21/07/2025 às 01h53.

Dia Internacional da Mulher

Contribuição histórica de mulheres inspira novas profissionais

8 de março de 2022, às 11h49 - Tempo de leitura aproximado: 4 minutos

A diferença de criação entre meninas e meninos é apontada, em diversas pesquisas e estudos ao redor do mundo, como uma das causas que as afastam de carreiras científicas.  Por todo o caminho há inúmeras barreiras que impedem as mulheres de se dedicar às ciências, tanto no mercado de trabalho quanto na academia. Além do estereótipo de profissões “masculinas”, as mulheres encontram dificuldades em conciliar o trabalho com o cuidado da família e da casa, que na maioria das vezes recai sobre elas. Países de economias avançadas ou em desenvolvimento registram o mesmo cenário, o que comprova que essa é uma questão que afeta mulheres e meninas mundialmente. 

A crença cultural de que as profissões da ciência são restritas aos homens é tão forte que estudo realizado pela UNESCO Mulher, Ciência e Tecnologia na América Latina (FLACSO Argentina) e a Associação Civil Chicos.net, de 2018, constatou que nove entre 10 meninas associam engenharia a habilidades masculinas, mesmo após afirmarem que Ciência, Tecnologia, Engenharia e Matemática (STEM, na sigla em inglês) podem ser desenvolvidas por homens e mulheres. O reflexo disso é que quando ingressam nas universidades, apenas 30% das estudantes escolhem carreiras relacionadas ao STEM.  

O Censo da Educação Superior, divulgado em 2019 pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), aponta que 37,3% dos formandos em cursos de graduação de engenharia, produção e construção são do sexo feminino. A expectativa é acompanhar a evolução desses números, sem deixar de lado a preocupação com ações de incentivo à equidade de gênero. Entre as diversas opiniões sobre o assunto, um dos consensos é de que a representatividade ajuda a corrigir essas distorções e aumentar a participação de mulheres nesses campos.  

Apesar desse cenário, muitas mulheres resistiram ao longo do tempo e inscreveram suas trajetórias nas páginas da história. Uma dessas pioneiras é Emily Roebling (1843 – 1903), que colaborou com um dos maiores projetos de engenharia americana: a Ponte do Brooklyn, finalizada em 1883. Emily assumiu a supervisão diária da obra após seu marido, Washington Roebling, adoecer. O projeto que começou com seu sogro, que atuava na construção de pontes suspensas, acabou em suas mãos e ela se tornou uma das maiores profissionais de exatas dos Estados Unidos (EUA) e a primeira mulher a dirigir a Sociedade Americana de Engenheiros Civis.  

Já em 1918, Edith Clark (1883 – 1959) foi a primeira mulher a se formar em Engenharia Elétrica no Massachusetts Institute of Technology (MIT). Posteriormente, trabalhou na General Electric e desenvolveu a famosa calculadora Clarke, usada para resolver cálculos de linha de transmissão de energia elétrica. Sua atividade lhe rendeu o principal prêmio da organização Society of Women Engineers, pelas contribuições originais para a teoria de estabilidade e análise de circuitos, em 1954.  

No Brasil, Enedina Marques (1913 – 1981) foi a primeira mulher negra a se formar Engenheira Civil, um sonho que batalhou para realizar. Filha de um casal de negros provenientes do êxodo rural após a abolição da escravatura em 1888, ela superou a discriminação e os obstáculos. Na profissão, um dos seus principais feitos foi a construção da Usina Capivari-Cachoeira, maior hidrelétrica subterrânea do sul do país.  

Ao olhar para mais perto, também há no Crea-SP histórias de mulheres que abrem caminho para outras profissionais. É o caso da superintendente de Fiscalização, Eng. Maria Edith dos Santos, a primeira mulher a ocupar o cargo. O seu pioneirismo na carreira começou muito antes de assumir a função de superintendente, em 2016. Em 1985, Edith era auxiliar administrativo do Crea-SP e se deparou com um anúncio de processo de seleção para agente fiscal que chamou sua atenção. Os requisitos para a vaga era ter mais de 18 anos, veículo próprio, carteira de habilitação e ser do sexo masculino.  

Edith questionou o requisito da vaga junto aos seus superiores e sua movimentação rendeu resultados positivos. Em 1987, foi aberto o primeiro processo seletivo que permitia mulheres ocupar a função e Edith passou a integrar o quadro de agentes fiscais. Hoje, ela lidera 12 gerências regionais, 30 chefes de UGI e 130 agentes fiscais, e fez história mais uma vez ao alcançar a marca de quase 300 mil ações de fiscalização em 2021, um número inédito para o Conselho.  

Essas são só algumas mulheres cujas vidas e obras servem de inspiração para que muitas outras se enxerguem nas profissões das Engenharias, Agronomia e Geociências, e possam se reconhecer nesses espaços, historicamente vinculados aos homens.  

Produzido pela CDI Comunicação

Editado pela Superintendência de Comunicação do Crea-SP