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Acesso em 08/06/2025 às 09h31.

Área Tecnológica na Mídia – 7 a 11/10/2024

Confira as notícias do dia

11 de outubro de 2024, às 12h30 - Tempo de leitura aproximado: 49 minutos

11/10

 

Em reunião realizada em Foz do Iguaçu com membros do G20, a Toyota abordou a transição energética e apresentou a picape Hilux em inédita variante movida a biogás. O protótipo foi desenvolvido por engenheiros do Brasil e da Argentina e tem motorização abastecida pelo gás biometano – combustível de caráter renovável, menos nocivo ao meio ambiente do que gasolina, diesel e até mesmo GNV, reporta Motor1. O biogás é gerado a partir da degradação de matéria orgânica (de origem vegetal ou animal) em conjunto à ação de microrganismos e outros fatores, incluindo ausência de oxigênio. Durante o processo, a digestão anaeróbica tem como resultado a produção de uma mistura de gases, cuja maior parte é composta de metano. Dependendo das condições de produção, o biogás pode conter de 50% a 70% de metano (usado para alimentar motores a combustão). No caso da Toyota, o gás usado para alimentar o motor da Hilux é obtido a partir da degradação de resíduos de cana-de-açúcar. A escolha pela cadeia produtiva da planta tem caráter estratégico, especialmente pelo fato de aproveitar resíduos oriundos da produção de etanol. O Brasil é o maior produtor mundial desse biocombustível e a Toyota tem feito forte aposta no seu uso nos últimos anos. Além da produção industrial em grandes reatores controlados, o biogás também pode ser gerado de forma caseira no meio rural por meio da utilização de biodigestores. Podem ser aproveitados resíduos orgânicos provenientes da pecuária, suinocultura ou do consumo humano da própria fazenda.


O verão brasileiro deve ver aumento nas precipitações nas próximas décadas, aponta pesquisa da Universidade Federal de Itajubá (UNIFEI), de Minas Gerais. A partir de 2060 acontecerá uma intensificação nesse padrão. No outono e na primavera, é esperada redução nas chuvas em diversas áreas do país. As descobertas fazem parte de uma linha de estudos financiada pela geradora de energia Engie, que investiu R$ 4 milhões ao longo de dois anos para financiar projetos de pesquisa, desenvolvimento e inovação sobre mudanças climáticas, relata a Exame. A chamada pública envolveu paleoclimatologia – ciência que estuda as variações climáticas na história terrestre -, mudanças nos padrões atmosféricos e oceânicos no futuro e quantificação das fontes de umidades e modelagem climática regional. A melhoria das ferramentas operacionais para projeções climáticas também foi um dos temas prioritários dos estudos. A startup MeteoIA avançou nas estratégias para previsão do clima a partir do uso de inteligência artificial. A abordagem analisou os principais mecanismos que influenciam as chuvas no Brasil, possibilitando menos incerteza nas previsões climáticas até 2050. O método machine learning foi a ferramenta para a TempoOK, empresa islando-brasileira de previsões de tempo. A partir da análise de modelos climáticos globais – uma representação do sistema climático e as interações com a atmosfera, oceano, superfície terrestre, que podem alterar o clima -, foi criada uma metodologia para definir os cenários de mudança nas chuvas com mais precisão. A Universidade Federal do Paraná (UFPR) liderou estudo sobre o comportamento da estação de monção na América do Sul. Os resultados indicam diminuição da precipitação na primavera e aumento durante o verão até 2100. O estudo sugere que o El Niño terá efeitos mais intensos. A Universidade Federal Fluminense (UFF) desenvolveu um software para analisar séries temporais e identificar sinais de alerta precoce no sistema hidrológico da América do Sul, resultando em tendências de precipitação até 2060. A UNIFEI coordenou dois projetos climáticos: o primeiro prevê aumentos na precipitação e o potencial da energia eólica no Brasil até o final do século. O segundo projeto foca nos impactos das mudanças nos fluxos de umidade, com projeções de aumento de temperatura, especialmente na Amazônia, e leve redução nas chuvas em grande parte do país. A Universidade Federal do Pampa (UNIPAMPA) analisou padrões atmosféricos que levam a eventos extremos de precipitação e seca. O estudo concentrou-se em monções e vórtices ciclônicos, com projeções para eventos extremos até 2060. A USP investigou a relação entre o transporte de umidade e eventos climáticos extremos na Bacia do Prata ― no Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, maior bacia hidrográfica do Brasil ― entre 1980 e 2018. Foram identificados 49 eventos secos e 46 eventos úmidos ― a bacia do Amazonas é a principal fonte de umidade. Esses resultados são fundamentais para prever e monitorar episódios climáticos extremos na região.

 


A Dawn Aerospace avançou no projeto de desenvolver um avião movido a foguete capaz de chegar a 100 km de altitude, que é a borda do espaço. A empresa da Nova Zelândia anunciou, no dia 4 de outubro, que foi capaz de demonstrar a capacidade de reutilização do Mk-II Aurora, aeronave movida a foguete e pilotada remotamente pelo brasileiro Iagho Amaral. Em um mesmo dia, realizou dois voos no intervalo de oito horas. Os voos ocorreram no Aeródromo de Glentanner, na Ilha Sul da Nova Zelândia, ambos atingindo velocidades de Mach 0.9 (cerca de 950 km/h) e uma altitude de 63.000 pés (19,2 km). Foram o 8º e 9º voos do Mk-II Aurora com propulsão a foguete, registra o Aeroin. O Mk-II Aurora foi projetado para ser a primeira aeronave a voar até 100 km de altitude, a borda do espaço, duas vezes em um único dia. É um desempenho equivalente ao primeiro estágio de um foguete orbital de dois estágios. No entanto, diferentemente de um foguete tradicional, a Aurora é certificada como uma aeronave usando uma pista convencional e sem a necessidade de espaço aéreo exclusivo. Membro da equipe da Dawn Aerospace, Iagho tem mais de 20 anos de experiência como piloto e instrutor de sistemas de aeronaves remotamente pilotadas (RPAS), e desde março de 2022 é piloto de ensaios da Dawn Aerospace. “Aqui na Dawn, sou o único piloto de testes do programa e também responsável pelo treinamento da equipe. Muitos pensam que a Aurora é uma aeronave autônoma, mas na realidade é totalmente pilotada manualmente, como qualquer aeronave tripulada. Atualmente estamos na fase em que Chuck Yeager e a Naca (comitê aeronáutico militar americano, que depois virou a Nasa) estavam na época em que quebraram a barreira do som, em 1947. Esse é o próximo objetivo, que alcançaremos ainda neste ano”, declarou. Os voos fazem parte do programa de expansão, destinado a identificar a dinâmica do veículo no regime transônico enquanto a Dawn trabalha para quebrar a barreira do som. A reutilização no mesmo dia é uma parte essencial da estratégia da Dawn para o desenvolvimento iterativo rápido, mas também torna o Aurora exclusivamente adequado para uma variedade de aplicações em pesquisa de voo em alta velocidade, microgravidade, observação da Terra, ciência atmosférica. É um passo para os primeiros veículos hipersônicos operacionais.

 


Um novo tipo de OLED – um diodo emissor de luz orgânico – promete substituir os volumosos óculos de visão noturna por óculos leves, tornando-os mais baratos e mais práticos para uso prolongado. Além disso, um efeito de memória nesses OLEDs pode viabilizar sistemas de visão computacional que detectam e processam sinais de luz e imagens. Os atuais sistemas de visão noturna dependem de intensificadores de imagem, que convertem a luz infravermelha próxima em elétrons e aceleram esses elétrons através de um vácuo rumo a um disco fino contendo centenas de pequenos canais. À medida que passam e colidem com as paredes dos canais, os elétrons liberam milhares de elétrons adicionais, que vão para uma tela de fósforo, que os converte em luz visível. A luz que entra é amplificada até 10.000 vezes nesse processo, permitindo que o usuário enxergue à noite. O novo OLED também converte a luz infravermelha próxima em luz visível, mas sem o peso, a alta tensão e a incômoda camada de vácuo necessária para os intensificadores de imagem tradicionais. O protótipo já consegue amplificar a imagem coletada em mais de 100 vezes, mas uma amplificação muito maior é possível otimizando o projeto do dispositivo, destaca o Inovação Tecnológica.


O combate à escassez de água pode contar com um novo aliado. Engenheiros do MIT construíram um sistema de dessalinização que funciona usando apenas a luz solar, eliminando a necessidade de bateria ou fonte de energia extra. Testes mostraram que a invenção consegue produzir até cinco mil litros de água potável por dia, o suficiente para abastecer três mil pessoas. Ao contrário de outros dispositivos de dessalinização, a invenção do MIT não precisa de bateria para armazenar energia e nem de rede extra, no caso de variações na luz solar, explica o Olhar Digital.  Para isso, o sistema se adapta à luz do Sol. Conforme ela aumenta durante o dia, o ritmo de dessalinização aumenta. Se ela sofrer variações, como uma nuvem passageira, dias nublados ou simplesmente o anoitecer, o sistema diminui a velocidade de produção. Como a invenção responde à intensidade da luz, ela aproveita ao máximo a disponibilidade dela e reduz sua necessidade mediante à escassez, aumentando a eficiência e eliminando o uso de dispositivos extras de armazenamento. De acordo com Amos Winter, um dos autores do estudo publicado na Nature Water no início do mês, ser capaz de produzir água potável usando apenas energia renovável é um desafio. E a equipe conseguiu. Um protótipo do sistema foi testado em escala comunitária em poços de água subterrânea no Novo México (EUA) durante seis meses, em diferentes condições climáticas e tipos de água. A invenção foi capaz de aproveitar cerca de 94% da energia solar gerada pelos painéis para produzir até cinco mil litros de água por dia (mesmo diante das oscilações). De acordo com o Tech Xplore, o objetivo é usar o sistema para dessalinizar águas subterrâneas salobras, fonte salgada encontrada em reservatórios subterrâneos. Isso porque a equipe as enxerga como potencial fonte de água potável, uma vez que as reservas doces estão sobrecarregadas devido à escassez ao redor do mundo. Os pesquisadores também esperam que a invenção possa reduzir os custos da dessalinização, especialmente onde o acesso à energia elétrica é limitado e as iniciativas atuais não chegam (locais longe do mar, por exemplo).

10/10

Um drone projetado por estudantes de diversos cursos da Escola de Engenharia de São Carlos da Universidade de São Paulo (EESC-USP) e integrantes do Grupo Semear ― Soluções em Engenharia Mecatrônica e Aplicação em Robótica ― foi destaque na IMAV (International Micro Air Vehicles Conference and Competition), a maior competição e conferência internacional na área de drones e veículos aéreos não-tripulados. O evento aconteceu entre 16 e 20 de setembro, na Universidade de Bristol, no Reino Unido. O projeto recebeu o prêmio de ‘Drone mais autônomo’ e ficou em 3º lugar na categoria indoor. Neste ano, a competição teve como tema a preservação ambiental, desafiando os participantes a aplicarem as tecnologias de VANTs para monitoramento e proteção da biodiversidade. O drone desenvolvido pela equipe brasileira participou pela primeira vez da competição. Chamado Harpia, o veículo foi projetado para voar de forma autônoma em ambientes fechados, sem o auxílio de GPS, utilizando sensores e inteligência artificial. “Na área de sensoriamento, destaca-se a odometria visual, que consiste no uso de câmeras em conjunto com algoritmos de visão computacional para mapear o ambiente ao redor do veículo, para que o equipamento seja capaz de se orientar durante as atividades autônomas”, explicou Vitor Garcia Ribeiro, estudante de Engenharia Mecatrônica na EESC-USP e diretor do Núcleo de Robótica Aérea do Grupo Semear. A Harpia conseguiu percorrer e identificar pistas visuais de diferentes animais num circuito, como era proposto no desafio. O grupo também levou para a IMAV o drone Carcará, projetado para realizar voos outdoors de mapeamento. “O equipamento foi feito com alumínio e fibra de carbono na estrutura, possui câmeras potentes e dois GPS para a navegação, além de outras tecnologias embarcadas, que permitem mapear áreas de preservação e identificar animais com o uso de inteligência artificial”, detalhou Vitor. O Carcará concorreu na categoria outdoor e ficou em 6º lugar. Os projetos dos drones foram desenvolvidos sob a liderança do professor Marcelo Becker, do Departamento de Engenharia Mecânica da EESC e coordenador Conselho Diretor do Centro de Robótica de São Carlos, com apoio do professor Glauco Caurin, do Departamento de Engenharia Aeronáutica, e da companhia aérea Latam.

 


A exploração da superfície de Marte ao longo da última década revelou diversas evidências de água líquida no planeta. A partir disso, outras dúvidas surgiram sobre como um ambiente possivelmente habitável se transformou no enorme deserto vermelho. Uma nova investigação, conduzida por especialistas da Nasa, fornece insights sobre a mudança climática que Marte experimentou, reporta Galileu. A pesquisa foi liderada por David Burtt, do Goddard Space Flight Center, e rendeu um artigo publicado na segunda-feira (7) na revista Proceedings of the National Academy of Sciences. O estudo priorizou a análise da composição de minerais ricos em carbono (carbonatos) encontrados na cratera Gale, região explorada pelo rover Curiosity nos últimos meses. Para a análise, o estudo considerou dois instrumentos: o Sample Analysis at Mars (SAM) e o Tunable Laser Spectrometer (TLS), ambos a bordo do veículo. O SAM aquece as amostras até quase 900°C e o TLS analisa os gases produzidos durante o processo. “Os carbonatos avaliados apontam para quantidades extremas de evaporação [da água], sugerindo que esses carbonatos provavelmente se formaram em um clima que só poderia suportar água líquida [na forma] transitória”, explicou David Burtt, PhD em Geologia/Ciências da Terra, Os autores propõem dois possíveis mecanismos para esse processo de desenvolvimento em Gale. No primeiro cenário, os carbonatos são formados por meio de uma série de ciclos úmidos-secos dentro da cratera. No segundo, sugere-se que os carbonatos podem ter sido criados em água muito salgada sob condições criogênicas – baixíssimas temperaturas. “Esses mecanismos de formação representam dois regimes climáticos que podem apresentar diferentes cenários de habitabilidade”, indica Jennifer Stern, coautora do projeto. Segundo ela, o ciclo úmido-seco indicaria alternância entre ambientes mais habitáveis e menos habitáveis. As temperaturas criogênicas nas latitudes médias de Marte apontariam um ambiente menos habitável, no qual a maior parte da água está presa no gelo e indisponível para química ou biologia, “e o que está lá é extremamente salgado e desagradável para a vida”, detalhou. Cenários climáticos como esses já haviam sido propostos antes como hipóteses para Marte. Estudos anteriores chegaram a isso com base na presença de certos minerais, modelagem em escala global e identificação de formações rochosas. No entanto, esse resultado é o primeiro a adicionar evidências isotópicas de amostras de rochas.

 


Uma rara sequência de tempestades inundou áreas do deserto do Saara nas últimas semanas, no norte de África, e deixou rios de água em meio às palmeiras e dunas de areia. Em 10 de setembro, ao menos 20 pessoas morreram no Marrocos e na Argélia como consequência das chuvas. A distribuição de água potável e a infraestrutura de estradas e rede elétrica foram danificadas. As chuvas também atingiram algumas das regiões que sofreram um terremoto há um ano, reporta o Deutsche Welle Brasil. O Saara é considerado um dos lugares mais áridos do mundo e raramente recebe chuvas no final do verão. Segundo a representante da Diretoria Geral de Meteorologia do Marrocos, Houssine Youabeb, esse tipo de precipitação não era vista há décadas na região. “Faz 30 a 50 anos que não chove tanto em um espaço de tempo tão curto”, disse. As chuvas, classificadas por meteorologistas como uma tempestade extratropical, podem mudar o curso do clima da região nos próximos meses. Elas fazem com que o ar retenha mais umidade, causando mais evaporação e, consequentemente, mais tempestades, afirmou Youabeb. Em média, o deserto marroquino registra menos de 250 milímetros de chuva por ano. Em algumas regiões, a precipitação não passa de uma dezena de milímetros anualmente. Segundo o governo marroquino, porém, apenas dois dias de chuva em setembro foram suficientes para disparar esta taxa. Em Tagounite, um vilarejo a cerca de 450 quilômetros ao sul da capital, foram registrados mais de 100 milímetros de chuvas em um período de 24 horas. Após as chuvas, a água jorrou pelas areias do Saara em meio a castelos e à flora do deserto. Satélites da Nasa identificaram a formação de rios de água enchendo o Lago Iriqui, que estava seco há 50 anos. A tempestade chega à região após seis anos consecutivos de seca, que forçaram o racionamento de água em diversas regiões do Marrocos. A abundância de chuvas provavelmente ajudará a abastecer os aquíferos subterrâneos, que são usados para fornecer água às comunidades do deserto. Os reservatórios represados da região registraram enchimento a taxas recordes durante todo o mês de setembro. Não está claro, porém, até que ponto as chuvas de setembro ajudarão a aliviar a seca na região.

 


Aqueles tons admiráveis e inesquecíveis de azul e laranja no céu no início e no fim do dia têm um papel essencial na configuração dos relógios biológicos dos humanos. Uma série de problemas de saúde e humor tem sido associada a ritmos circadianos fora de sincronia. Essa assincronia aumenta devido a mudanças sazonais, a falta de exposição à luz natural, a empregos noturnos e até voos através de vários fusos horários. Os ritmos circadianos são treinados e redefinidos todos os dias pelos ciclos solares de 24 horas de luz e escuridão, que estimulam circuitos nos olhos, que, por sua vez, se comunicam com o cérebro. Com essa informação, o cérebro produz melatonina, um hormônio que ajuda os organismos a ficarem sonolentos em sincronia com a noite solar. Pessoas que passam muitas horas diárias em luz artificial geralmente têm ritmos circadianos cuja produção de melatonina fica deficiente. Sabendo disso, Alexandra Neitz e colegas da Universidade de Washington, nos EUA, decidiram construir uma nova luz LED projetada para imitar os padrões de luz do amanhecer e do crepúsculo. Para isso, eles utilizaram vários LEDs, que emitem comprimentos de onda alternados de laranja e azul. A nova lâmpada não consegue imitar a beleza de um crepúsculo, mas o protótipo superou outros dispositivos de luz já disponíveis comercialmente em termos de otimizar o equilíbrio dos níveis de melatonina, criando um meio eficaz de influenciar o ritmo circadiano humano, o que poderá ser usado em múltiplas situações, incluindo lidar com condições médicas, como o transtorno afetivo sazonal. Em termos de mudança da fase na produção de melatonina, o novo dispositivo azul-laranja alternado funcionou melhor do que todos os produtos comerciais com os quais a equipe o comparou, gerando um avanço de fase de 1 hora e 20 minutos – a luz azul produziu um avanço de fase de 40 minutos, enquanto a luz branca de 500 lux provocou um avanço de apenas 2,8 minutos, explica o portal Inovação Tecnológica.

 

09/10

O 39º Congresso Brasileiro de Engenharia Biomédica (CBEB), promovido pela Sociedade Brasileira de Engenharia Biomédica (SBEB), realizou a final nacional do Biochallenge Brasil, competição para desenvolver soluções para problemas da saúde. Com o tema Tecnologias Assistivas, a edição 2024, organizada em setembro no campus da USP de Ribeirão Preto, teve 13 equipes classificadas, que desenvolveram soluções para três categorias: motora, visual e auditiva. Segundo a coordenadora de projetos do Instituto Nacional de Telecomunicações (Inatel), Luma Rissatti Borges do Prado, o objetivo do evento foi integrar e treinar os alunos para disseminar a Engenharia Biomédica e a importância de desenvolver tecnologias para pessoas com deficiência, reporta o Jornal da USP. Na categoria auditiva, o desafio foi criar uma solução assistiva em um aplicativo para permitir que pessoas com perda auditiva consigam detectar sons do cotidiano. O vencedor foi o grupo Inimigos da FFT, que desenvolveu um software com mais de 512 classificações de sons, que ao detectar os barulhos pré-treinados notifica o usuário por meio da tela do computador. Na categoria motora, o desafio foi desenvolver um sistema de controle para um braço robótico, disponibilizado pela organização do Biochallenge. O grupo vencedor, Robio Metal’s Sons, utilizou o sistema de eletromiografia, método de diagnóstico que analisa a atividade elétrica dos músculos e a condução de impulsos nervosos. A equipe colocou eletrodos no braço do operador, que usou os próprios sinais musculares para operar o braço robótico. Na categoria visual, os participantes foram colocados, vendados, em um labirinto para atravessá-lo, apresentando soluções para atender o objetivo com algumas missões durante o percurso. A equipe vencedora desenvolveu uma bengala inteligente para deficientes visuais, equipada com três sensores de ultrassom que auxiliam o usuário a perceber melhor seu entorno. Os desafios e soluções apresentadas convergem para o auxílio a pessoas com deficiência, além do aumento de investimentos na área de tecnologias assistivas. Para o coordenador da Secretaria Nacional dos Direitos da Pessoa com Deficiência, Marcos Pelegrini, é importante a efetivação de investimentos que mudem a vida das pessoas mediante o uso de tecnologias que proporcionem  a autonomia e a independência.

 


O projeto de iniciação científica de Gustavo de Angelo Luca, que cursa Engenharia Agronômica na Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq/USP), foi publicado como artigo na revista European Journal of Agronomy, uma das principais publicações científicas no campo da agronomia mundial. Intitulado Coupling a dynamic epidemiological model into a process-based crop model to simulate climate change effects on soybean target spot disease in Brazil, o trabalho traz contribuições para a compreensão dos impactos das mudanças climáticas na produção de soja no país. “O estudo aborda um dos principais desafios da produção de soja: a mancha-alvo, doença fúngica que afeta as lavouras, quando as condições ambientais são favoráveis para tal”, explicou o estudante. Ele utilizou modelos epidemiológicos dinâmicos acoplados a modelos de simulação de culturas. “Assim conseguimos prever como a doença pode se comportar em cenários futuros de mudanças climáticas, até 2100. Na pesquisa, o Brasil foi dividido em três regiões produtoras de soja, abrangendo oito municípios cada, simulando diferentes cenários de emissões de carbono”, detalhou. Segundo o artigo, embora a produtividade da soja tende a aumentar em todos os cenários e regiões analisadas, a gravidade da mancha-alvo deve se intensificar até 2039. “Contudo, a pesquisa aponta que, após esse período, a severidade da doença pode diminuir gradualmente até o final do século. Isso provavelmente ocorrerá devido ao aumento exacerbado de temperatura e gás carbônico no futuro, que dificulta o desenvolvimento do fungo”, frisou. Entre os cenários analisados, o mais otimista (menores emissões de carbono) apresentou menores perdas relacionadas ao aumento da doença ao longo do tempo, evidenciando que menores aumentos na temperatura global podem agravar os danos causados pela mancha-alvo. Entre as regiões analisadas, a Central apresentará as maiores severidades, justamente no maior foco produtivo de soja. O estudo teve orientação do Fabio Marin, do departamento de Engenharia de Biossistemas da Esalq. “Esse trabalho não apenas coloca o estudante e a Esalq/USP em evidência no cenário internacional, mas também oferece subsídios importantes para a formulação de estratégias de adaptação às mudanças climáticas, com o potencial de proteger uma das culturas mais importantes para a economia brasileira”, ressaltou.

 


A Nasa segue no desenvolvimento de seu novo carro lunar (LTV, na sigla em inglês). Engenheiros desenvolveram a chamada Unidade de Teste Terrestre (GTU) com arquitetura flexível e capacidade de simular diferentes atividades da próxima geração de rovers que auxiliarão os astronautas da missão Artemis V, prevista para ocorrer em março de 2025, relata o AutoEsporte. Em abril, a agência espacial revelou que havia selecionado três empresas (Intuitive Machines, Lunar Outpost e Venturi Astrolab) para trabalhar em conceitos de LTV. Para obter os melhores resultados de suas fornecedoras, a Nasa desenvolveu a Unidade de Teste Terrestre, que ajudará as equipes da agência a testar e compreender os principais aspectos das operações de rover na superfície lunar. “O GTU permite que a Nasa seja uma compradora inteligente, já que poderemos testar e avaliar as operações de rover enquanto trabalhamos com os fornecedores do LTVS e seus equipamentos”, destacou Jeff Somers, líder de Engenharia da Unidade de Teste Terrestre. O protótipo desenvolvido pela Engenharia da agência no Centro Espacial Johnson, em Houston, se limitará a observar a lua de longe. Isso porque a unidade servirá de base para que as companhias continuem a fazer progressos em seus rovers, até que um dos três esteja operacional e seja validado. O veículo tem de suportar as condições do Polo Sul da lua e ter condução autônoma. Os sistemas de navegação e comunicação devem ser altamente precisos e deverão dispor de tecnologias avançadas para gerenciamento de energia. Por meio da GTU, os fornecedores poderão elaborar testes. As empresas serão capazes de desenvolver com maior segurança o design do compartimento da tripulação e tecnologias para manutenção do LTV e outras funcionalidades. O carro lunar que será utilizado pela missão Artemis V tem como objetivo aumentar a capacidade de exploração, realizar o transporte de equipamentos científicos e fazer o recolhimento de amostras. Para ‘evitar a fadiga’ e otimizar processos, o LTV deverá ter capacidade para transportar dois tripulantes. Todas essas vantagens fazem com que as missões passem a ter maior valor para a comunidade científica. “Por meio do programa Artemis, a Nasa enviará astronautas – incluindo a primeira mulher e o primeiro astronauta parceiro internacional – para explorar a lua em busca de descobertas científicas, evolução tecnológica, benefícios econômicos e para construir a base para futuras missões tripuladas a Marte”, enfatizou a agência.

 


Quase sempre que falamos em eletrólitos estamos falando de baterias. De fato, o eletrólito é o sangue que corre nas veias das baterias, levando elementos carregados positivamente (cátions) entre os eletrodos positivo e negativo, começa matéria do site Inovação Tecnológica. Mas esse processo eletroquímico é essencial em uma variedade de outros processos igualmente importantes, e poderia ser muito mais. Poderiam ser usados para a conversão de minérios em metais puros e em ligas metálicas, como o minério de ferro em ferro metálico, aço e outras ligas, promovendo um verdejamento geral da mineração até a siderurgia, por exemplo. Um desafio para tornar isso realidade é que o eletrólito deve permanecer estável sob condições operacionais extremas e evitar reações colaterais que reduzam a eficiência energética do processo. Mas as recompensas são enormes: um processo eletroquímico desses poderia eliminar os altos-fornos intensivos em energia das indústrias metalúrgica e siderúrgica, usados na produção de aço e, assim, reduzir as emissões de gases de efeito estufa. Levantando tudo o que sabemos a esse respeito, Stefan Ilic e colegas do Laboratório Nacional Argonne, nos EUA, identificaram uma abordagem inovadora que permitirá projetar uma nova geração de eletrólitos para quase qualquer processo eletroquímico […] Na maioria dos eletrólitos hoje, o solvente envolve o cátion de trabalho conforme ele se move entre os eletrodos. Nas baterias de íons de lítio, por exemplo, esse cátion seria o lítio, e o ânion seria um fosfato de flúor (PF6). Para projetar novos eletrólitos para diferentes aplicações, os pesquisadores estão tentando parear o cátion de trabalho com um ou mais ânions diferentes no eletrólito – quando os ânions substituem parcial ou totalmente o solvente para cercar o cátion, eles são conhecidos como pares de íons de contato. No entanto, com inúmeros pares de íons de contato possíveis, o desafio agora é identificar a melhor combinação de ânions com cátions de trabalho, e isso deve variar para cada aplicação específica. Os pesquisadores estão trabalhando nisso selecionando experimentos por meio de aprendizado de máquina e inteligência artificial. Como o interesse é eminentemente prático, eles estão procurando especificamente eletrólitos para transformar o minério de ferro em aço.

 

08/10

Pesquisadores da Faculdade de Engenharia Elétrica e de Computação (Feec) da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), em conjunto com especialistas da Padtec, empresa-filha da instituição de ensino, desenvolveram um método para estimar a qualidade da transmissão de sinais em redes de fibra óptica, que proporciona estimativas mais precisas, permitindo otimizar o desempenho da transmissão de sinais, beneficiando operadores e usuários. Segundo o professor da Feec Darli Augusto de Arruda Mello, para se obter estimativas mais exatas, “o novo método, ao contrário dos modelos puramente teóricos, usa medidas da rede real em operação a fim de estimar a qualidade da transmissão de sinais, o que gera informações mais precisas”. A relação sinal/ruído, adotada como parâmetro nesse método, consiste em uma métrica que quantifica a qualidade do sinal transmitido em comparação com o nível de ruído detectado. “A SNR de conexões existentes é um dado que pode ser facilmente obtido a partir da telemetria de uma rede. Com esse método, as estimativas sobre a qualidade dos sinais ficam bem mais exatas e podemos usar margens de segurança mais estreitas, não tão amplas”, afirma Mello. O professor também conta que há vários fatores responsáveis por interferir na exatidão dos cálculos projetados pelos modelos teóricos matemáticos. “Não levam em conta imperfeições físicas na rede, como a atenuação correta das fibras [perda de potência do sinal em virtude da absorção, espalhamento ou curvatura da fibra]. Nosso modelo, baseado em parâmetros reais, contorna essas imperfeições do modelo teórico”, completa. A nova tecnologia, desenvolvida a partir de um projeto de pesquisa e desenvolvimento (P&D), teve o pedido de patente depositado no Instituto Nacional da Propriedade Industrial (Inpi). A Padtec licenciou a tecnologia e trabalha no desenvolvimento do produto para aplicação no mercado. A empresa, sediada no Polo de Alta Tecnologia de Campinas e com mais de 20 anos de atuação, é uma multinacional brasileira especializada em soluções de comunicações ópticas. Destaca-se em um setor no qual, tanto no Brasil quanto no exterior, há uma quantidade relativamente pequena de empresas atuando. Redes de fibra óptica fazem parte do nosso dia a dia. Qualquer tráfego ou bit gerados nos computadores ou smartphones são transmitidos por essas redes. O novo método pode ter aplicação global, pois permite às operadoras otimizar o desempenho de suas redes, onde quer que estejam.

 

A inteligência artificial está transformando a mineração. A ferramenta vem sendo usada para as mais diversas funções. Desde as atividades administrativas, como a geração de relatórios, até as mais delicadas, como aquelas que exigem a exposição de funcionários a situações de risco, como o desmoronamento de uma rocha. “A base de tudo está na capacidade que a inteligência artificial tem de correlacionar dados e apresentar conclusões que ajudam na tomada de decisão. Isso pode ser aplicado em inúmeras frentes”, disse ao NeoFeed Tiago Fontes, diretor de ecossistema e marketing da Huawei do Brasil — a companhia chinesa é uma das maiores fornecedoras de equipamentos para redes e telecomunicações do mundo. Determinadas atividades minerárias oferecem risco, como a operação de veículos gigantescos, a ida a áreas remotas (muito altas ou muito subterrâneas) e o transporte e o manejo de materiais que se contam às toneladas. Agora, essas funções começam a ser realizadas pelas máquinas — ou com o suporte delas. Um exemplo: depois de extraído, o minério precisa passar pelo britador, equipamento gigantesco que quebra o material em pedaços menores, para facilitar o transporte. Embaixo dele, fica outra estrutura, chamada sapata, que recebe essas porções que foram partidas. Faz parte do procedimento normal, entre uma etapa e outra, uma pessoa entrar embaixo da sapata para verificar se as peças estão todas no lugar. “Por mais que isso só seja feito com equipamentos de segurança, existe sempre um risco de acidente”, diz Alexandre Altoé Pigatti, head de inteligência artificial da Vale. Desde 2021, quem realiza essa função é uma câmera de última geração. Programado, o equipamento identifica com acurácia possíveis danos ou erros de ajustes. Quando alguma coisa não está de acordo, a máquina soa uma alarme. Só, então, um funcionário é designado a ir até a sapata para fazer o reparo. Dispositivos que identificam problemas estão entre as primeiras soluções de IA nas minas. Em 2017, a Vale implantou detectores de possíveis danos em pneus fora de estrada, os caminhões enormes que fazem o transporte do material minerado. Indicam, por exemplo, o risco de furo, antes de o pneu furar. Além do gasto com o reparo, o custo de parar a operação é altíssimo. “Hoje, os modelos conseguem predizer um rasgo, por exemplo, com até duas semanas de antecedência”, afirma Pigatti. Atualmente, os caminhões fora de estrada funcionam com diversas outras funções orientadas por IA, como recomendações aos operadores das melhores velocidades por trecho. Assim é possível evitar acidentes, otimizar o consumo de combustível e reduzir as emissões de gases de efeito estufa. A IA também opera para fora das minas. No porto, antes de abastecer um navio, é preciso avaliar a umidade em que o minério que será transportado. Esse procedimento evita que a carga derreta e provoque o afundamento da embarcação durante o trajeto. Antigamente, essa medição era feita em laboratório e a análise podia durar até três horas. Só depois do resultado, a carga era liberada. Desde 2020, o cálculo de umidade é feito por IA, que emite o resultado em minutos, evitando que a operação fique parada. Por hora, são carregadas 16 mil toneladas de minério de ferro. Segundo a Vale, os ganhos com as soluções de IA já ultrapassaram os R$ 300 milhões.

 

A construção da Jeddah Tower, na Arábia Saudita, que alcançará 1 km de altura e se tornará o arranha-céu mais alto do mundo quando concluído, foi retomada quase sete anos depois que o trabalho parou em meio a uma purga anticorrupção em todo o reino, registra a CNN Brasil. O consórcio por trás do projeto anunciou no dia 5 que a torre agora está programada para ser concluída em 2028. O arranha-céu de 1.000 metros estava cerca de um terço concluído quando, em 2017, várias figuras-chave — incluindo os presidentes do principal contratante e de um conglomerado que cofinanciou o projeto — foram detidas na campanha anticorrupção do príncipe herdeiro Mohammed bin Salman, que levou centenas de pessoas a serem interrogadas sob acusações. O novo contrato do Saudi Binladen Group é no valor de US$ 1,9 bilhão, dos quais US$ 290 milhões já foram pagos por trabalhos concluídos. Atualmente, 63 dos 157 andares da torre foram construídos. Embora a cerimônia do dia 5 tenha marcado o primeiro anúncio oficial de que a construção está sendo retomada, imagens de satélite fornecidas à Newsweek pela empresa americana Maxar Technologies, há dois meses, sugeriram que o trabalho já estava ocorrendo no local. O arranha-céu será cerca de 152 metros mais alto que o Burj Khalifa, atualmente o edifício mais alto do mundo. Com vista para o Mar Vermelho, na capital comercial da Arábia Saudita, Jeddah, espera-se que o prédio tenha espaço para escritórios, varejo e residências. Os planos originais, apresentados pela primeira vez em 2011, incluíam um hotel, um shopping center e o deck de observação mais alto do mundo. A torre foi projetada pelo arquiteto americano Adrian Smith, que usou a planta ‘em três pétalas’ e a forma aerodinâmica afinada do edifício para superar os enormes desafios técnicos de construir em tais alturas. Os planos também incluem 59 elevadores diferentes.

 

Os carrinhos tradicionais de supermercados costumam ter alguns problemas, como rodas presas e dificuldade para fazer curvas, o que atrapalha a experiência de compra. Mas pesquisadores da Universidade Nacional de Ciência e Tecnologia de Seul, da Coreia do Sul, querem mudar isso. Eles desenvolveram o Palletrone, um carrinho voador que utiliza tecnologia de drones e sistemas avançados de controle de voo para mantê-lo estável. O dispositivo também é equipado com multirotores e uma gaiola protetora, e pode até subir escadas. Matéria da Época Negócios feita com base em reportagem da Fox News deu detalhes sobre o seu funcionamento: o operador segura a alça do modelo, que é semelhante aos dos carrinhos atuais e, então, aplica força na direção desejada. Os sistemas inteligentes traduzem esses movimentos em trajetórias de voo, mantendo a plataforma nivelada. O Palletrone tem grande potencial para ser utilizado em setores de compras, logística e armazenamento. Também poderia servir como um transportador de material de escritório ou mesmo como uma plataforma de câmera voadora para cineastas que buscam ângulos de filmagem flexíveis. Apesar disso, a Fox News destaca que ele tem algumas desvantagens em sua forma atual. Uma delas é o ruído gerado pelos motores do drone. Outras são a capacidade de carga limitada, de cerca de 2,95 quilos, e o tempo de voo restrito devido à duração da bateria. Mas, com o avanço tecnológico, esses desafios são possíveis de serem superados e, no futuro, carrinhos voadores talvez se tornem uma realidade comum no nosso dia a dia.

 

07/10

O Modelo para Previsões de Oceano, Terra e Atmosfera (MONAN), criado pela comunidade científica brasileira, demonstrou seu potencial ao prever com precisão a formação, trajetória e dissipação do furacão Helene, que atingiu o continente dos EUA na semana passada. A tecnologia é liderada pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), vinculado ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), e promete transformar a forma como eventos climáticos extremos são antecipados, tanto no Brasil quanto globalmente, reporta o Terra. O furacão Helene, classificado como categoria 4, registrou ventos de 140 km/h, se formou sobre o Golfo do México de atingiu a Flórida, Geórgia, Virgínia e Carolina do Norte, deixando milhões de pessoas sem eletricidade e resultando em 160 mortes. Segundo o pesquisador Saulo Freitas, chefe da Divisão de Modelagem Numérica do Sistema Terrestre do Inpe e líder do projeto MONAN, a capacidade de prever com precisão furacões como o Helene é um marco importante para o modelo, que ainda está em fase de testes. “Estamos avaliando a capacidade de simular eventos extremos. Furacões são os sistemas meteorológicos mais severos e difíceis de simular. Assim, é um excelente teste para avaliar a dinâmica e a física do modelo”, explicou Freitas. A previsão do furacão Helene, feita em duas resoluções espaciais (15 km e 30 km), destacou a eficiência do modelo ao simular fenômenos complexos. Embora ainda não esteja em operação plena, o MONAN entrará em uma fase avançada de testes com o apoio de um novo supercomputador a ser implementado nos próximos meses. Além de prever eventos extremos, o MONAN tem como foco as condições climáticas do Brasil, buscando melhorar a precisão das previsões meteorológicas em áreas tropicais e subtropicais da América do Sul. “A relação está em avaliar o modelo físico e o grau de realismo ao simular sistemas complexos e altamente não lineares, como um furacão”, ressaltou Freitas. O desenvolvimento do MONAN coloca o Brasil em uma posição de destaque no cenário internacional de previsão climática. O modelo foi capaz de identificar e prever ciclones tropicais formados sobre as águas quentes do Atlântico, que podem evoluir para furacões de alta energia, como o Helene. Com a temporada de furacões do Atlântico Norte prevista para durar até novembro, o MONAN continuará sendo testado para refinar suas capacidades de previsão.

 

Shell, Raízen e Senai vão investir R$ 120 milhões na construção de um Centro de Bioenergia, em Piracicaba, para o desenvolvimento de soluções de descarbonização a partir da cana-de-açúcar. O objetivo é acelerar os projetos voltados para transição energética e escalar a produção de etanol de segunda geração (E2G), tecnologia brasileira que tem um “mercado imenso”, disseram executivos envolvidos no projeto, registra o NovaCana. Nos cinco anos iniciais, as pesquisas vão priorizar ganhos de eficiência e sustentabilidade no processo de produção do E2G, atualmente já produzido em escala comercial no país em duas plantas da Raízen. Outras sete unidades estão em estágio de construção, das quais cinco em São Paulo: Univalem (Valparaíso); Barra (Barra Bonita); Vale do Rosário (Morro Agudo); Gasa (Andradina); e Tarumã; fora Caarapó (MS) e Jataí (GO). A previsão é de que o Centro fique pronto em 2026 e conte com laboratório e plantas piloto projetados para mimetizar operações industriais. Para Ricardo Mussa, presidente da Raízen, a decisão da construção do Centro visa a avançar na produção de E2G e demais produtos que serão utilizados no futuro, atrás da maior eficiência e redução de emissões. “Quando eu tenho de fazer esse tipo de teste em uma planta de escala industrial, é muito complexo. Então, aqui [o Centro] é um marco muito importante para o Brasil manter a liderança nessa tecnologia”, disse Mussa, citando o potencial para avançar em pesquisas para reduzir o consumo de enzimas, reaproveitar subprodutos, entre outras soluções. O etanol de segunda geração é produzido a partir do bagaço da cana de açúcar após a produção do etanol, por isso é considerado um combustível ainda mais sustentável do que o original. Segundo Mussa, a demanda já ultrapassa a produção de E2G da Raízen. O novo combustível emite 30% a menos gases de efeito estufa (GEE) do que o etanol de primeira geração (E1G) e 80% menos do que a gasolina. “Quando você põe o etanol de segunda geração em uma planta de cana-de-açúcar, você aumenta em 50% a sua produção de etanol, sem precisar de um pé de cana a mais. Então, não tem nada mais sustentável que você fazer de um resíduo [bagaço da cana] um produto que tem uma pegada de carbono muito baixa”, frisou Mussa. Segundo ele, o Brasil já é o maior produtor mundial de etanol de segunda geração e deve se firmar na liderança. “Vai ser um grande exportador, e não só do produto, mas espera também exportar a tecnologia”, aposta. Boa parte da biomassa proveniente da cana-de-açúcar é destinada para gerar vapor às usinas. O papel do Senai será organizar a complexidade do desenvolvimento tecnológico das pesquisas, investir e organizar a infraestrutura, além de orquestrar as diversas disciplinas e tecnologias necessárias para desenvolver esse ‘gap’ tecnológico, informou o gerente do Distrito Tecnológico do Senai-SP, Fabricio Lopes. “Há uma complexidade em desenvolver o etanol de segunda geração. Exige múltiplos conhecimentos, não só no pré-processamento da biomassa, mas também na parte da fermentação, conhecimento em materiais”, disse Lopes. Para o vice-presidente Shell para América Latina, Lauran Wetemans, “o carro elétrico do Brasil se chama etanol”. Além do setor automotivo, ele vê espaço para o uso do etanol nos setores bioquímico, de bebidas, do bioplástico e para o Sustainable Aviation Fuel (SAF).

 

A Electra, companhia com foco em aviação sustentável, demonstrou a capacidade de decolagem e pouso de seu protótipo de aeronave híbrida-elétrica Ultra Short Takeoff and Landing (eSTOL) para o Exército dos EUA. Projetada para operar em locais sem pistas adequadas, a aeronave ganhou destaque após os estragos causados pelo furacão Helene na Carolina do Norte, que evidenciaram a necessidade de voos em áreas limitadas, reporta o Olhar Digital. O Ultra Short, desenvolvido em colaboração com a Força Aérea dos EUA, pode operar em espaços pequenos, de 91,4 m x 30,4 m, como campos de futebol, tornando-se alternativa eficiente a helicópteros, com menor custo e sem necessidade de piloto especializado. Com configuração que lembra avião particular e oito motores elétricos, a aeronave alcança velocidade de cruzeiro de cerca de 322 km/h e alcance de 805 km, utilizando bateria de lítio e gerador de turbina para otimizar a eficiência. Durante um voo de demonstração, o piloto de testes da Electra, Cody Allee, executou manobras em baixa altitude e velocidade, essenciais para operações militares. A Electra mostrou que o Ultra Short pode funcionar como estação de energia móvel, fornecendo mais de 600 kW de energia contínua. JP Stewart, vice-presidente da Electra, ressaltou que o Ultra Short permite operações em locais remotos e com custos 70% menores, além de oferecer novo nível de capacidade e eficiência energética para logística de defesa.

 

As cloud forests são conhecidas como florestas nebulares ou florestas de neblina. São ecossistemas raros e únicos, representando apenas 1% das florestas globais, situados principalmente em regiões montanhosas onde as condições permitem a formação de neblina. No Brasil, são encontradas na Serra do Mar, uma cadeia de montanhas que se estende por 1.500 km no sudeste do País, paralelamente ao Oceano Atlântico. A proximidade com o oceano faz com que o ar úmido evapore, suba com as correntes de vento e, ao atingir as encostas das montanhas, se condense e forme nuvens, criando um ambiente perpetuamente úmido. A Serra da Mantiqueira é outra cadeia de montanhas, que abrange São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro, e também proporciona condições para a formação dessas florestas úmidas e ricas em biodiversidade. As cloud forests são objeto de pesquisa da professora Kelly Tonello, do Departamento de Ciências Ambientais do Campus Sorocaba da UFSCar. De acordo com Kelly Tonello, essas florestas têm papel vital na regulação do ciclo hidrológico regional. As florestas nebulares recebem água não apenas da precipitação direta, mas também da captação de umidade da neblina, um processo conhecido como precipitação horizontal. Isso significa que, além da chuva, a neblina que envolve essas áreas contribui para o balanço hídrico, garantindo a alta umidade e sustentando a vegetação e a biodiversidade local. “Essa entrada de água via neblina é crucial para a manutenção das características únicas desses ecossistemas. O nível elevado de umidade favorece uma biodiversidade rica, especialmente de epífitas, como briófitas e líquens, que absorvem umidade e nutrientes diretamente do ar. Muitos organismos presentes são endêmicos, ou seja, só existem ali, o que faz dessas florestas locais importantes para a biodiversidade e para a estabilidade ecológica”, descreve a professora da UFSCar. A pesquisa é concentrada nas florestas nebulares brasileiras, especialmente na região da Serra do Mar e Mantiqueira, em São Paulo. Os estudos buscam compreender os serviços eco-hidrológicos dessas florestas, com foco na repartição de chuva, capacidade de retenção de água pelas briófitas (pequenas plantas como musgos, hepáticas e antóceros abundantes nos troncos das árvores, folhas, solo e rochas) e na fixação de nitrogênio, além de investigar os impactos das mudanças climáticas nesses ecossistemas. Os estudos já realizados identificaram que as briófitas desempenham um papel fundamental na retenção de água, ajudando a manter o ambiente úmido durante todo o ano, mesmo em períodos de menor precipitação. O projeto tem a parceria com o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), Instituto de Pesquisas Ambientais (IPA), Universidade de Hamburg, Cleveland State University, Adam Mickiewicz University e Universidade de Copenhagen, onde Kelly Tonello esteve para troca de conhecimentos e experiências. A colaboração inclui ações como trabalho de campo conjunto, intercâmbios acadêmicos e desenvolvimento de novas metodologias. 

 

A Latam entra para a pequena lista de companhias aéreas que estão investindo na tecnologia inspirada na pele de tubarão. A empresa anunciou o investimento no processo AeroSHARK, que utiliza milhões de escamas que permitem reduzir a fricção da fuselagem e diminuir a emissão de CO₂. Desenvolvida pela Lufthansa Technik e Basf, o produto está sendo instalado em aviões Boeing 777 do grupo, na expectativa de reduzir o consumo de combustível em aproximadamente 1% e reduzir a emissão de 6 mil toneladas de CO₂ por ano, reporta a Época Negócios. Em dezembro de 2023, a Latam teve seu primeiro Boeing 777-300ER equipado com o revestimento de superfície biônica da Lufthansa Technik, em São Paulo. Com os bons resultados, o grupo decidiu instalar a tecnologia em mais quatro aviões. A tecnologia AeroSHARK se baseia nas escamas da pele dos tubarões, conhecidas como dentículos dérmicos, que otimizam o fluxo de água ao redor do corpo do peixe, reduzindo o arrasto. A mesma lógica está sendo aplicada ao design de aeronaves, utilizando uma película com microestruturas que imitam essas escamas para melhorar a dinâmica do ar em torno das fuselagens e asas. Essas microestruturas medem aproximadamente 50 micrômetros de altura, com o objetivo de reduzir o arrasto aerodinâmico e as turbulências, permitindo que as aeronaves consumam menos combustível durante os voos. Estima-se que a tecnologia possa gerar uma economia de 1¢ a 3% no consumo de combustível por viagem. Desde a implementação em 2021, o AeroSHARK foi adotado pela companhia aérea SWISS na sua frota de Boeing 777. A instalação da película é um processo considerado relativamente simples, concentrando-se nas áreas da fuselagem e asas onde a eficiência de voo é mais crítica. Essa abordagem deve facilitar a adoção da tecnologia e garante que as melhorias de desempenho possam ser rapidamente incorporadas nas frotas existentes. Para a frota de Boeing 777-300ER do grupo Latam, a economia anual esperada é de cerca de 2.000 toneladas de querosene e uma redução aproximada de 6.000 toneladas de emissões de CO₂ uma vez que todos os aviões estejam com a tecnologia, o que equivale aproximadamente a 28 voos programados de São Paulo a Miami em um Boeing 777.

 

Um desenvolvedor brasileiro criou um app para auxiliar pessoas cegas a identificar remédios. Batizado de Amynk, o app foi criado inicialmente para Android e utiliza inteligência artificial do Gemini para ler as embalagens de medicamentos a partir da câmera do celular. Seu criador é Bruno Moura, que trabalha como líder de dados na rede Droga Raia e Drogasil. As ações do app são coordenadas por comando de voz, incluindo a abertura da câmera. E as respostas com as informações sobre o remédio também são por voz. O app funciona com médicos do mundo inteiro e fala na língua em que o smartphone estiver configurado. Está no roadmap permitir também o reconhecimento das cartelas dos remédios. “Configurei um prompt para que o Gemini atue como um especialista farmacêutico. Uma vez reconhecido o medicamento, ele fala as informações mais importantes: nome; para que serve; posologia; efeitos colaterais; precauções; e recomendações médicas no final. Fechei o prompt para que retornasse apenas esse conjunto de informações”, explicou Moura ao Mobile Time. A ideia veio depois que ele escutou em um podcast um projeto parecido feito por uma estudante da Paraíba, mas que não usava reconhecimento de voz. O Amynk ainda não está disponível para download nas lojas de aplicativos. Ele foi desenvolvido para concorrer a um prêmio internacional do Google para soluções que usam o Gemini. Bruno Moura pretende lançar o app gratuitamente até o fim do ano, mas precisa de parceiros para dar conta dos custos. Para evitar a cobrança por requisições, poderia usar algum modelo multimodal gratuito – mas ainda seria necessário arcar com os custos do servidor.

 

A Companhia Brasileira de Metalurgia e Mineração (CBMM), que atua na produção e comercialização de produtos de nióbio, firmou parceria com a Ultragaz para substituir os combustíveis fósseis utilizados em seu complexo industrial por um combustível de base vegetal, o BioGLP, que é feito a partir de óleo de soja e que se configura como alternativa mais sustentável. Esse combustível destaca-se pela capacidade de fornecer energia de maneira eficiente, podendo reduzir em até 80% as emissões de carbono, quando comparado com outros combustíveis fósseis, como o carvão, contribuindo para soluções de transição energética e descarbonização, reporta o Ipesi. Em 2023, 50% das emissões diretas (escopo 1) da CBMM, eram provenientes da queima de combustíveis fósseis gasosos. Após o mapeamento das principais fontes de emissões, a companhia tem buscado alternativas mais sustentáveis para adoção no processo industrial. A CBMM produz e comercializa produtos de nióbio, que estão conectados com a agenda global de sustentabilidade e que contribuem com menor pegada de carbono. A empresa se comprometeu a neutralizar as emissões de CO2 (escopos 1 e 2) no complexo industrial até 2040. “Esperamos concluir o processo de neutralização de nossas emissões nos escopos 1 e 2 atuais até o ano de 2040, dada a importância e urgência da agenda climática e transição energética”, afirma Tiago Ramos Ribeiro, gerente de desenvolvimento de processos e produtos. Em 2023, a Ultragaz adquiriu o primeiro lote de BioGLP do país, composto por 140 toneladas do produto. Desse montante, a CBMM adquiriu cerca de 60 toneladas, já utilizadas em caráter de teste para a produção de óxido de nióbio e da liga ferronióbio (FeNb). Os resultados iniciais dos testes com o novo combustível foram promissores, posicionando o BioGLP como um potencial substituto do GLP de origem fóssil. “O pioneirismo do BioGLP reflete o propósito da companhia de levar inovação ao mercado e apoiar a jornada de descarbonização dos clientes”, frisou Erik Trench, diretor de gases renováveis.

 

Sete anos após lançar o Super Cruise, que permite ao motorista dirigir sem as mãos, a General Motors (GM) tenta avançar ainda mais: a montadora está trabalhando em um sistema que permite também tirar os olhos da estrada, relata o Olhar Digital. O sistema, conhecido na indústria automobilística como Nível 3 (L3), é diferente dos modelos operados pela Waymo (L4), que não necessitam de nenhum tipo de intervenção humana. O sistema L3 depende de intervenção humana, se necessário, e costuma operar em rodovias e em velocidades menores. Contudo, esse sistema, conhecido como ‘hands-off, eyes-off’, deixaria as montadoras concorrentes da GM que possuem sistemas autônomos para trás – até mesmo a Tesla. A fabricante de veículos elétricos de Elon Musk desenvolveu o já bem conhecido Autopilot. Porém, esse carro automatiza somente parte da direção e exige que o motorista fique de olho na via, por isso é considerado L2, nível menos avançado do que o sistema que a GM trabalha para lançar. O próprio Super Cruise, bem como o Blue Cruise, da Ford, são sistemas equivalentes ao da Tesla. Nos EUA, apenas uma montadora oferece um sistema limitado de controle remoto: a alemã Mercedes-Benz, com o Drive Pilot. “O Super Cruise é uma solução L2, líder do setor. Estamos buscando fazer disso uma solução L3, no qual você não precisa mais olhar para a estrada”, disse Dave Richardson, vice-presidente de Engenharia de Software e Serviços da GM. O Super Cruise combina mapa LiDAR, GPS de alta precisão, câmeras e sensores de radar e sistema de atenção ao motorista, que fica de olho em quem está no volante para mantê-lo atento na estrada. Uma vez ativado, o sistema acelera ou freia para manter uma distância segura do veículo à frente, esterça o volante para manter a posição na faixa e muda automaticamente de faixa quando encara tráfego lento. Lançado em 2017, foi o primeiro sistema ‘Advanced Driver Assistance Systems’ (ADAS, na sigla em inglês) que deixava o usuário de mãos livres a ser disponibilizado no mercado. Até 2020, o Super Cruise foi disponibilizado apenas no Cadillac CT6. Atualmente, está em marcas da GM como Chevrolet e GMC. Apesar de já estar em produção, o novo sistema L3 da GM não tem data para ser lançado. Contratações da GM indicam intensificação de esforços para desenvolver o sistema. Anantha Kancherla, vice-presidente de ADAS, tem longa trajetória no Vale do Silício, com passagens por Meta, Microsoft e Dropbox. Além disso, trabalhou cinco anos como vice-presidente de Engenharia de Software na unidade de veículos autônomos da Lyft, posteriormente vendida para a Toyota.

 

 

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