Área Tecnológica na Mídia – 24/06/2024 a 28/06/2024
28 de junho de 2024, às 11h15 - Tempo de leitura aproximado: 29 minutos
28 /06
O Brasil contabiliza 480 milhões de aparelhos eletrônicos ativos, tanto para uso corporativo quanto pessoal, conforme a 35ª edição da Pesquisa Anual do FGVcia sobre o Mercado Brasileiro de TI e Uso nas Empresas. Esse número inclui computadores, tablets e smartphones. Atualmente, o Brasil possui uma média de 2,2 dispositivos digitais por habitante, sendo que os smartphones são os mais comuns, totalizando 258 milhões de dispositivos (1,2 por habitante). Em comparação, para cada televisão vendida, três celulares são comercializados. A pesquisa também revela que existem 384 milhões de gadgets móveis (notebooks e tablets) no país, representando uma média de 1,8 por pessoa. No entanto, a quantidade de computadores (desktops, notebooks e tablets) em uso é de 222 milhões, uma média de um por pessoa. Diferentemente dos smartphones, que dominam o mercado, a venda de computadores tem caído, com uma redução de 3% em 2023, totalizando 12 milhões de unidades a menos. A expectativa é que a compra de notebooks cresça em 2024, mantendo o total estável. O domínio dos smartphones é atribuído à sua crescente tecnologia, permitindo a realização de funções que antes eram exclusivas dos computadores, destaca o Olhar Digital.
O município de Santo Antônio da Alegria, em São Paulo, lançou a primeira criptomoeda municipal do Brasil, denominada “Alegria”, em parceria com as empresas C9 Tech, Tanssi, Polkadot, ICT Inova Brasil e com apoio da Associação Brasileira de Municípios e da DINAMO Networks. Esta criptomoeda visa modernizar o pagamento de benefícios sociais, começando com vale-refeição para funcionários municipais, com planos de expansão para todos os cidadãos. A “Alegria” utilizará uma solução integrada com máquinas POS, celulares com NFC e cartões físicos com carteira Web3, eliminando a necessidade de intermediários como bancos, explica o Exame. O CEO da C9 Tech, Thiago Chaves Ribeiro, destacou que a tecnologia blockchain garantirá mais transparência, segurança e eficiência. O ecossistema da criptomoeda será dinâmico e adaptável, conforme afirmou Gabriel Bonugli da Polkadot, oferecendo conexão com outras redes públicas e privadas. Atualmente, não há leis específicas proibindo ou liberando a criação de criptomoedas municipais, mas um projeto de lei aprovado pela Comissão de Desenvolvimento Econômico da Câmara dos Deputados regulamenta a emissão de moedas sociais desde que sejam criptomoedas em blockchain autorizadas pelo Banco Central e indexadas ao real. O ex-deputado Caio Vianna enfatizou que a confiança dos usuários é crucial para o sucesso de qualquer moeda social.
O conceito de cidade inteligente, que visa conectar soluções tecnológicas às atividades diárias para aumentar o bem-estar da população e promover a sustentabilidade, ainda é pouco conhecido pela maioria das pessoas. A mais nova dessas cidades está sendo lançada na província de Susono, no Japão, pela montadora Toyota e será chamada de Woven City. Prevista para iniciar operações no segundo semestre deste ano, inicialmente terá cerca de 2 mil habitantes, a maioria funcionários da Toyota e seus familiares. A Woven City funcionará como um laboratório vivo, explorando a convivência de habitantes urbanos com veículos autônomos, robôs, energia limpa e inteligência artificial. A proposta da Woven City é que pessoas, edifícios e veículos se comuniquem por meio de dados em tempo real e sensores. As entregas serão realizadas por robôs monitorados por smartphones, e dentro das casas, robôs e IA ajudarão em tarefas cotidianas. A cidade será abastecida por células de hidrogênio e painéis solares, e todos os edifícios terão sensores para monitoramento da saúde dos residentes. Utilizando madeira tradicional japonesa para reduzir o impacto ambiental, a cidade alia tradição e tecnologia. A Toyota, em referência à sua origem como fabricante de teares automáticos, projetou um sistema de mobilidade inovador com três tipos de vias para diferentes tipos de veículos e pedestres, e todos os veículos serão elétricos, com zero emissão de poluentes, descreve o Olhar Digital.
27 /06
O uso sem cuidados de agrotóxicos é a principal causa de mortes das abelhas, que chegam a atingir meio bilhão de insetos por ano. Responsáveis pela polinização de mais de 90% das plantas nativas e 75% das lavouras, as abelhas se tornaram um novo negócio para startups, que vem criando tecnologias para sua conservação. A GeoApis, de Piracicaba, desenvolveu uma plataforma com o objetivo de apaziguar as relações entre produtores rurais e criadores de abelhas, que utiliza georreferenciamento para fazer o diagnóstico dos territórios onde estão as lavouras e as colmeias. Quando o produtor rural faz algum manejo envolvendo produtos químicos, um alerta é emitido aos apiários e meliponários num raio de até 6 km no entorno, de modo que os criadores possam proteger as abelhas do risco de contato, reporta Época Negócios. A ideia surgiu a partir de um diagnóstico de campo realizado em 2014 pela engenheira agrônoma Elaine Bassi a pedido de uma empresa de defensivos químicos, que buscava entender a relação entre os produtos e a mortandade das abelhas. Logo percebeu que havia demanda por parte de outras empresas, e levou o projeto, que viria a ser o embrião da startup, para a Associação Brasileira de Estudos das Abelhas, onde ficou incubado. A Associação se tornou o ‘cliente anjo’ da GeoApis, impulsionando a demanda pelos serviços pelo boca a boca, o que surpreendeu a empreendedora. “Vi que o agronegócio precisava de uma consultoria altamente especializada em abelhas, que construísse tecnologias e pontes para uma convivência harmoniosa”, diz Elaine Bassi. Nos últimos cinco anos, a startup saiu de uma área monitorada piloto de 1.000 hectares para 600 mil hectares, especialmente nas culturas de soja e cana-de-açúcar em São Paulo, Minas Gerais, Goiás, Mato Grosso do Sul, Paraná e Rio Grande do Sul. No interior de São Paulo, a tecnologia chamou a atenção de usinas de açúcar e etanol, que têm desenvolvido projetos para monitorar e frear perdas de abelhas – o grupo São Martinho foi uma das primeiras empresas do setor a fechar contrato com a GeoApis, dando origem ao Projeto Abelhas, que monitora as áreas vizinhas às lavouras nas usinas do grupo, num total de 313 mil hectares.
A UFSCar desenvolverá nos próximos três anos dois projetos de pesquisa voltados à expansão do conhecimento sobre o papel da biodiversidade na transição para a sustentabilidade dos sistemas socioecológicos, ou seja, que envolvem seres humanos e o ambiente natural. As propostas, envolvendo cientistas dos quatro campi da Universidade, estão entre as 12 aprovadas em edital do programa Biota, da Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo), com o tema específico ‘Transformação – Promovendo transições para a sustentabilidade’. Um dos projetos integra as ações do grupo de trabalho temático (GTT) Biodiversidade para o Futuro, vinculado ao Instituto de Estudos Avançados e Estratégicos (IEAE) da UFSCar. A proposta é coordenada por Angélica Penteado Dias, docente no Departamento de Ecologia e Biologia Evolutiva (DEBE) e integrante do GTT. A segunda proposta da UFSCar contemplada é coordenada por Debora Cristina Rother, do Centro de Ciências da Natureza (CCN), no Campus Lagoa do Sino. O projeto é voltado à busca de estratégias de manejo de paisagens multifuncionais para a conservação da biodiversidade e de serviços ecossistêmicos relacionados ao controle de pragas nos agroecossistemas. “Nossa proposta se alinha com a chamada da Fapesp por sua natureza de coconstrução e coprodução de estratégias para manejar Áreas de Preservação Permanente, visando a torná-las biofábricas para prover, sustentar e ampliar as populações de espécies controladoras de pragas”, destaca Debora Rother, elencando uma das prioridades da chamada do Biota, o trabalho conjunto de cientistas com outros atores e grupos sociais.
A Engenharia Logística combina conhecimentos científicos, econômicos, sociais e práticos para aprimorar a eficiência logística. Desde a recepção de matérias-primas até a entrega de produtos ao consumidor final, busca otimizar cada etapa do processo, destaca Engenharia 360. É uma área que ajuda a desenhar processos logísticos, tecnológicos e de infraestrutura com o objetivo de oferecer suporte a um gerenciamento mais eficaz, de ponta a ponta. Aplica conhecimentos de diversas áreas para criar, manter e aprimorar estruturas, máquinas, sistemas, materiais, processos e aparelhos relacionados à logística. Os profissionais de Engenharia Logística realizam estudos detalhados sobre os métodos de trabalho em empresas, identificando pontos de melhoria e propondo soluções para otimização dos processos logísticos. Isso inclui desde mudanças simples na rotina até a implementação de grandes projetos, como a escolha da localização ideal para Centros de Distribuição. Para ser bem-sucedida, depende da colaboração entre diversos atores da cadeia de abastecimento, incluindo gestores, clientes, fornecedores e operadores logísticos. Essa cooperação garante que as soluções desenvolvidas sejam eficazes e bem implementadas. Com a ajuda da Engenharia Logística, os gestores podem fazer escolhas sobre a operação da empresa, desde a definição de horários de processos até a localização de novos CDs. Ao estruturar processos, a Engenharia Logística promove uma cultura de inovação e melhoria contínua. Isso permite que funcionários de diferentes áreas sugiram novas ideias para aprimorar a logística, fortalecendo a competitividade e a inovação internas.
26 /06
A ideia de um túnel ferroviário submarino ligando Dubai a Mumbai foi apresentada pela primeira vez durante o Conclave Índia-EAU em Abu Dhabi, em 2018. Abdullah Ali, diretor-gerente do National Advisor Bureau Limited, revelou os planos para conectar Dubai a Mumbai por meio de trens flutuantes de alta velocidade. O voo de Mumbai para Dubai leva pouco mais de 3 horas, sem contar os procedimentos aeroportuários. Com o novo túnel, espera-se reduzir pelo menos 1 hora de viagem, com trens viajando a até 1.000 km/h. Além de transportar passageiros, o túnel facilitará o comércio entre os dois países, permitindo a exportação de petróleo e gás dos Emirados Árabes Unidos (EAU) para a Índia e a importação de água doce do rio Narmada para os EAU, reporta Click Petróleo e Gás. O plano é instalar dois enormes tubos de concreto curvos no mar Arábico. Esses tubos flutuantes serão à prova d’água e ancorados por pontões industriais para estabilidade. Além dos trilhos, os tubos conterão dutos para transporte de gás, petróleo e água entre Dubai e Mumbai. A ideia inclui janelas transparentes para que os passageiros possam apreciar a vista submarina. Dentro dos tubos, os trens vão operar em um vácuo completo, utilizando tecnologia de levitação magnética (maglev). Os trens maglev usam eletroímãs para elevar o trem do trilho e propulsioná-lo para frente, alcançando velocidades de até 600 km/h, de forma teórica. Se isso será possível na prática, ainda é incerto. O projeto é ousado, mas não será o primeiro túnel ferroviário submarino do mundo. O Túnel da Mancha, que conecta o Reino Unido à França, está em operação desde 1994. No entanto, o túnel Dubai-Mumbai será único por oferecer vistas subaquáticas por meio de janelas transparentes. A construção do túnel será um desafio da Engenharia e exigirá investimento de bilhões de dólares.
Cientistas russos da Universidade Estadual de Novosibirsk e do Centro Científico de Virologia e Biotecnologia Vector da Rospotrebnadzor desenvolveram a primeira tecnologia na Rússia para limpar poços de petróleo utilizando bactérias. A inovação promete mudar a forma como a indústria petrolífera lida com a limpeza e manutenção dos poços de petróleo, destaca Petrosolgas. O Centro de Transferência de Tecnologia e Comercialização da Universidade de Novosibirsk desenvolveu um método microbiológico para limpar poços de petróleo dos depósitos de asfalto, resina e parafina que se formam durante a operação. Esse método utiliza bactérias capazes de degradar o petróleo. Os cientistas isolaram microorganismos de solos contaminados pelo material em regiões produtoras de petróleo, como os distritos autônomos de Khanty-Mansi e Yamalo-Nenets, na Sibéria. Foram selecionadas cepas com alta capacidade de degradação de petróleo e uma taxa de crescimento relativamente alta. O processo de limpeza dos poços de petróleo é realizado usando concentrados que contêm essas cepas. Andrei Savchenko, vice-diretor do Centro de Transferência de Tecnologia e Comercialização, explicou que o concentrado com as bactérias é injetado no poço, e circula devido ao funcionamento da bomba. As bactérias se espalham e começam a decompor os depósitos existentes, limpando todos os componentes do poço de petróleo. Esse método elimina a necessidade de desligar os poços por longos períodos e realizar processos trabalhosos e caros de extração de equipamentos e limpeza subsequentes. As bactérias são aeróbicas (necessitam de oxigênio). QWuando não são mais necessárias, o líquido no poço pode ser purificado com o suprimento de ar por um tempo. Para maior eficiência, os cientistas desenvolveram um método para saturar o líquido no poço com ar em frequências específicas. Isso garante a vitalidade das bactérias e sua penetração em todos os elementos do poço, além de criar oscilações no líquido que ajudam na remoção dos depósitos.
Um dos grandes desafios da área de fotônica, a ciência da geração, emissão, transmissão, modulação, processamento, amplificação e detecção da luz, é conseguir fontes luminosas que sejam de fácil integração em chips de silício. Um grupo de pesquisadores do Departamento de Engenharia Elétrica e de Computação da Escola de Engenharia de São Carlos (EESC) da USP, em parceria com as Universidades de York, na Inglaterra, e de Cornell, nos EUA, tem investido no uso de materiais capazes de potencializar a luminosidade, permitindo o aumento da potência de lasers. Essas fontes de luz poderão ser usadas em tecnologias vestíveis, com aplicações nas áreas de entretenimento e medicina, relata o Jornal da USP. Os achados do trabalho acabam de ser divulgados na revista científica ACS Nano. O professor da EESC Emiliano Martins e o doutorando Guilherme Arruda integram a equipe. “Todo laser precisa de um mecanismo de captura da luz, onde fica circulando e ganhando energia, um espaço chamado de cavidade”, explica Martins. “Em lasers baseados em materiais bidimensionais, essa energia da luz emitida é pequena. foco do nosso trabalho foi arrumar mecanismos que potencializassem essa emissão”, detalhou. A proposta foi utilizar metassuperfícies como cavidade. “Metassuperfícies são uma nova classe de materiais ultrafinos. São cerca de mil vezes mais finos que um fio de cabelo e conseguem capturar e controlar a luz. Materiais bidimensionais são ainda mais finos, com espessura consistindo em apenas algumas camadas de átomos. O exemplo mais conhecido é o grafeno, mas utilizamos outro tipo de material bidimensional, o Transition Metal Dichalcogenides (TMD, na sigla em inglês)”, frisou. Com ajuda de uma metassuperfície de dupla ressonância, a equipe conseguiu extrair energia suficiente para fazer todas as caracterizações que comprovam que a emissão luminosa é de um laser. “A ressonância cumpre o papel de cavidade. Adicionamos uma segunda ressonância, uma nova cavidade para, além da luz emitida, aprisionarmos a luz de bombeio, o que possibilitou aumento da eficiência do laser”, destacou Martins. O aumento na potência da luz permitiu aos pesquisadores fazerem uma medida completa das características do laser, como o grau de coerência espacial. “Uma aplicação desses materiais é na nova classe de dispositivos eletrônicos, que poderão ser utilizados como acessórios, podendo ser incorporados na roupa ou na pele das pessoas. As tecnologias vestíveis devem desempenhar papel importante em segmentos como a medicina e o entretenimento”, pontuou.
Os ministérios da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) e das Relações Exteriores (MRE) informam que o Painel Intergovernamental sobre Mudança do Clima (IPCC) recebem até 19 de julho as indicações para participar da reunião que vai definir a delimitação de escopo para o Relatório Metodológico de Tecnologias de Remoção de Dióxido de Carbono (CO2) e Captura, Armazenamento e Utilização de Carbono do Sétimo Relatório de Avaliação (AR7). A previsão é que a reunião, organizada pela Força Tarefa dos Inventários Nacionais de Gases de Efeito Estufa do IPCC, seja realizada na segunda quinzena de outubro de 2024. O esboço produzido na reunião será avaliado no início de 2025. A perspectiva é que o Relatório Metodológico seja finalizado até o final de 2027. O IPCC busca especialistas em áreas como captura e armazenamento de dióxido de carbono direto do ar, florestas, fertilização oceânica, carbonatação de concreto, sequestro de carbono no solo em culturas e pastagens, por exemplo. De acordo com o comunicado do IPCC, o Grupo de Trabalho III para o Sexto Relatório de Avaliação (AR) concluiu que a implementação de remoções de CO2 para contrabalançar as emissões residuais difíceis de reduzir é inevitável para alcançar emissões líquidas zero de CO2 ou de GEE. A implementação de tecnologias de captura de dióxido de carbono e utilização e armazenamento de carbono são consideradas fundamentais para o alcance das metas de emissões líquidas zero dos países. “A identificação de tecnologias adequadas para cada região e perfis de emissões dos países é uma tarefa a ser mapeada e os especialistas brasileiros podem contribuir com essa atividade por meio do engajamento nos relatórios produzidos pelo IPCC”, afirma o coordenador de Mudanças Ambientais Globais do MCTI, Antônio Marcos Mendonça. Para agilizar as candidaturas, os pontos focais do governo brasileiro solicitam que os especialistas interessados em contribuir e que atendam aos critérios do IPCC manifestem interesse por e-mail (ipcc.cgcl@mcti.gov.br) o mais breve possível, preferencialmente antes de 12 de julho.
25 /06
Cientistas da Unicamp e da Universidade de Cádiz (UCA) utilizaram com sucesso um novo método para extrair compostos químicos com alto valor agregado a partir de cascas de jabuticaba (Plinia cauliflora). A abordagem foi detalhada em artigo publicado no Journal of Food Composition and Analysis. O objetivo foi otimizar a extração de antocianina, potente antioxidante encontrado em frutas como morango, amora, framboesa e jabuticaba. Além da ação anti-inflamatória, a antocianina é um corante natural, responsável pelas cores vermelha, azul e violeta nessas frutas. O estudo se concentrou na extração e purificação simultâneas de antocianinas derivadas de casca de jabuticaba, um resíduo lignocelulósico. “A investigação ajustou meticulosamente os parâmetros de extração para alcançar resultados ótimos”, explicou Tânia Forster-Carneiro, professora da Faculdade de Engenharia de Alimentos (FEA) da Unicamp, onde trabalha na área de bioengenharia e biotecnologia, relata a Agência Fapesp. O estudo incorporou uma etapa de purificação do processo utilizando um material desenvolvido a partir do próprio resíduo da jabuticaba, conhecido como biossorvente. Em termos simples, é como uma esponja seletiva que absorve determinadas substâncias de uma mistura, deixando outras passarem. “É empregado em processos de purificação, removendo poluentes ou substâncias indesejadas de líquidos ou gases. Funciona como um filtro”, explica a professora, que fez doutorado em engenharia de processos industriais na UCA. As condições otimizadas de tempo, temperatura e composição de solvente para obtenção de antocianinas foram, respectivamente, 40 minutos de extração por maceração, 60°C e 50% de MeOH (metanol). O biossorvente desenvolvido a partir do subproduto da jabuticaba demonstrou a eficácia purificando as antocianinas do extrato com uma eficiência superior a 90%, taxa que supera o desempenho do adsorvente comercial (PoraPak), utilizado para comparação. O método alcançou uma classificação ‘EcoScale’ de 86 (máximo de 100) é uma métrica semiquantitativa para avaliação das condições de reação química em escala de laboratório.
Um menino com epilepsia grave se tornou o primeiro paciente no mundo a testar um dispositivo inserido no crânio para controlar convulsões. O neuroestimulador, que envia sinais elétricos a uma área profunda do cérebro, reduziu as convulsões diurnas de Oran Knowlson em 80%. A mãe dele, Justine, contou à BBC que o filho estava mais feliz e tinha uma “qualidade de vida muito melhor”. A cirurgia foi realizada em outubro do ano passado, como parte de um tratamento experimental no Great Ormond Street Hospital, em Londres, quando Oran — que agora tem 13 anos — estava com 12 anos. O menino, de Somerset, na Inglaterra, tem a síndrome de Lennox-Gastaut, uma forma de epilepsia resistente ao tratamento que ele desenvolveu aos três anos. Desde então, tinha várias convulsões diárias — de duas dúzias a centenas. Oran, que tem autismo e transtorno do déficit de atenção com hiperatividade (TDAH), faz parte do projeto CADET — experimentos que avaliam a segurança e eficácia da estimulação cerebral profunda para epilepsia grave. A parceria envolve o Great Ormond Street Hospital, a University College London (UCL), o King’s College Hospital e a Universidade de Oxford, todos no Reino Unido. O neurotransmissor Picostim é fabricado pela empresa britânica Amber Therapeutics. As convulsões da epilepsia são desencadeadas por explosões anormais de atividade elétrica no cérebro. O dispositivo, que emite um pulso de corrente constante, tem como objetivo bloquear ou interromper os sinais anormais. A cirurgia foi realizada em outubro de 2023. A equipe, liderada pelo neurocirurgião pediátrico Martin Tisdall, inseriu dois eletrodos no interior do cérebro até chegar ao tálamo, centro de retransmissão chave para informações nervosas. A margem de erro para a inserção dos eletrodos era inferior a um milímetro. As extremidades dos fios de eletrodos foram conectadas ao neuroestimulador, dispositivo quadrado com 3,5 cm de lado e 0,6 cm de espessura que foi inserido em um orifício no crânio de Oran, onde o osso havia sido removido. O neuroestimulador foi parafusado no osso do crânio ao redor, para fixá-lo no lugar. A estimulação cerebral profunda já foi testada antes para epilepsia infantil, mas até agora os neuroestimuladores eram colocados no peito, com fios que subiam até o cérebro. “Esperamos que este estudo nos permita identificar se a estimulação cerebral profunda é um tratamento eficaz para esse tipo grave de epilepsia, e também analisar um novo tipo de dispositivo, que é particularmente útil para crianças, porque o implante é no crânio, e não no tórax”, explicou Martin Tisdall.
Pesquisadores da Universidade Curtin, na Austrália, tiveram acesso a fragmentos da antiga crosta continental da Terra. A idade e a composição dessas rochas foram “obtidas a partir de modelagem isotópica indireta ou por meio de minerais detríticos [que se originam da desintegração física e decomposição química] em bacias sobrejacentes”, diz o estudo. Essas amostras, com idades próximas de 4,5 bilhões de anos, foram detectadas perto da cidade de Collie, uma das principais regiões de mineração de carvão na Austrália Ocidental, reporta o Tecmundo. Isso mostra que as rochas antigas do país cobrem área muito maior do que as tradicionalmente estudadas no sítio de Murchison, que fica a mais de mil quilômetros do local. A crosta continental é uma camada relativamente fina quando comparada às demais, mas é fundamental para a geologia e a vida na Terra, pois é a base dos continentes e algumas áreas das plataformas continentais, além de apoiar os ecossistemas e fornecer recursos, como a água doce. Grande parte da crosta primordial da Terra está a grandes profundidades ou foi quimicamente alterada ao longo do tempo. Somente algumas poucas áreas expostas podem ser diretamente observadas pelos pesquisadores. Por isso, os cientistas utilizam métodos indiretos de observação, para analisar minerais erodidos que ficaram preservados. No estudo publicado na revista Communications Earth & Environment, os autores ‘arrastaram’ pequenas quantidades de minerais das profundezas e as transportaram até a superfície, por meio dos diques, estruturas escuras de magma semelhantes a dedos que se estendem a profundidades de 50 quilômetros até o manto da Terra.
Pesquisadores brasileiros desenvolveram sensor de fibra óptica nano-biotecnológico, capaz de detectar contaminação por coliformes fecais na água em apenas 20 minutos. Liderado pelo professor Marcelo Werneck, do Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa em Engenharia (Coppe/UFRJ), e financiado pela Fundação Carlos Chagas Filho de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (Faperj), o estudo, publicado na revista Polymers, destaca-se pela rapidez, sensibilidade, baixo custo e facilidade de fabricação. Enquanto os métodos tradicionais podem levar até dois dias para fornecer resultados, essa nova tecnologia oferece uma solução rápida e eficaz para o monitoramento da qualidade da água em um momento crítico de escassez global de fontes de água limpa. Werneck explica que a fibra óptica do sensor funciona de forma semelhante às usadas nas telecomunicações, mas em vez de feixes de sílica, são usadas fibras ópticas plásticas, mais acessíveis e fáceis de manipular. De acordo com ele, essas fibras transmitem feixes de luz dentro do dispositivo, e qualquer alteração em sua superfície afeta a intensidade da luz recebida na outra extremidade, permitindo a detecção de alterações microscópicas, como as causadas por bactérias. Para detectar a presença de bactérias Escherichia coli na água, os pesquisadores fixaram anticorpos específicos na superfície da fibra, usando nanopartículas de ouro. A nanotecnologia aprimora significativamente a aderência da armadilha de anticorpos, aumentando a sensibilidade do resultado. O dispositivo opera ainda com dois sensores de fibra óptica em paralelo: um contendo os anticorpos e outro sem. A comparação dos resultados entre eles permite identificar a presença dessas bactérias com alta seletividade, eliminando a interferência de outros detritos na água, mostra o UOL. Werneck afirma que reproduzir esse sensor em larga escala é viável e de baixo custo. O objetivo da equipe é desenvolver um protótipo final que seja móvel e portátil, permitindo medições diretas nos locais suspeitos de contaminação, sendo também útil em campanhas ou missões em áreas remotas do país.
24 /06
Um marco para a operação de aeronaves remotamente pilotadas, conhecidas como drones: pela primeira vez, um drone civil realizou no Brasil um voo de longo alcance. O alcance total chegou a 190 km, a maior parte sobre o mar, destaca a Revista Asas. O feito foi realizado pela Petrobras, que desde 2018 tem desenvolvido atividades na área de drones. Uma aeronave remotamente pilotada voou entre a Base de Imbetiba, em Macaé (RJ), e a plataforma marítima P-51. Foram 172 km voados na ida e 190 km na volta. O voo pioneiro, classificado como BVLOS (Beyond Visual Line-Of-Sight), ocorreu pouco mais de três meses após a Petrobras assinar com a Omni Táxi Aéreo contratos para operar veículos aéreos não tripulados em missões offshore. A expectativa é ter a capacidade para transportar até 50 kg de cargas, dispensando o uso de helicópteros para pequenas necessidades logísticas. Os contratos concedidos pela Petrobras foram firmados com a Omni Táxi Aéreo com o apoio de consultoria da OHI Unmanned, divisão de drones da Omni Helicopters International (OHI). Além do transporte de carga, a missão coletará dados sobre o compartilhamento de espaço aéreo entre UAVs e helicópteros, representando um passo crucial no desenvolvimento da logística aérea não tripulada. A operação também conta com apoio do Departamento de Controle do Espaço Aéreo e da NavBrasil.
Um estudo realizado no Peru tenta descobrir se dispositivos digitais em cães podem ajudar a prever terremotos. popularidade de dispositivos digitais de monitoramento da saúde não existe só para humanos. Em pets, coleiras smart podem ajudar os donos a localizar seus bichos e obter dados úteis sobre a saúde do animal, como a atividade cardíaca. Além disso, dispositivos smart podem gerar dados para além dessas funções, como a coleira biométrica da PetPace, startup americana que desenvolve produtos digitais para animais. Inicialmente, os cientistas da empresa desenvolveram essa coleira para monitorar a saúde dos cães a fim de prevenir doenças, mas descobriram que é possível verificar o nível de estresse do cachorro em tempo real, reporta o Gizmodo. A startup pode ter encontrado uma forma de prever terremotos por meio do comportamento dos cães. “Ao monitorar o comportamento e os níveis de ansiedade dos cães e, assim, usar IA e machine learning para correlacionar esses dados com dados geofísicos, como de terremotos de diferentes magnitudes”, disse Asaf Dagan, co-fundador da startup. A empresa desenvolve um projeto no Peru chamado ‘Animal Alerts’. Com base nos dados dos cães que participaram desse estudo, o algoritmo pode detectar um padrão e, possivelmente, prever que um terremoto vai ocorrer, segundo Dagan. A startup testou a coleira smart em cães de áreas sem terremotos. No entanto, para a geóloga Wendy Bohon, é melhor evitar o uso da palavra ‘prever’ para evitar anúncios enganosos, pois insinua que animais são ‘psíquicos em vez de sensitivos’. Ela afirmou desconhecer a existência de estudos convincentes que mostram que cães e outros animais conseguem prever terremotos, ou que sabem que vai acontecer um terremoto antes mesmo do abalo acontecer. Em contrapartida, um estudo de 2021 constatou que 49% dos cães apresentaram sintomas de ansiedade um dia antes de um terremoto. O estudo sugere, portanto, que os cães possam ter percebido os abalos iniciais de terremotos ou o movimento de placas tectônicas. Nos terremotos da Turquia e da Síria, no ano passado, pessoas postaram nas redes sociais que observaram comportamentos anormais dos animais horas antes do terremoto de 7,8 de magnitude.
Considerada espécie de múltiplos usos, a gliricídia (Gliricidia sepium) é uma leguminosa que pode gerar até 900 quilos de nitrogênio por hectare ao ano e, por isso, seu uso como adubo verde é bastante indicado. Mas, por se tratar de uma espécie arbórea que exigia o manejo manual, o seu uso nas unidades de produção era limitado. Visando ao melhor aproveitamento da planta, pesquisadores da Embrapa Agrobiologia (RJ) desenvolveram um sistema de manejo mecanizado com uso de uma colhedora de forragem para o corte da gliricídia. A biomassa gerada tem diferentes aplicações: pode atuar como adubação de cobertura, ingrediente para alimentação animal, em forma de silagem ou ser usada na produção de fertilizantes. De porte médio e com altura que pode chegar a 15 metros, quando não podada, a gliricídia era cortada com facão ou motosserra. A ideia dos pesquisadores foi adaptar o manejo para viabilizar a colheita mecanizada. “Em vez de criar um novo equipamento adequado às condições da planta, resolvemos alterar o manejo dela, possibilitando a colheita com colhedora de forragem, sem necessidade de adaptação do implemento”, explicou o pesquisador Ednaldo Araújo, líder da equipe que desenvolveu o sistema. Após avaliar a capacidade de rebrota em cinco alturas (0,3 m; 0,6 m; 0,9 m; 1,20 m; e 1,50 m), os pesquisadores constataram que a produção de biomassa não é influenciada de forma significativa pela altura da poda. A capacidade de rebrota é a mesma após o corte manual ou mecanizado; assim, é possível realizar poda com altura entre 25 e 30 centímetros, o que permite o uso da colhedora de forragem. “Com o uso do implemento, o potencial de colheita de biomassa fresca é de até 40 toneladas por hora”, pontua Araújo. O pesquisador ressalta que a colheita mecanizada garante a rebrota da planta com altura uniforme, além de reduzir o tempo de operação quando comparada à colheita manual. “O interessante é que o material é colhido e triturado na mesma hora”, comenta o cientista. “Também reduz os custos de mão de obra, já que é necessário apenas um tratorista para fazer todo trabalho.” O sistema desenvolvido inclui a produção de mudas com sementes inoculadas com uma bactéria fixadora de nitrogênio específica para gliricídia, preparo do solo com adubação e correção especial para garantir alta produtividade e longevidade do banco de biomassa. Além disso, o transplantio deve ser em espaçamento adequado e compatível com a mecanização.
Uma pesquisa conduzida pelo aluno de doutorado Major Aviador Pedro Kukulka de Albuquerque e pelo pesquisador Willer Gomes dos Santos, ambos do Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA), em colaboração com a George Mason University (GMU), foi publicada na revista Sensors, de ciência e tecnologia de sensores, apresenta um sistema de navegação pioneiro para missões espaciais. O estudo revela um sistema de navegação que se vale das leituras de sensores de Radiação Cósmica de Fundo, do inglês Cosmic Microwave Background (CMB), para melhorar a precisão na estimativa de posicionamento e velocidade dos satélites. Explorando o efeito Doppler do CMB e integrando-o com medições ópticas de corpos celestes, a abordagem emprega processamento avançado de dados por meio de filtros não-lineares, permitindo uma navegação precisa em meio às complexidades das viagens espaciais. Os resultados das simulações confirmam alta precisão dos dados e a resiliência do sistema, indicando um avanço para a navegação espacial e abrindo caminho para futuras iniciativas na exploração do cosmos. O sistema de navegação criado é inovador: é a primeira vez que a ideia de usar o CMB como um sinal de referência de navegação para satélites é apresentada. A radiação CMB, conhecida como eco do Big Bang, ocorre em todas as direções e seu comportamento é bem determinado. Embora seja complexo o processo de mensuração, os avanços tecnológicos prometem mudar isso. Kukulka de Albuquerque, aluno do Programa de Pós-Graduação em Engenharia Aeronáutica e Mecânica do ITA, destacou que, provada a viabilidade e a vantagem de usar esse tipo de método de navegação, o trabalho direciona-se para o desenvolvimento de sensores que, num futuro próximo, poderão ser testados em uma missão real. Com o desenvolvimento de novos sensores para utilizar essa radiação cósmica para fins de navegação, surgem novas oportunidades de uso desse método em órbitas mais próximas da Terra, proporcionando resiliência aos futuros satélites do Programa Estratégico de Sistemas Espaciais da FAB operarem em ambiente com restrições operacionais, como o sinal GPS negado, e de forma autônoma.