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Acesso em 27/07/2025 às 08h56.

Área Tecnológica na Mídia – 23/09/2024 a 27/09/2024

Confira as notícias do dia

27 de setembro de 2024, às 12h38 - Tempo de leitura aproximado: 41 minutos

27/09

Um grupo específico de bactérias e outro de insetos causadores e transmissores do greening, uma das piores doenças da citricultura, continua atormentando os produtores de laranjas, tangerinas e limões no Brasil. A soma de pragas, secas intensas e chuvas irregulares prejudicou a formação de frutos e fez a produção de citros em São Paulo e Minas Gerais cair 25%, em comparação com 2023, segundo o Fundo de Defesa da Citricultura (Fundecitrus), reporta a Revista Pesquisa Fapesp. Desde que foi identificado pela primeira vez em 2004 no estado de São Paulo e nos anos seguintes em Minas Gerais, Paraná, Mato Grosso do Sul, Santa Catarina e agora em junho em Goiás, o greening provocou a eliminação de cerca de 60 milhões de árvores, o equivalente a 23% dos 260 milhões de pés de laranja e outros citros cultivados no país, principalmente em São Paulo, responsável por cerca de 75% da produção nacional. O greening é causado no Brasil por duas espécies da bactéria Candidatus Liberibacter. Insetos se alimentam da seiva em brotos de plantas doentes e as transmitem às sadias. Também chamado de huanglongbing (HLB), o greening tem se mostrado mais difícil de se combater que o grande problema anterior da citricultura, a clorose variegada dos citros (CVC) ou amarelinho, causada pela bactéria Xylella fastidiosa, cujo sequenciamento genético iniciou em 1997 o Programa Genoma. O amarelinho cedeu. “Desenvolvemos um sistema de produção de mudas em viveiros telados, implantamos novas formas de controle da doença e de seus vetores e a taxa de incidência passou de 40% no início dos anos 2000 para menos de 0,5% hoje”, relata o engenheiro agrônomo Juliano Ayres, gerente-geral do Fundecitrus. As mudanças nas formas de cultivar e cuidar das laranjeiras indicam que a guerra contra o greening não está perdida, mas tampouco está ganha. Produtores procuram conter a praga com uso de mudas sadias produzidas em viveiros telados, plantio em linhas paralelas às bordas da lavoura com maior densidade de árvores por hectare, reforços na adubação, aplicação frequente de inseticidas e eliminação de psilídeos e de plantas doentes. Mesmo assim, o greening tem avançado. “É um problema gravíssimo”, comenta o engenheiro agrônomo José Roberto Postali Parra, da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq-USP). “Precisamos intensificar as ações contra o greening, com a aplicação efetiva de leis que determinem a erradicação das plantas sintomáticas, que continuam a produzir, ainda que menos”, ressaltou. Presidente da Associação Brasileira de Citros de Mesa e sócio da Citrícola Lucato, em Limeira, o engenheiro mecânico Carlos Alberto Lucato adverte que o impacto pode chegar ao consumidor: “Se não agirmos com mais rigor, a longo prazo a produção de citros no estado de São Paulo pode cair mais e o preço para o consumidor subir”, frisou.

 

A Courageous Land anunciou na terça-feira (24) o lançamento de uma nova plataforma de IA – mas, no caso da startup brasileira, a sigla se refere à inteligência agroflorestal. A empresa desenvolve sistemas agroflorestais, ou SAF, como são conhecidas as técnicas produtivas que combinam culturas de valor comercial com reflorestamento ou preservação de vegetação nativa. O software é o ‘cérebro’ que vai permitir dar escala ao SAF no país, afirma Philip Kauders, um americano que mora no Brasil há 12 anos e é cofundador e CEO da Courageous Land. O anúncio do sistema, financiado com doação de R$ 6 milhões do Fundo Vale, aconteceu em evento do Fórum Econômico Mundial realizado durante a Semana do Clima, em Nova York, relata o Reset. Com as coordenadas de uma propriedade rural em qualquer parte do país, o software identifica os melhores produtos e as árvores mais indicadas para aquela região. “A resposta pode ser uma combinação de avocado e café, mais uma recomendação de 47 espécies de árvores, por exemplo,” afirma Kauders. A inteligência agroflorestal da startup também faz uma estimativa da receita futura obtida com a venda da produção e também de quantos créditos de carbono podem ser gerados pela atividade de reflorestamento. “Na maioria dos casos, o SAF pode aumentar as receitas em dez vezes, comparado com a pecuária”, diz Kauders. a plataforma também conecta o dono da terra com assistência técnica, compradores para a produção agrícola e possíveis fontes de financiamento. A Courageous Land foi fundada em 2022. Kauders se uniu a Gilberto Terra e Luiza Avelar, que tinham experiência na combinação de agricultura e florestas. A companhia desenvolve quatro projetos próprios, que totalizam 500 hectares. “Testamos diferentes combinações de espécies, de design [das plantações], de espaçamento [entre as árvores]”, diz Kauders. A ideia é que o aprendizado ajude – e acelere – outros projetos de SAF. Por um lado, a plataforma funciona como um canal de captação para proprietários de terras, com estimativas de receitas e de geração de créditos de carbono. O co-fundador afirma que os produtores não terão de fazer desembolsos. “Nossa ideia é criar um pool de capital, com dinheiro de fundos de private equity, bancos de desenvolvimento, recursos filantrópicos”, diz Kauders. O modelo de negócios envolve financiar a transição das fazendas com os recursos desse pool. Em troca, a Courageous Land recebe pagamento pelo uso do software (que também funciona como ferramenta de gestão do SAF), participação na venda dos produtos agrícolas e os direitos integrais sobre os créditos de carbono gerados. Em paralelo ao recrutamento de produtores e à busca por recursos, a Courageous Land está montando uma equipe de assistência técnica para colocar os SAF de pé. O plano é um sistema misto, com ajuda tanto online quanto presencialmente. A visão é que essa área de assistência técnica inclua funcionários da própria empresa e prestadores de serviço treinados e certificados na implementação de agroflorestas.

 

Um grande galpão na cidade de Colônia, na Alemanha, é o mais próximo que astronautas poderão chegar de pisar na Lua sem sair da Terra. Inaugurada na quarta-feira (25), a nova instalação, chamada Luna, abriga a mais fiel recriação da superfície lunar do mundo, de acordo com a Agência Espacial Europeia (ESA). A réplica foi construída em conjunto pela ESA e pelo Centro Aeroespacial Alemão (DLR) ao longo de uma década. “A Luna simboliza as condições na superfície lunar e prepara astronautas para a Lua”, disse Josef Aschbacher, diretor-geral da ESA, reporta o Deutsche Welle Brasil. No campo de testes de 700 m², materiais sintéticos simulam o regolito – camada de material heterogêneo que inclui poeira e rochas quebradas – da superfície lunar. “Na instalação, temos 900 toneladas de material que simula o regolito para reproduzir o ambiente empoeirado e a mobilidade na superfície”, afirmou Juergen Schlutz, engenheiro da Luna e líder de estratégia lunar da Agência Espacial Europeia. A poeira lunar simulada, chamada EAC-1, foi obtida a partir de pó vulcânico de 45 milhões de anos de idade, encontrado na região de Eifel, que fica na fronteira entre Bélgica, Alemanha e Luxemburgo. O hall principal da Luna inclui um simulador de iluminação, que recria os ciclos de dia e noite da superfície da Lua. A ESA está trabalhando com parceiros europeus para introduzir futuramente sistemas de descarga de gravidade. “Permitirão testar a capacidade de se mover em condições de um sexto da gravidade [em relação à da Terra], como os astronautas teriam de fazer na Lua”, disse Schlutz. Além de permitir que astronautas se preparem para visitas à Lua, a instalação também servirá como um campo de testes para sistemas robóticos, atividades científicas e sistemas de energia. Pesquisadores da Luna testarão o regolito, por exemplo, para entender os efeitos da poeira lunar nos equipamentos que agências espaciais planejam levar ao astro. Segundo Aschbacher, a pesquisa na instalação visa a gerar soluções que “tornem a vida na Terra muito mais produtiva e limpa”. A Luna não será a única estrutura semelhante à Lua disponível para astronautas e cientistas. Ao lado dela está em construção o Futuro Habitat para Exploração Lunar (FLEXHab), que simula um potencial módulo de habitação lunar e conecta-se ao hall principal. A estufa Eden-ISS, um experimento de cinco anos que simula o cultivo de alimentos em ambientes espaciais frios, será reaproveitada no projeto Eden Luna. Será usada para que astronautas em treinamento pratiquem o cultivo de seus próprios alimentos — uma habilidade vital caso a Nasa realize seu objetivo de estabelecer nos próximos anos uma presença permanente na Lua para pesquisa. O programa Artemis da Nasa deverá retornar à Lua até o final da década. A missão Artemis 1 foi lançada em 2022 como um voo de teste não tripulado. A segunda e a terceira missões do programa deverão ser tripuladas; primeiro com destino à órbita lunar e, depois, à superfície da Lua.

 

Uma equipe de físicos e engenheiros de várias universidades chinesas apresentou o protótipo de uma bateria nuclear que alcança uma eficiência 8.000 vezes superior à das versões conhecidas até agora. As baterias nucleares, ou baterias atômicas, estão no horizonte há décadas, com promessas que incluem uma bateria que não precisa ser recarregada ou baterias nucleares de diamante que duram milhares de anos e até mesmo uma bateria nuclear brasileira, que promete durar 200 anos. Além de durarem muito, as baterias nucleares tendem a ser muito compactas. E, apesar do temor de ter “alguma coisa nuclear” em casa ou no seu bolso não soe como algo inteiramente convidativo, os protótipos têm mostrado uma relativa segurança do conceito, não oferecendo riscos diretos à saúde – elas não explodem como algumas vezes acontece com as baterias de lítio. O conceito mais comum das baterias nucleares envolve um princípio chamado betavoltaico, utilizando diretamente o decaimento de um isótopo radioativo. O conceito apresentado agora por Kai Li e seus colegas é diferente, mesclando geração de energia nuclear e conversão fotovoltaica, explica o Inovação Tecnológica. Uma pequena quantidade do elemento químico radioativo amerício (Am) é incorporado em um cristal. Quando o amerício decai, ele libera sua radiação na forma de partículas alfa, que então liberam fótons, fazendo o cristal brilhar em uma cor verde intensa. O cristal é então colocado junto a uma célula fotovoltaica, ou célula solar, que converte a luz em eletricidade. Tudo foi empacotado dentro de uma célula de quartzo para evitar vazamento de radiação.

 

26/09

Os projetos de extensão da USP na área de Engenharia nos campi de São Paulo, São Carlos e Lorena reúnem mais de 20 grupos e equipes de diferentes áreas, como aerodesign, automobilismo, robótica e projetos aeroespaciais. “Precisamos cumprir as disciplinas obrigatórias antes de nos formarmos, então fazer parte dos grupos de extensão nas equipes é uma forma de incentivo. Ver o projeto dando certo faz toda diferença no contexto da Engenharia”, conta ao Jornal da USP Ricardo Vasconcelos, integrante do Skyrats, um dos grupos de extensão na área de aerodesign. Sediada na Escola Politécnica, a Skyrats é uma das equipes que têm obtido bons resultados em torneios como a Competição Brasileira de Robótica (CBR), com o primeiro lugar em 2021 e 2022, e a International Micro Air Vehicles (Imav), competição internacional para veículos microaéreos, com o terceiro lugar em 2022 e sexto lugar em 2023. Também pela Poli, o Projeto Júpiter, de foguetes criados em ambiente universitário, tem se destacado em competições da área, como a Latin American Space Challenge – segundo lugar, em 2024, na categoria de foguetes com motores sólidos de apogeu 10 mil pés, e primeiro lugar geral nas competições de 2021 e 2022. A EESC-USP Aerodesign, da Escola de Engenharia de São Carlos (EESC), é referência mundial no desenvolvimento e construção de aeronaves cargueiras radiocontroladas. Soma 20 títulos nacionais e internacionais em 22 anos de história. “Nesses grupos, o aluno aprende a trabalhar coletivamente, a se comunicar, gerenciar o tempo e recursos, além de ampliar suas competências técnicas. O aluno sai com uma formação diferenciada”, afirma Alexandre Kawano, professor da Poli, integrante da Comissão de Cultura e Extensão da unidade, que já atuou como orientador de uma das equipes. As equipes têm apoio da USP, principalmente em transporte e espaços de oficinas. Os estudantes também buscam parcerias para fornecimento de materiais e patrocinadores para arcar com os custos. Entidades como a Amigos da Poli, fundação de ex-alunos dos cursos de Engenharia da USP, apoiam alguns desses projetos.

 

Um estudo de pesquisadores da Universidade Nacional Australiana (ANU) e da Universidade da Academia Chinesa de Ciências revelou que vulcões considerados extintos — sem sinais de atividade recente ou futura — podem abrigar valiosos elementos químicos industriais conhecidos como ‘terras raras’. As descobertas constam de um artigo publicado terça-feira (24) na revista Geochemical Perspectives Letters, registra a Galileu. Os elementos de ‘terras raras’ são um grupo de 17 metais com grande importância na fabricação de diversas tecnologias, como celulares e TVs . Recebem esse nome por serem encontrados na forma de óxidos na terra. O nome ‘raras’ não indica escassez, e sim a dificuldade em separar esses elementos dos minerais em que estão presentes. De acordo com a pesquisa, esses elementos químicos podem ser encontrados de forma abundante no magma solidificado nos vulcões extintos. “Nunca vimos um magma rico em ferro sair de um vulcão ativo, mas sabemos que alguns vulcões extintos, com milhões de anos, tiveram esse tipo enigmático de erupção”, disse Michael Anenburg, da ANU. “Nossas descobertas sugerem que esses vulcões extintos ricos em ferro ao redor do mundo, como El Laco, no Chile, podem ser estudados quanto à presença de elementos de terras raras”, detalhou. Para chegar a essas conclusões, a equipe fez simulações de erupções vulcânicas em laboratório usando rochas semelhantes às encontradas em vulcões extintos com alto teor de ferro. Para verificar sua composição, as rochas foram aquecidas em forno pressurizado a temperaturas elevadas, até derreterem. Os cientistas observaram bolhas de fluido magmático-hidrotermal e bolhas de óxido de ferro, o que indica a presença de elementos de ‘terras raras’, como lantânio e cério. O Brasil detém a segunda maior reserva conhecida de terras raras no mundo, superada apenas pela China. Nações como Suécia, Austrália e Índia também são reconhecidas por seus depósitos. Esses minerais são extremamente valiosos, especialmente devido à sua aplicação em tecnologias de energia renovável, sendo usados na fabricação de turbinas eólicas e baterias para veículos elétricos. Por isso, estima-se que a demanda por esses elementos aumentará cinco vezes até 2030.

 

A Ambipar, multinacional brasileira de soluções ambientais, apresentou um robô, batizado de STW Response, dedicado ao combate a incêndios. O equipamento, desenvolvido pela Ambipar Response, subsidiária especializada na gestão de crise e respostas a emergências ambientais, pesa 1 tonelada e 300 quilos com os cilindros 100% cheios de pó químico, sem as mangueiras. Sua autonomia de operação é de dez horas e, segundo a companhia, é o único no mundo aprovado para atuar em zonas classificadas, como a indústria de óleo e gás, reporta a Exame. Os robôs serão utilizados pela Ambipar em emergências ambientais, mas também poderão ser comercializados para empresas ou governos interessados na tecnologia. O STW Response, de acordo com a Ambipar, tem diferenciais em relação ao modelo anterior, produzido para uso na indústria. Com tecnologia nacional, o robô é montado com materiais e componentes específicos para suportar temperaturas de até 600º C por até 15 minutos. Para garantir a resistência em altas temperaturas, o mecanismo de deslocamento utiliza liga de bronze e alumínio – que não produz faísca – em vez de borracha. O recurso também facilita o acesso da máquina a locais com vazamento de combustível sem que haja risco humano. Além disso, o robô bombeiro pode ser operado por controle remoto a até 300 metros de distância e conta com retorno do sinal via Wi-Fi. O recurso possibilita que toda a sala de controle também tenha acesso às imagens e acompanhe a operação em tempo real. O modelo é equipado com câmeras frontal, traseira e lateral, uma noturna e outra térmica. As características do STW Response em relação à versão anterior aumenta a eficácia para o atendimento aos chamados envolvendo acidentes com produtos químicos e poluentes que afetam a saúde, meio ambiente e o patrimônio. O robô pode combater incêndios com espuma e água. No uso de pó químico seco, o acionamento é feito por meio de um sistema operado por um canhão de ataque rápido no qual o jato lança até 90 kg do material a 20 metros de distância. O pó químico fica armazenado dentro dos cilindros e cada um comporta até 45kg. Outra característica do STW Response é que, com a pressão, consegue jogar até 32 mil litros de água por minuto. Como comparação, um caminhão do Corpo de Bombeiros armazena de 5 a 15 mil litros totais no veículo, a depender do tamanho do veículo. No caso do robô, a água vem de uma mangueira acoplada em um hidrante, bomba (no caso de acesso a reservatórios) ou de um caminhão pipa. O equipamento é resistente a impactos e tem uma bateria de fosfato de ferro-lítio. A durabilidade do equipamento pode chegar a até 20 mil ciclos de operação de carga e descarga.

 

Engenheiros projetaram um sistema estrutural tubular inovador que pode ser embalado de forma plana, para facilitar o transporte, e então “inflado” para funcionar como componente estrutural em obras de construção civil. Apesar de projetado para ser firme e forte, o conceito vem de uma estrutura marcada pela leveza e pela delicadeza: o sistema de autotravamento usado para reforçar a estrutura foi inspirado no origami, mais especificamente na técnica que usa linhas de vinco curvas na dobradura de papel, explica o Inovação Tecnológica. A construção da estrutura tubular, por sua vez, foi inspirada no bambu. O resultado é uma espécie de mangueira plana, que fica rígida assim que é apertada pelas extremidades mais largas. “Este sistema de autotravamento é o resultado de um design geométrico inteligente,” disse o professor Ting-Uei Lee, da Universidade RMIT, na Austrália. “Nossa invenção é adequada para uso em larga escala – um painel, pesando apenas 1,3 kg, feito de vários tubos, pode facilmente suportar uma pessoa de 75 kgm”, completou. O novo sistema também torna a montagem dos tubos mais rápida e mais fácil, com a capacidade de se transformarem automaticamente em um estado forte e autotravado.

 

25/09

Pesquisadores do Grupo de Estudo e Pesquisa em Água, Saneamento e Sustentabilidade, pertencente ao Laboratório de Saneamento e Tecnologias Ambientais (LabSanTec) da Escola de Artes, Ciências e Humanidades da USP, desenvolveram um sistema capaz de transformar os resíduos orgânicos em energia limpa a partir da degradação dos compostos. O especialista em gestão ambiental Marcelo Nolasco, professor da EACH e coordenador do LabSanTec, explica o pioneirismo do projeto, denominado Sistema Bioeletroquímico Empilhável para a Geração de Eletricidade e quais formas a tecnologia poderá ajudar as indústrias na mitigação dos danos ambientais e na transição energética, destaca a Rádio USP. Segundo o especialista, o sistema foi desenvolvido com o objetivo de transformar os resíduos orgânicos, como esgoto e dejetos industriais, em eletricidade e hidrogênio, utilizando microrganismos para degradar essas substâncias. Nolasco enfatiza a necessidade de uma abordagem mais sustentável para o gerenciamento desses resíduos, afirmando que a pesquisa do grupo busca converter os resíduos em fontes de energia sustentáveis em vez de apenas descartar as substâncias de maneira aleatória na natureza. “Uma característica importante é a necessidade de que os resíduos utilizados sejam orgânicos e biodegradáveis, porque os microrganismos empregados no projeto precisam de materiais orgânicos como fonte de alimento. Em uma indústria metalúrgica, por exemplo, provavelmente essa tecnologia não funcionaria, pois os microrganismos não poderiam consumir essas substâncias”, detalha. De acordo com o especialista, o diferencial dessa tecnologia reside em seu potencial de geração de energia. Enquanto sistemas tradicionais de tratamento de resíduos consomem quantidade significativa de energia para processar e tratar os efluentes, o modelo se destaca por evitar esse gasto, ao mesmo tempo em que gera eletricidade. “Nosso sistema faz exatamente o inverso. A maioria das indústrias e estações de tratamento gasta muita energia para tratar resíduos, enquanto nós conseguimos, por meio desse sistema, justamente gerar mais energia”, detalha. O setor industrial enfrenta pressão crescente para adotar práticas mais responsáveis em relação ao meio ambiente. O professor cita o caso das indústrias de produção de etanol e açúcar, que geram vinhaça, resíduo oriundo da cana-de-açúcar. No rio Piracicaba, toneladas de peixes foram mortos devido ao descarte irregular da substância por empresas desse setor.  “Não há nada no mercado nacional semelhante ao que nossa tecnologia pode fazer para prevenir esses descartes irregulares e ainda gerar energia. É preciso passar por um teste de escalonamento, pois estamos desenvolvendo dentro de um laboratório, é preciso testar em números maiores de resíduos. Mas é uma tecnologia nova e que já vem mostrando resultados positivos”, pontua.

 

O Serviço Geológico do Brasil (SGB), em parceria com a USP, desenvolveu o mais novo mapa gravimétrico do país, ferramenta essencial para estudos geofísicos, especialmente na forma de Anomalia Bouguer, que revela variações de densidade na subsuperfície terrestre. Essas variações, causadas pelas diferentes densidades de rochas e minerais, se refletem nas medidas de gravidade, que podem ser maiores ou menores em relação ao esperado. As anomalias positivas (maior gravidade) podem apontar a presença de materiais mais densos, como minerais metálicos, enquanto as anomalias negativas (menor gravidade) sugerem materiais menos densos, como sedimentos. O geofísico da USP Roberto Zanon explica que esse mapa é amplamente usado na exploração de recursos minerais e hidrocarbonetos, além de contribuir para a compreensão da estrutura geológica da crosta terrestre e da tectônica de placas. “No Brasil, o levantamento gravimétrico é importante devido à diversidade geológica do país, auxiliando tanto em pesquisas científicas quanto em prospecções econômicas”, acrescentou. Os dados gravimétricos são fundamentais para as geociências, servindo a diferentes tipos de estudos. Em escala local, podem ser usados em projetos de mineração. Em escalas regionais e globais, ajudam a entender as características de bacias sedimentares, importantes na exploração de petróleo e gás, além de auxiliar na modelagem física da Terra. O mapa gravimétrico traz diversos benefícios para os estados, principalmente os ricos em recursos minerais, como Minas Gerais, Pará, Goiás e Bahia. A detecção de anomalias gravimétricas auxilia na pesquisa de depósitos minerais como ouro, ferro e níquel. Em áreas de bacias sedimentares, o mapa pode ajudar na exploração de hidrocarbonetos, como petróleo e gás natural. Além disso, permite um estudo aprofundado das estruturas tectônicas e das espessuras crustais, o que contribui para a criação de modelos da formação geológica.

 

Uma empresa de tecnologia eólica offshore lançou o que está sendo considerado o primeiro veículo subaquático autônomo (AUV) do mundo movido por inteligência artificial. Segundo a Beam, ninguém o pilota ou direciona e não há necessidade de planejamento pré-missão. No entanto, um operador remoto pode assumir o controle caso seja necessário, registra a Época Negócios. O veículo é projetado para fazer inspeções em turbinas eólicas. A tecnologia empregada é chamada IA de ponta. Isso ocorre quando os modelos de IA são implantados dentro dos dispositivos, em vez de se vincularem a eles pela nuvem, como ocorre nos modelos de IA generativas. A vantagem é o aumento da velocidade de processamento de dados, economia de energia e, para operações subaquáticas, funcionamento mesmo sem Wi-Fi. “As operações offshore não podem depender de uma conexão de internet contínua e confiável – para operações submarinas isso é ainda mais pertinente”, disse Brian Allen, CEO e cofundador da Beam. “O robô está tomando decisões em tempo real, então, minimizar a latência também é importante, especialmente em um ambiente crítico de segurança”, ressaltou. O modelo de IA utilizado, que atua como o cérebro do AUV, foi treinado com um conjunto de dados coletados de projetos offshore anteriores e inspeções. O algoritmo ‘aprendeu’ a detectar problemas (por exemplo, erosão) semelhante à forma como os humanos fazem. A Beam afirma que a tecnologia vai melhorar e se adaptar continuamente, já que segue sendo treinada com novos dados. O veículo foi colocado à prova no Seagreen, o parque eólico offshore de fundo fixo mais profundo do mundo, localizado na costa da Escócia. Segundo a empresa, em um dia, examinou com sucesso toda a fundação de uma turbina eólica que está 58 metros abaixo da superfície. A companhia acrescentou que usar AUV controlado por IA pode reduzir os tempos de inspeção pela metade. Outra vantagem é que os humanos não precisam supervisionar cada unidade, sendo liberados para realizar tarefas mais complexas. A nova tecnologia será implementada na frota de embarcações de pesquisa, veículos operados remotamente (ROVs) e AUVs da Beam ao longo de 2025 e 2026.

 

Talvez exista uma maneira melhor de deslanchar a computação neuromórfica – aquela que imita o cérebro – do que ficar tentando fabricar neurônios sintéticos e sinapses artificiais. E a ideia de Deepak Sharma e colegas da Universidade de Limerick, na Irlanda, é radical: Esquecer essas “grandes” e delicadas estruturas biológicas e partir logo para os átomos. Assim, embora mantenha a inspiração no modo de funcionamento do cérebro, a proposta salta pela computação molecular e vai logo para uma espécie de computação atômica. Na prática, trata-se de um novo tipo de plataforma de hardware para inteligência artificial que alcança melhorias sem precedentes em termos de velocidade computacional e eficiência energética. É uma melhoria em relação aos memoristores orgânicos criados pela equipe em 2020. Um ano depois, o componente molecular já imitava a plasticidade cerebral e prometia revolucionar os processadores, explica o Inovação Tecnológica. Agora a equipe deu o passo seguinte. “O design se inspira no cérebro humano, usando a oscilação e o sacolejar naturais dos átomos para processar e armazenar informações. Conforme as moléculas giram e saltam em torno de sua estrutura cristalina, elas criam uma infinidade de estados de memória individuais,” explicou o professor Damien Thompson. Os componentes fundamentais da computação inspirada no cérebro são os memoristores, componentes que, além de processarem os dados, funcionam como memória e ainda lembram-se dos dados que guardaram anteriormente, o que pode ser explorado como uma forma de aprendizado para implantar uma inteligência artificial em hardware.

24/09

Pesquisadores da Faculdade de Engenharia de Alimentos da (FEA) da Unicamp desenvolveram uma tecnologia a partir da macaúba, palmeira nativa do Brasil, que resultou em um produto capaz de substituir a gordura trans, que teve uso proibido no país pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) em 1º de janeiro de 2023. O produto final da pesquisa gerou um portfólio de óleos e gorduras que foi licenciado, com apoio da Agência de Inovação Inova Unicamp, para a empresa S.Oleum. O portfólio possui opções de gorduras que podem ser aplicadas em diversos segmentos, sobretudo na indústria alimentícia: em sorvetes, no âmbito das gorduras mais leves; em recheios, com gorduras de consistência intermediária; e em caldo em tabletes, no segmento de gorduras mais sólidas. A busca por alternativas à gordura trans, ou gordura parcialmente hidrogenada, gerou uma ação dividida em duas frentes no Laboratório de Óleos e Gorduras da Unicamp: a procura por um método alternativo de obtenção de gorduras e por uma matéria-prima que pudesse substituir as fontes lipídicas convencionais, como o óleo de palma. O grupo de pesquisadores da Unicamp composto por Ana Paula Badan Ribeiro (FEA), Larissa Grimaldi (FEA) e Renato Grimaldi (FEA) chegou à macaúba como uma possível substituta da palma e como provável candidata aos novos processos de obtenção de gorduras industriais. A tecnologia conta com know-how complementar à tecnologia inicial – também protegido –, que detalha os caminhos para a execução dos métodos de produção dos óleos contemplados pelo portfólio. De acordo com Ana Paula Badan Ribeiro, professora da Unicamp e inventora responsável pelo desenvolvimento da tecnologia, o grupo vislumbrou “uma alternativa à palma e à gordura trans, que fosse nacional, estratégica e sustentável”. Com uma perspectiva para o futuro, os inventores ambicionaram contribuir para o “desenvolvimento de uma nova cadeia” que envolve a macaúba. Os resultados da tecnologia vão ao encontro das perspectivas da S.oleum, empresa que busca catalisar a economia de carbono negativo produzindo matérias-primas sustentáveis com alta tecnologia e em larga escala. O ponto de convergência entre os dois pares é a macaúba, visto que a empresa também vê na espécie um potencial em ascensão.

 

O Google DeepMind, uma das principais unidades de pesquisa em inteligência artificial do mundo, apresentou dois novos sistemas robóticos inovadores, chamados ALOHA Unleashed e DemoStart. Esses projetos visam a elevar o padrão da manipulação robótica, trazendo melhorias na capacidade dos robôs de realizar tarefas complexas que exigem coordenação e destreza, relata Olhar Digital. À medida que a tecnologia avança, a necessidade de robôs mais versáteis e capazes de operar em ambientes variados se torna cada vez mais evidente. A integração da inteligência artificial nesses novos sistemas representa um passo importante para criar máquinas que não apenas imitem, mas também colaborem de forma inteligente e eficiente, ampliando as fronteiras do que é possível na robótica. O ALOHA Unleashed foi desenvolvido para explorar a manipulação bimanual, permitindo que robôs utilizem duas mãos para realizar tarefas complexas, como amarrar cadarços. O projeto se baseia na plataforma ALOHA, inicialmente criada na Universidade de Stanford para aplicações de teleoperação. Segundo a equipe de pesquisa, a maioria das mãos robóticas atuais opera de forma isolada, sem uma ‘consciência’. No entanto, o ALOHA Unleashed introduz a capacidade de cooperação entre as mãos, permitindo que trabalhem de forma coordenada em um mesmo problema. O sistema foi treinado por meio de demonstração para realizar tarefas como pendurar uma camisa ou reparar partes de outros robôs. Além disso, os métodos de difusão aplicados conferiram às mãos robóticas a capacidade de prever os movimentos da outra, melhorando a antecipação e a coordenação durante a execução das tarefas. O DemoStart concentra-se no controle de mãos robóticas com múltiplos dedos, articulações e sensores. A equipe observou que alcançar destreza complexa em robôs exige mais do que as mãos robóticas tradicionais, que geralmente possuem poucos dedos e articulações. A solução para isso foi a introdução da IA no processo de aprendizado. Utilizando aprendizado por reforço, o DemoStart permitiu que as mãos robóticas adquirissem uma noção de suas habilidades ao controlar múltiplas articulações e pontas dos dedos. O robô foi ensinado a realizar tarefas simples, como reorientar um cubo, apertar uma porca e organizar o ambiente de trabalho, com a dificuldade aumentando progressivamente. Esses avanços destacam o potencial da IA para melhorar a destreza e a coordenação das mãos robóticas, aproximando-as de habilidades humanas e permitindo que realizem tarefas mais complexas de maneira eficiente.

 

Um condomínio que está sendo erguido na Vila Madalena, na zona oeste da capital, vem atraindo curiosidade do mercado da construção civil: trata-se do primeiro prédio residencial de madeira do Brasil, o condomínio Meu Arvoredo. O prédio de seis andares tem unidades com preços a partir de mais de R$ 5 milhões e deve ser finalizado em meados do ano que vem. Por seu tamanho, ineditismo e beleza, é um indicativo de uma tendência observada na construção civil: o aumento das construções em madeira para propósitos residenciais e comerciais. “Vejo no mercado a tendência de começar primeiro pelas edificações de alto padrão. Até para criar uma cultura, e popularizar um pouco mais o desejo do usuário comum por uma construção em madeira”, avalia Ângela Valle, professora de estruturas e construções em madeira na graduação e pós de Engenharia Civil da UFSC. A lista de ‘vitrines’ para o uso de madeira em construção inclui o shopping Iguatemi de Fortaleza e unidades da lanchonete McDonald’s em Búzios e na cidade de São Paulo. Com menos visibilidade, o material está sendo empregado também para erguer casas de alto padrão, pousadas, hotéis e resorts de luxo, relata o Jornal da Unesp. Todos os casos mencionados compartilham do uso de técnicas bem avançadas de construção, que utilizam as madeiras engenheiradas ― peças desenhadas e processadas para a montagem de kits de fabricação de obras em madeira. São vigas, placas e painéis que utilizam sobreposição, colagens de tábuas e encaixes muito resistentes, tornando os materiais tão robustos quanto uma estrutura de concreto e aço. Na Europa, na Ásia e no Chile, já há prédios de madeira engenheirada com mais de dez andares. O professor e pesquisador Victor de Araújo, docente do curso de Engenharia Industrial Madeireira na Unesp de Itapeva, conta que já visitou meia dúzia de edifícios de madeira com mais de dez andares na Europa. “Na Noruega existem prédios com 20 andares feitos integralmente em madeira, e um de 25 andares está em construção”, diz. Em uma das suas pesquisas, Araújo constatou que em 2014 existiam pouco mais de 50 produtores de casas pré-fabricadas em madeira — em sua contagem entram apenas técnicas de madeira engenheirada, excluindo construtores artesanais. Dez anos depois, já há mais de 200 empresas que prestam esse serviço e o total de companhias envolvidas com todo o setor já soma 378, incluindo produtores fabris, montadores, fornecedores de kits pré-fabricados e estúdios de arquitetura especializados em obras com madeira. “Esse levantamento aponta um setor produtivo muito diversificado e consistente. Embora a maior parte dessas empresas esteja presente nos estados do Sul e Sudeste, prestam serviço no Brasil todo e até no exterior”, explica o especialista. Maristela Gava, professora do curso de Engenharia Industrial Madeireira da Unesp, observa que o custo “é um ponto a ser melhorado devido à dificuldade de se conseguir madeira com qualidade adequada para a construção civil”. Mas ela afirma que a tendência é o preço cair diante do aumento da demanda por construções em madeira. “No caso das obras em grande escala, como condomínios, é natural que os custos diminuam em função do volume de materiais negociados”, diz ela. O curso de Engenharia Industrial Madeireira da Unesp é o segundo do gênero no Brasil. Sob outro nome, a graduação é oferecida também na UFES, em Vitória, e na UFPel, em Pelotas. Victor Araújo diz que a graduação da Unesp é a mais voltada para o conhecimento com construções em madeira. “Isso é uma vantagem, pois no mercado do Brasil e do mundo está crescendo a demanda por construção civil em madeiras.”

 

Um “colhedor de energia” inovador produz energia elétrica continuamente utilizando o movimento dos íons de sódio contidos na água do mar de modo totalmente passivo, sem a necessidade de qualquer componente externo. A colheita de energia envolve dispositivos, comumente chamados nanogeradores, que produzem eletricidade explorando fontes de energia presentes no ambiente, mas que não são normalmente utilizadas, o que inclui das gotas de chuva às vibrações de carros passando na rua. Hyunho Ha e colegas do Instituto Coreano de Máquinas e Materiais (KIMM) conseguiram desenvolver um coletor de energia autocarregável que pode ser usado para gerar energia elétrica através do movimento dos íons naturalmente presentes na água do mar, explica o Inovação Tecnológica. O coletor de energia utiliza nanotubos de carbono de paredes múltiplas e filmes de óxido de grafeno com diferentes conteúdos de grupos funcionais de oxigênio como cátodo e ânodo, respectivamente. A água do mar funciona como eletrólito. A geração de energia se dá porque um número maior de cátions do eletrólito se reúnem do ânodo, que tem um conteúdo de grupo funcional de oxigênio relativamente maior, criando uma diferença de potencial devido ao rearranjo dos íons entre os dois eletrodos.  Os coletores de energia convencionais à base de água têm baixa eficiência de conversão de energia e dependem de que fontes externas de energia gerem continuamente o movimento da água, o torna pouco prático utilizá-los continuamente, ou mesmo impede seu uso em ambientes onde fontes externas de energia não estão disponíveis. Já o novo coletor de energia é, por assim dizer, uma bateria que se recarrega em tempo real. Ele pode ser reutilizado continuamente, mesmo após ser descarregado, por meio da restauração de sua tensão inicial de circuito aberto, o que é feito sem energia externa. Consequentemente, ele pode ser usado constantemente como um dispositivo de fornecimento de energia para sensores e dispositivos da internet das coisas, mesmo em ambientes como o mar aberto, onde é difícil dar manutenção em dispositivos de coleta de dados.

23/09

São Sebastião, que ficou parcialmente isolado no carnaval de 2023 após chuvas de volume recorde, tem mil pontos de escorregamento de solo. O dado faz parte de um inventário realizado por pesquisadores dos institutos de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas (IAG) e de Geociências (IGc) da USP usando imagens aéreas feitas após o desastre. Com base nesse levantamento, os cientistas estão agora analisando imagens com mais resolução – obtidas com o emprego da técnica LiDAR – e fazendo um cruzamento com outras variáveis para desenvolver um método capaz de identificar com maior precisão o risco para novos deslizamentos, relata a Agência Fapesp. Sigla em inglês para Light Detection and Ranging, LiDAR é um método de sensoriamento remoto que usa luz na forma de laser pulsado para medir alcances (distâncias) da Terra, obtendo dados com alta precisão. “Em análise de suscetibilidade, aplica-se o conhecimento disponível nas áreas que escorregaram, juntamente com dados como relevo, geologia e outros, e depois extrapola-se para outras regiões. Atualmente temos modelos digitais de elevação com resolução espacial [tamanho do pixel] de 30 metros. Os dados LiDAR nos permitem dar um passo além, com modelos de elevação de alta resolução [até 1 metro] e mais precisão”, conta o professor do IAG-USP e coordenador do projeto Carlos Henrique Grohmann. Para desenvolver o trabalho, ele tem parceria com o Instituto Geográfico e Cartográfico de São Paulo (IGC-SP), que está montando um banco de imagens de laser de todo o estado. É a primeira vez que a comunidade científica tem acesso a dados LiDAR de toda a região da Serra do Mar. A previsão é que, até o fim de 2025, seja possível ter essa nova metodologia com as áreas suscetíveis de deslizamento, podendo ser usada em planejamentos e desenvolvimento de políticas públicas no município.

 

Um ‘colhedor de energia’ produz energia elétrica continuamente utilizando o movimento dos íons de sódio contidos na água do mar, de modo totalmente passivo. A colheita de energia envolve dispositivos (nanogeradores) que produzem eletricidade explorando fontes de energia presentes no ambiente, mas que não são normalmente utilizadas, o que inclui gotas de chuva e vibrações de carros na rua, reporta Inovação Tecnológica. O pesquisador Hyunho Ha e colegas do Instituto Coreano de Máquinas e Materiais (KIMM) conseguiram desenvolver um coletor de energia autocarregável, que pode ser usado para gerar energia elétrica mediante o movimento dos íons naturalmente presentes na água do mar. O coletor de energia utiliza nanotubos de carbono de paredes múltiplas e filmes de óxido de grafeno com diferentes conteúdos de grupos funcionais de oxigênio, como cátodo e ânodo, respectivamente. A água do mar funciona como eletrólito. Cátions do eletrólito se reúnem no ânodo, que tem um conteúdo de grupo funcional de oxigênio relativamente maior, criando uma diferença de potencial devido ao rearranjo dos íons entre os dois eletrodos. Os coletores de energia convencionais à base de água têm baixa eficiência de conversão de energia e dependem que fontes externas de energia gerem continuamente o movimento da água. Já o novo coletor de energia é uma espécie de bateria que se recarrega em tempo real. Pode ser reutilizado continuamente, mesmo após ser descarregado, por meio da restauração da tensão inicial de circuito aberto, o que é feito sem energia externa. Consequentemente, pode ser usado constantemente como um dispositivo de fornecimento de energia para sensores e dispositivos da ‘internet das coisas’, mesmo em ambientes como o mar aberto. O coletor de energia apresentou densidade de potência de 24,6 mW/cm3, o que é 4,2 vezes maior do que a tecnologia similar mais próxima, representada pelos nanogeradores à base de água feitos de hidrogel iônico, que têm densidade de potência de 5,9 mW/cm3. Significa que um único nanogerador é capaz de alimentar pequenos dispositivos como calculadoras, relógios e sensores.

 

Imagine um futuro onde os materiais de construção podem ser montados e desmontados tão facilmente quanto tijolos de LEGO. Ao fim da vida útil de um edifício, em vez de demolir e descartar os materiais, eles poderiam ser reaproveitados para erguer uma nova estrutura, promovendo a sustentabilidade. Essa ideia inovadora faz parte da chamada construção circular, que visa minimizar a fabricação de novos materiais e reduzir as emissões de gases de efeito estufa associadas à construção, revela o site Click Petróleo e Gás. Inspirados por essa visão, engenheiros do MIT estão desenvolvendo tijolos de vidro reciclado impressos em 3D. Utilizando uma tecnologia avançada fornecida pela Evenline, uma spin-off do MIT, a equipe criou tijolos multicamadas e super-resistentes, projetados para se interligarem de maneira similar aos blocos de LEGO. Esses tijolos têm o potencial de transformar o setor da construção, tornando os edifícios mais sustentáveis e reutilizáveis. O vidro é um material altamente reciclável, e essa propriedade é a base da nova alvenaria reconfigurável. Segundo Kaitlyn Becker, professora assistente de engenharia mecânica no MIT, os tijolos de vidro podem ser desmontados e remontados em novas estruturas ao final da vida útil de um edifício. Caso necessário, o vidro pode até mesmo ser derretido novamente e transformado em um novo formato, dando origem a uma nova função dentro do ciclo de construção. Becker acredita que esse processo de reciclagem contínua permitirá a criação de materiais de construção sustentáveis e duradouros, que podem ser utilizados em várias gerações de edifícios sem a necessidade de fabricar constantemente novos componentes. Apesar de ser um material incomum em estruturas de construção, o vidro tem se mostrado promissor. Michael Stern, ex-aluno do MIT e fundador da Evenline, comenta que o vidro como material estrutural é um conceito inovador que está rompendo paradigmas. Em testes mecânicos, os tijolos de vidro impressos em 3D resistiram a pressões comparáveis às de blocos de concreto, provando sua viabilidade como um material resistente e durável. A equipe do MIT já construiu uma parede de tijolos de vidro interligados como demonstração do potencial estrutural da tecnologia. Esses tijolos podem ser reutilizados diversas vezes, evitando o desperdício e promovendo um ciclo sustentável na indústria da construção.

 

Discos voadores, como o próprio nome diz, são vistos no céu. Mas um artesão vietnamita criou um que navega no mar. A invenção de Tram Long Ho é um barco a jato totalmente funcional, e ele deu vida a ela na oficina instalada em sua casa, noticia a Época Negócios, com informações do Daily Mail. Feito de fibra de vidro e algumas placas de aço, a “nave marítima” possui portas automáticas deslizantes, paineis iluminados e espaço suficiente para o piloto se sentar. É capaz de atingir 50 km/h. “Eu criei o que estava sonhando”, escreveu Long Ho em publicação no Facebook. Um vídeo de uma hora que documenta o processo de construção – e foi postado no YouTube – mostra que tudo começou com um modelo de areia no formato desejado. Este molde, então, foi coberto com uma camada de concreto para criar uma casca dura, sobre a qual o artesão colocou camadas de folhas de fibra de vidro e epóxi. Na etapa seguinte, são feitos os desenhos interno e externo e recortadas as janelas em formato de hexágonos e as portas. Com a estrutura geral pronta, inclusive pintada, foi a vez de preparar a parte elétrica e eletrônica e os controles e instrumentos de navegação. Nesta etapa, tiras de LED foram usadas para dar uma cara futurista a lancha, e o cockpit ganhou volante, pedais e painel. O vídeo também mostra Ho soldando dezenas de pequenos segmentos de painéis solares na parte externa da nave. Ao final, é passada mais uma demão de tinta e ajustados os últimos detalhes. A parte inferior da embarcação tem o formato de um barco convencional, o que lhe dá mais controle direcional. Usuários nas redes sociais ficaram espantados com a criação. “Sou um velho engenheiro aposentado. Já projetei muitas coisas na minha vida, mas esta é a coisa mais legal que já vi”, escreveu um. “Você é um alienígena do espaço. Foi assim que você fez uma nave espacial do zero! Nenhum humano poderia fazer o que você fez!”, brincou outro.

 

Cientistas da Universidade de Cambridge, no Reino Unido, criaram uma gargantilha que vai muito além de um acessório estiloso: com componentes eletrônicos flexíveis e Inteligência Artificial (IA), o dispositivo ajuda pessoas com deficiência na fala a se comunicarem ao captar pequenos movimentos na garganta. Com uma precisão superior a 95% na interpretação das palavras, o invento foi divulgado no último dia 13 de setembro, explica a Revista Galileu. Um artigo sobre a invenção foi registrado anteriormente, no mês de maio, no periódico npj Flexible Electronics. A tecnologia empregada na ferramenta, conhecida como interface de fala silenciosa, detecta vibrações vocais e interpreta palavras sem a necessidade do usuário emitir som. Os sinais captados são transmitidos para um computador ou alto-falante, encarregados de realizar a comunicação. A gargantilha inteligente é capaz de identificar variações de pronúncia, sotaques e até regionalismos. Seu design é outro ponto de destaque: confeccionada com um material ecológico à base de bambu, sua cor vem de tinta de grafeno, conhecida por sua resistência e vida útil. A peça oferece todo conforto aos usuários e é removível. Segundo os pesquisadores, a tecnologia é a mais sofisticada do mercado, com sensores cuja sensibilidade é mais de quatro vezes superior a outras alternativas. Testes preliminares mostraram que o dispositivo atinge 95,25% de precisão na interpretação da fala, utilizando 90% menos energia em comparação com as tecnologias mais recentes da área.