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Acesso em 30/07/2025 às 06h52.

Área Tecnológica na Mídia – 21 a 24/05/2024

Confira as notícias de hoje

24 de maio de 2024, às 13h22 - Tempo de leitura aproximado: 25 minutos

 

24/05



Segundo uma pesquisa do Repositório Universitário da Ânima (RUNA), a atividade de edificação exerce impacto significativo no meio ambiente porque a indústria do cimento contribui com 2,3% de todas as emissões de dióxido de carbono no Brasil e 7% globalmente. Uma opção para aliviar esse impacto tem sido os módulos habitacionais ou construção modular. Informações do Relatório de Análise de Ciclo de Vida, produzido pelo Centro de Tecnologia para Construções (CTC), demonstram que a adoção de sistemas leves em construções (como fachadas leves e paredes internas de drywall) pode reduzir em até 28% o potencial de aquecimento global em comparação com edificações de alvenaria convencional, registra o Pini Web. “A busca por soluções habitacionais que unam praticidade, conforto e sustentabilidade tem ganhado destaque. Os módulos surgem como uma alternativa inovadora para enfrentar os desafios do crescimento urbano desenfreado e a necessidade de reduzir o impacto ambiental”, afirma Jaime Freitas, CEO da Brasil Modular, empresa catarinense de construção em módulos. Feitos com materiais eco-friendly e projetados para maximizar o uso de recursos naturais, como a luz solar e a ventilação natural, essas unidades oferecem uma pegada ambiental reduzida em comparação com modelos tradicionais. “Os módulos são construídos com foco na eficiência energética e utilizam tecnologias como isolamento térmico avançado e sistemas de energia renovável, como painéis solares. Essas medidas não apenas reduzem o consumo de energia, mas também diminuem os custos de manutenção para moradores”, diz Freitas. Além dos benefícios ambientais, esse tipo de construção oferece flexibilidade e adaptabilidade. Podem ser facilmente transportados e montados em diferentes locais. “À medida que a preocupação com a sustentabilidade cresce e as cidades enfrentam desafios cada vez maiores relacionados à habitação, os módulos se apresentam como uma solução que combina inovação, praticidade e responsabilidade ambiental”, pontua Freitas.

 


Um grupo de cientistas liderados pela Universidade de Ciência e Tecnologia de Jiangsu, na China, alcançou um avanço notável na evolução das células solares de silício. Com a colaboração da Universidade Curtin, na Austrália, e da LONGi Green Energy Technology, da China, eles conseguiram produzir células solares mais finas do que uma folha de papel A4. Essas células solares ultradelgadas são fabricadas com silício cristalino e têm apenas 50 micrômetros de espessura, marcando um avanço em relação às tentativas anteriores, que tinham uma espessura mínima de 60 micrômetros. A redução na espessura não apenas as torna mais leves e econômicas, mas também as torna adequadas para aplicações em superfícies curvas, como satélites e dispositivos vestíveis, reporta Engenharia é. Apesar de serem mais finas, essas células não sacrificam a eficiência na conversão de energia. Pelo contrário, os pesquisadores conseguiram aumentar  mais de 26% de eficiência, ultrapassando o limite estabelecido para células solares convencionais, graças aos avanços na migração e separação de carga dentro das células mais finas. Com essa tecnologia, espera-se que as células solares flexíveis encontrem aplicações em uma variedade de dispositivos, desde drones até dispositivos vestíveis inteligentes. A equipe trabalha agora no desenvolvimento de células altamente portáteis que possam ser enroladas em filmes, abrindo caminho para uma nova era de energia solar acessível e versátil.

 


Três equipes de pesquisa, trabalhando separadamente, demonstraram uma troca real de informações ao longo de vários quilômetros de fibras ópticas existentes em áreas urbanas reais. Várias equipes já demonstraram em escala metropolitana o entrelaçamento quântico, o fenômeno pelo qual dois ou mais objetos ficam tão intimamente interligados que contêm a mesma informação, independentemente da distância que os separe. Agora foi mais do que isso, com os fótons entrelaçados sendo usados e manipulados para uma troca de informações entre computadores por meio de instalações de comunicações por fibra óptica que já funcionam nas cidades para a internet atual. Esse feito é um passo fundamental para a criação de uma internet quântica, uma rede que promete a troca de informações mais rápida e com segurança virtualmente inquebrável, destaca Inovação Tecnológica. Uma internet quântica poderá fazer bem mais do que garantir a distribuição de chaves criptográficas quase inquebráveis. O uso amplo do entrelaçamento quântico poderá, por exemplo, permitir conectar computadores quânticos separados para formar máquinas distribuídas, maiores e mais poderosas do que cada computador individual. A tecnologia também poderá viabilizar experimentos científicos inéditos, por exemplo, criando redes de telescópios virtuais com a resolução equivalente à de um telescópio único com centenas de quilômetros de diâmetro. Os experimentos foram realizados nas cidades de Boston, nos EUA, Delft, nos Países Baixos, e Hefei, na China. Embora tenham trabalhado com arquiteturas de qubits diferentes, cada uma das três equipes conseguiu conectar com êxito os nós de sua rede usando fótons na parte infravermelha do espectro compatível com as comunicações por fibra óptica, o que é um marco rumo à implementação real de redes quânticas, tornando essas as demonstrações mais avançadas já feitas nesse campo.

 


O hidrogênio verde é uma promessa como combustível do futuro devido ao seu grande potencial energético e baixo impacto ambiental. Ele é produzido pela eletrólise da água utilizando energia limpa, oferecendo uma alternativa aos combustíveis fósseis. No entanto, a produção desse elemento enfrenta desafios significativos. Por isso, um estudo brasileiro publicado na revista Polymer apresentou um novo material que pode ser utilizado na produção de hidrogênio verde. Este material, constituído por nanoestruturas de polianilina com nanotubos de carbono, é capaz de dividir moléculas de água usando luz solar, diferindo dos métodos tradicionais que dependem de eletricidade convencional, frequentemente não limpa. A pesquisa mostrou que o material é estável e eficiente na absorção de luz, o que são características importantes para a fotoeletrocatálise – o uso da luz solar no processo de divisão da água para produção de hidrogênio. A polianilina, um polímero condutor, tem alta condutividade elétrica e recentemente chamou a atenção por seu potencial nesta área. Segundo o Olhar Digital, o hidrogênio verde é visto como crucial para a transição energética por sua abundância e capacidade de contribuir para a descarbonização. Ele pode ser usado em veículos, células de combustível e na produção de produtos químicos. No entanto, sua produção ainda é limitada pelo alto custo, dificuldades tecnológicas e infraestrutura inadequada, além de perdas energéticas no processo de produção.

 

 

23/05


 


Pesquisadores desenvolveram um tipo de concreto sustentável na Austrália que usa mais cinzas de carvão na sua composição. A novidade dura mais e reduz pela metade o uso de outro ‘vilão’ para o meio ambiente: o cimento, é responsável por quase 8% das emissões de carbono no planeta. Globalmente, são produzidas cerca de 1,2 bilhão de toneladas de cinzas de carvão, ou seja, é uma aposta segura que não faltará material para o novo ‘concreto verde’, destaca o projeto da RMIT University Australia, registra o Olhar Digital. Alguns fabricantes de concreto com baixo teor de carbono já usam as cinzas como substituto do cimento, normalmente substituindo até 40% do cimento. A equipe do RMIT quer ir além: aumentar o teor de cinzas para substituir mais de 80% do cimento. Para isso, os pesquisadores usaram uma mistura de cinzas com baixo teor de cálcio, com 18% de cal hidratada e 3% de nanossílica atuando como agentes de reforço. Depois, despejaram um pouco de concreto e começaram a testar suas propriedades mecânicas. O concreto demonstrou aumento de resistência à compressão, foi mais resistente à flexão e apresentou resistência elástica. Superou o cimento normal ao longo do tempo quando exposto a ácidos e sulfatos por dois anos e seu desempenho foi aprovado pela organização Australian Standards. “Nossa adição de nano aditivos para modificar a química do concreto permite que mais cinzas sejam adicionadas sem comprometer a Engenharia”, disse a líder do projeto, Chamila Gunasekara, da Escola de Engenharia da RMIT. A equipe testa como o concreto de baixo teor de carbono se comporta em vigas estruturais. Para Chamila Gunasekara, o composto abre portas para reaproveitar um “recurso enormemente subutilizado para a substituição do cimento”.

 


Uma equipe de pesquisadores da USP completou a entrega do primeiro módulo de óptica adaptativa desenvolvido completamente no Brasil. O sistema SAMplus será instalado no telescópio SOAR (sigla em inglês para Telescópio de Pesquisa Astrofísica do Sul), operando há quase 20 anos em Cerro Pachón, no deserto do Atacama, no Chile. Óptica adaptativa é a correção do efeito que as turbulências da atmosfera induzem nas imagens dos objetos astronômicos, permitindo melhor nitidez. O tratamento ocorre após a luz ser coletada, mas antes de atingir os detectores dos instrumentos astronômicos instalados no telescópio, relata Inovação Tecnológica. Após a integração do módulo ao telescópio SOAR, os primeiros ensaios e testes com observação no céu foram feitos entre 21 e 27 de março. O SAMplus deve ser comissionado antes do segundo semestre de 2024. A equipe é a mesma que faz parte do Telescópio Gigante de Magalhães (GMT, Giant Magellan Telescope), que está em construção no Chile. Os resultados alcançados pelo SAMplus vão além do SOAR. Os megatelescópios terrestres, como o GMT, necessitam de um sistema de óptica adaptativa para otimizar sua grande área coletora de luz. No GMT, o desenvolvimento do sistema ocorrerá quando estiver em funcionamento. A equipe brasileira foi contratada para participar do desenvolvimento do sistema de óptica adaptativa do GMT. O SAMplus é um sistema de óptica adaptativa de ‘camada de superfície’, capaz de medir e corrigir as perturbações na camada mais próxima da superfície da Terra (cerca de 10 km) onde ocorre a maior parte das turbulências. Não corrige completamente o problema, mas permite cobrir todo o campo de visão do SOAR. O telescópio SOAR possui um sistema óptica adaptativa chamado SAM (SOAR Adaptive Module). Esse sistema é do tipo ‘camada terrestre’, corrigindo a turbulência gerada em baixas altitudes da atmosfera. O SAMplus é a atualização desse sistema e opera com um novo computador para o controle em tempo real. O SAM tem espelho deformável com 60 atuadores, enquanto o SAMplus tem 241 atuadores de última geração, e um maior número de subaberturas no sensor de frente de onda. Uma nova câmera CCD aumenta o aproveitamento do fluxo do laser utilizado como estrela guia.

 


Os plásticos sintéticos estão entre os maiores vilões do meio ambiente. Principal base para a produção de recipientes, o material pode levar cerca de 500 anos para se decompor na natureza. Em busca de alternativas, pesquisadores da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto (FFCLRP) da USP desenvolvem soluções ecológicas biodegradáveis às embalagens e canudos, utilizando resíduos agroindustriais e produtos naturais que carregam propriedades antimicrobianas e antioxidantes. Para além de simplesmente substituir o plástico, geralmente baseado em substâncias derivadas do petróleo, o enfoque do grupo da USP, liderado pela professora Delia Rita Tapia Blácido do Departamento de Química da FFCLRP,  é o que chamam de “embalagens ativas”, pois aprimoram a utilidade para o consumidor com características agregadas, como poderes antioxidantes e antimicrobianos obtidos de compostos como a quitosana, a própolis verde e os resíduos de uva e jabuticaba. Responsável pela produção e orientação de diferentes estudos com matéria-prima natural, encontrada principalmente em resíduos agrícolas, a professora Delia Blácido conta que o interesse é utilizar esses recursos para transformar os resíduos que, quando descartados, também podem contaminar o meio ambiente, encontrando soluções criativas que agregam mais valor ao produto final. O estudo criou uma alternativa biodegradável e inteligente aos canudos descartáveis plásticos, resíduos considerados problemáticos tanto pela poluição urbana quanto de praias e ecossistemas marinhos e uma das preocupações da Agenda 2030 da Organização das Nações Unidas (ONU). A proposta da equipe da USP utilizou, na base deste produto, resíduos agroindustriais da polpa do babaçu, fruto comum da região amazônica, associados ao extrato de uva.

 

22/05


 

A Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) planeja testar uma das mais avançadas tecnologias de imageamento por satélite. O teste será conduzido pela Embrapa Territorial como parte do acordo de cooperação técnico-científica para detecção automática de viveiros escavados para aquicultura. A aplicação está sendo desenvolvida pela empresa brasileira Concert Space e o satélite com a aplicação será colocado em órbita pela canadense GALAXIA Mission Systems, por meio da Missão Möbius, prevista para 2025. A assinatura oficial para seguimento dessa parceria acontecerá no dia 22 de maio, na sede da Embrapa Territorial, em Campinas. A tecnologia poderá conferir ao mapeamento remoto da aquicultura maior agilidade na identificação das regiões produtoras no Brasil.

 


A Airbus desenvolveu uma aeronave que funciona como helicóptero e avião ao mesmo tempo. Apresentado na França, na semana passada, o Racer conta não só com a hélice principal, como também com dois rotores apontados para frente. Isso significa que o veículo pode decolar verticalmente, assim como voar em alta velocidade. Com velocidade máxima que ultrapassa os 400 km/h, o Racer chega a ser mais rápido que os mais velozes helicópteros militares. A ideia da Airbus é implementar o Racer em missões de busca e resgate, além de transportes intermunicipais. Para o futuro, o plano é utilizar a aeronave híbrida em voos comerciais, ao lado dos eVTOL. Além de ser mais rápido que helicópteros tradicionais, o Racer é mais econômico, emite menos gases poluentes e faz menos barulho ao voar. A aeronave faz parte do programa europeu Clear Sky 2, que incentiva a criação de veículos aéreos com menor emissão gás carbônico (CO2). Segundo a Airbus, o Racer reduz em 20% o consumo de combustível e as emissões de CO2, em comparação com aeronaves convencionais do mesmo peso. Graças às asas laterais, o veículo ainda sofre menos com vibrações, sendo mais confortável que qualquer outro helicóptero, explica o gizmodo.

 


Com a missão de contribuir para a preservação da história da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) e a memória da pesquisa no Estado, foi lançado no dia 20 de maio o Centro de Memória Fapesp. O site foi inaugurado com um acervo de documentos relacionados a 39 mil projetos apoiados entre o ano de criação da Fapesp (1962) e 1992 e mais 5 mil arquivos digitais com entrevistas, fotos, vídeos, publicações sobre a instituição, programas de pesquisa, relatórios e reportagens da Agência Fapesp e da revista Pesquisa Fapesp, entre outros, além da primeira exposição que tem como tema o Projeto Genoma, relata o Jornal da USP. “A ideia de criar um Centro de Memória surgiu durante as comemorações dos 60 anos da Fapesp, em 2022. A intenção é deixar um legado para as futuras gerações, registrando os esforços de uma agência de fomento e da comunidade de pesquisa paulista para promover o desenvolvimento do Estado com base na ciência, na tecnologia e na inovação”, diz Marco Antonio Zago, presidente da Fundação. A página inicial do site oferece uma visão geral do centro e dá destaques aos documentos e grupos documentais já disponíveis e armazenados no banco de dados que compõe o acervo e o site. Na área Entrevistas, por exemplo, é possível encontrar depoimentos em vídeo de mais de 50 pesquisadores. Dezoito desses depoimentos foram gravados para o acervo do Centro de Memória; os demais foram produzidos pela revista Pesquisa Fapesp e pela Agência Fapesp. O site também reúne mais de 300 documentos institucionais – relatórios, livros, artigos, entre outros – agrupados por ano de produção; mais de 300 obituários; a íntegra de 16 conferências realizadas por ocasião da comemoração dos 60 anos da Fapesp, entre outros.

 


O Gartner anuncia as cinco principais tendências estratégicas de tecnologia em engenharia de software para 2024 e os próximos anos. Alcançar metas empresariais é um dos três principais objetivos de desempenho para 65% dos líderes de engenharia de software, de acordo com a mais recente pesquisa do Gartner, reporta TI Inside. Plataformas de inteligência em engenharia de software oferecem uma visão unificada dos processos de engenharia. O Gartner prevê que, até 2027, 50% das empresas de engenharia de software utilizarão plataformas de inteligência para medir e aumentar a produtividade dos desenvolvedores, em comparação com 5% registrados neste ano. Segundo a pesquisa do Gartner, 58% dos entrevistados disseram que suas empresas estão usando ou planejando usar Inteligência Artificial Generativa nos próximos 12 meses para controlar ou reduzir custos.  Engenharia de software verde é o campo de construção de programas de carbono. O Gartner prevê que, até 2027, 30% das grandes empresas globais incluirão a sustentabilidade do software em seus requisitos não-funcionais, em comparação com menos de 10% em 2024. A engenharia de plataforma fornece um ‘caminho pavimentado’ para o desenvolvimento de software. O Gartner prevê que, até 2026, 80% das grandes empresas de engenharia de software estabelecerão equipes de engenharia de plataforma, em comparação com 45% em 2022. Os ambientes de desenvolvimento em nuvem fornecem acesso remoto a um ambiente de desenvolvimento hospedado em Cloud. Essa separação do ambiente de desenvolvimento da estação de trabalho física permite um onboarding mais rápido de desenvolvedores.

 

 

21/05


 


Apesar de não ter ficado imune às ondas de desinformação e ao negacionismo científico que emergiu no mundo nos últimos anos, o Brasil continua sendo um dos países cuja população declara ter maior interesse e otimismo sobre a ciência e defende que os investimentos públicos nessa área devem ser mantidos ou aumentados, mesmo em anos de crise. Quase a totalidade (94%) dos entrevistados na nova edição da pesquisa sobre “Percepção pública da ciência e tecnologia no Brasil”, lançada pelo Centro de Gestão e Estudos Estratégicos (CGEE), apontou que o governo deve aumentar ou manter os investimentos em pesquisa científica e tecnológica nos próximos anos, contra apenas 3% que indicaram que é preciso diminuir os investimentos. A porcentagem dos brasileiros que reconhece a existência das mudanças climáticas também é das mais altas no mundo. A maioria da população (95%) afirma ter consciência de que esse fenômeno está ocorrendo no país e no planeta e 60% acreditam que ele representa um grave perigo. Uma das constatações feitas por meio do estudo foi que o nível de interesse da sociedade brasileira sobre ciência e tecnologia tem se mantido estável ao longo das últimas duas décadas de realização do trabalho. Mais da metade dos entrevistados (60%) declararam estar interessados ou muito interessados nesses temas, à frente do interesse por esporte (54,3%); arte e cultura (53,8%); e política (32,6%). A visão positiva que a sociedade brasileira tem sobre a ciência e a tecnologia também tem se mantido alta ao longo das últimas décadas, indicam os resultados do estudo. No total, 66% dos entrevistados disseram que a C&T traz só benefícios ou mais benefícios do que malefícios para a sociedade – um percentual maior do que o registrado em países como o Japão e o Canadá, destaca a Agência Fapesp.  Em geral, os brasileiros tendem a perceber as novas tecnologias como mais positivas do que negativas, mesmo as mais controversas, como a nuclear e a nanotecnologia, e consideram que as vacinas são importantes e têm impactos muito positivos na saúde pública. Somente 8% disseram que os impactos delas são negativos, revelou o estudo.

 


Uma parceria entre o Projeto UrbVerde e a Secretaria de Mudanças Climáticas de São Paulo (Seclima) pretende buscar soluções voltadas para monitoramento e adaptação urbana aos desafios climáticos. O encontro ocorreu em 6 de maio e contou com a participação de estudantes e professores do projeto, além da equipe da Secretaria. Durante a reunião, foram abordadas questões como o engajamento da população em ações sustentáveis e o desenvolvimento de manuais voltados à educação climática, registra o Jornal da USP. Foi discutido o impacto da vegetação no controle da temperatura urbana, estudo que o UrbVerde pretende compartilhar. As discussões também incluíram gestão de resíduos sólidos. Embora 76% da cidade tenha coleta seletiva, apenas 3% dos resíduos são efetivamente reciclados. Os representantes do Projeto UrbVerde explicaram o desenvolvimento de suas plataformas e a execução do identificador de ilhas de calor no bairro do Morumbi e em Paraisópolis, chamando a atenção para a distribuição desigual dos impactos climáticos na sociedade. O UrbVerde enviará propostas de parceria à Seclima, buscando não apenas avançar com os projetos em curso, mas também atrair mais cidadãos para a causa ambiental por meio de ferramentas de comunicação para provimento de dados e informações climáticas. O projeto UrbVerde – Plataforma de Monitoramento de Áreas Verdes Urbanas do Estado de São Paulo, oferece uma solução para o tratamento de imagens de satélite e análise espacial de áreas verdes, permitindo o acesso a dados voltados para o debate e suporte na criação de políticas públicas. A plataforma traz mapeamentos anuais e em escala intraurbana, relatórios sobre ilhas de calor, índices de vegetação por setores censitários urbanos e distribuição e acessibilidade de espaços institucionais como parques urbanos e praças para os 645 municípios de São Paulo.

 


Um grupo de pesquisadores observou que critérios fundamentais para definir se uma área de Mata Atlântica pode ou não ser suprimida por seus proprietários são pouco claros. Com isso, podem dar margem para o desmatamento legal de áreas que prestam importantes serviços ecossistêmicos. O grupo propõe mudanças que podem simplificar o processo de licenciamento para o proprietário, ao mesmo tempo em que tornam a política de conservação mais efetiva. O estudo foi publicado na revista Perspectives in Ecology and Conservation, informa a Agência Fapesp. “A legislação, de modo geral, determina que florestas em estágio inicial, com exceção das inclusas na área obrigatória de conservação [Reserva Legal e Áreas de Preservação Permanente], podem ser suprimidas em até 100%, a depender do caso”, explica Angélica Resende, primeira autora do estudo, realizado como parte de seu pós-doutorado na Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz da USP (Esalq). “No entanto, resoluções como a do Estado de São Paulo não determinam um método para fazer uma classificação do estágio da floresta que realmente meça os atributos mais importantes dessas áreas, o que dá margem a distorções”, completa. Além do levantamento do estágio de sucessão florestal, outro requisito nos pedidos de autorização para supressão de Mata Atlântica é o inventário da flora da área a ser desmatada, a fim de verificar a diversidade de espécies arbóreas e a ocorrência de espécies ameaçadas de extinção. No entanto, os autores argumentam que a tarefa exige um grau de especialidade alto, uma vez que o bioma tem um número elevado de espécies e os grupos vegetais variam de uma região para outra ou até numa mesma região. Isso torna virtualmente impossível seguir a determinação à risca se não com um especialista muito bem treinado. Por isso, o grupo propõe eliminar essa etapa numa primeira parte do pedido de autorização e aplicá-la num segundo momento, apenas nos autorizados na fase inicial. Os levantamentos seriam realizados por técnicos certificados ou a serviço do governo. O estudo integra o projeto ‘Compreendendo florestas restauradas para o benefício das pessoas e da natureza – NewFor’, do Programa BIOTA e coordenado por Pedro Brancalion, professor da Esalq.

 

20/05


 


Na década de 1980, a Nasa desenvolveu uma aeronave extremamente instável e com desenho inusitado: asas viradas para a frente, e não para trás como a maioria dos aviões. O X-29 era um modelo experimental feito pelo governo dos EUA, resultado da parceria entre a agência espacial americana, a Força Aérea, a Darpa, a agência de projetos de pesquisa avançada de defesa dos EUA, e a Grumman Corporation. Ele era considerado o avião mais instável já construído do ponto de vista aerodinâmico, justamente por ter a asa invertida. Tinha uma pilotagem complexa, era muito difícil manter o avião voando de maneira eficiente, relata o UOL. Esse tipo de avião é um demonstrador, um tipo de aeronave utilizada para desenvolver novas tecnologias. Entre as novidades do avião estavam as asas de fibra de carbono. Também foi desenvolvido um sistema de voo fly-by-wire, que comanda o avião de maneira computadorizada, em vez de um sistema de cabos acionados pelo piloto na cabine. A instabilidade permitia que o avião manobrasse de maneira mais dinâmica e suportasse algumas condições de voo que outros modelos não conseguiriam. Entretanto, esse desenho da asa não foi adotado nos caças da Força Aérea norte-americana. Outras tecnologias testadas no X-29 evoluíram com os anos, caso dos materiais compostos para as asas, como a fibra de carbono, e técnicas de fixação da asa na fuselagem da aeronave, que tornariam essas conexões mais resistentes aos esforços que o caça teria de suportar durante o voo. Ele foi construído a partir de partes de outros aviões já consolidados à época, caso dos caças F-5 e F-16 Falcon, que forneceram partes da estrutura e dos comandos para a montagem do X-29. O projeto durou de 1984 a 1992 e a aeronave realizou 436 missões.

 


Cientistas suecos apresentaram um protótipo de bateria que, em vez de priorizar a capacidade de carga, teve sua tecnologia ajustada para ser barata e durar muito. Para isso, em lugar dos materiais tradicionais, como lítio e cobalto, a bateria é feita de um material derivado da madeira e de zinco, um metal abundante e barato. Em termos de densidade de energia, é comparável às baterias de chumbo-ácido, usadas nos automóveis a combustão, mas sem o chumbo, que é tóxico, registra Inovação Tecnológica. É estável e muito durável: suportou mais de 8.000 ciclos de carga e descarga nas etapas de teste, mantendo 80% de seu desempenho. Além disso, a bateria mantém a carga durante uma semana, mais tempo do que baterias semelhantes à base de zinco, que descarregam em algumas horas. A tecnologia das baterias de zinco é antiga: está na maioria das pilhas não recarregáveis. Contudo, quando a capacidade de recarregamento é adicionada, torna-se uma tecnologia que pode rivalizar com as baterias de íons de lítio em algumas situações. O problema com as baterias recarregáveis de zinco tem sido principalmente a baixa durabilidade devido à reação do zinco com a água na solução eletrolítica. Essa reação leva à geração de hidrogênio e ao crescimento dendrítico do zinco, tornando a bateria rapidamente inutilizável. Para estabilizar o zinco, é usada uma substância chamada eletrólito de sal polímero-em-água, à base de poliacrilato de potássio. Os pesquisadores descobriram que quando essa substância é usada em bateria contendo zinco e lignina, a estabilidade é mais alta. A lignina é a ‘cola’ que mantém juntas as fibras da madeira, mas é quase totalmente descartada na indústria de papel e celulose. Os protótipos desenvolvidos em laboratório são pequenos. Mas os pesquisadores acreditam que podem criar baterias grandes, do tamanho de uma bateria de carro, graças à abundância da lignina e do zinco.

 


Dinamarca, China e principalmente a Holanda – que sofria com o risco de alagamentos e enchentes por grande parte do seu território estar localizado abaixo do nível do mar –, criaram uma estratégia para combater esse problema: os parques alagáveis. Uma alternativa aos piscinões, esses espaços urbanos são construídos para serem alagados com o excesso de água das chuvas, reporta Um Só Planeta. “Temos de dar espaço para as águas – e não brigar com elas. É preciso deixar as águas realmente ocuparem e se expandirem em trechos onde elas têm espaço para isso. Permiti-las chegar e ir embora, seguindo seu fluxo. Temos de fazer as pazes com as águas e os parques alagáveis são uma grande ferramenta para isso”, comenta Paulo Pellegrino, professor de Planejamento e Projeto de Paisagem da FAU-USP. Como as áreas de várzea naturais foram destruídas por conta do avanço das cidades, os parques alagáveis foram criados como formas de gerir o escoamento da água no cenário urbano. Ao usufruir da capacidade natural da vegetação e do solo, esses espaços absorvem a água das chuvas e evitam que ela invada áreas residenciais. Durante fortes períodos de chuvas, o espaço é responsável por reter a água, portanto fica inutilizado. À medida que ela vai sendo liberada aos poucos mediante um processo natural, o nível da água baixa e a comunidade pode usufruir dos playgrounds, quadras e outras áreas de lazer, como qualquer outro parque. Se for composto por determinadas espécies de plantas aquáticas, o parque tem a capacidade de filtrar a água da chuva, que pode ser tratada e reutilizada. Os parques alagáveis fazem parte das Soluções Baseadas na Natureza (SBN), que consistem em medidas urbanas inspiradas em processos que reproduzem a ‘tecnologia da natureza’. Essas medidas estão ligadas ao novo conceito de urbanismo climático, que tem o objetivo de criar cidades mais sustentáveis, adaptáveis e resilientes perante eventos climáticos extremos.