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Acesso em 08/06/2025 às 23h00.

Área Tecnológica na Mídia – 03/06/2024 a 07/06/2024

Confira as notícias de hoje

7 de junho de 2024, às 9h24 - Tempo de leitura aproximado: 28 minutos

 

07/06


 


A SpaceX, empresa de foguetes do bilionário Elon Musk, lançou nesta quinta-feira o foguete Starship — maior e mais poderoso foguete já construído — pela quarta vez, a partir da base de testes da empresa Boca Chica, Texas, Estados Unidos. O conjunto — composto pelo nave Starship e o booster Super Heavy — decolou às 9h20 (horário de Brasília). A empresa conseguiu fazer um pouso suave do booster intacto pela primeira vez, no Golfo do México. O terceiro voo do foguete, em março, foi considerado pela empresa o mais bem sucedido até então, destaca a Época. A nave completou sem erros a primeira etapa do voo, e chegou ao Espaço para executar uma série de testes em trajetória sub-orbital. Caso o foguete fosse descartável — como todos os modelos produzidos por outros países, agências espaciais e empresas — o sucesso seria completo. Mas, como o diferencial do Starship é que a nave está sendo projetada do princípio para ser 100% reutilizável, a missão não estava completa. Na etapa de reentrada, a empresa perdeu contato com as duas partes do conjunto. Segundo a companhia, o objetivo dos testes práticos é obter o máximo de informações para construir um sistema de transporte criado para transportar pessoas e cargas para a órbita terrestre, a Lua e Marte. A nave é a aposta da SpaceX, com um veículo totalmente reutilizável, enorme capacidade de carga e que deverá pousar astronautas na Lua, através do programa Artemis, da Nasa, e futuramente em Marte.  O foguete tem 120 metros de altura, e produz uma força de empuxo de 74,3 mega newtons, mais que o dobro dos foguetes Saturno V utilizados para enviar os astronautas da missão Apollo à Lua.

 


Cientistas da Unicamp desenvolveram um método inovador para extrair teobromina e cafeína das cascas de amêndoas de cacau usando mel de abelhas sem ferrão como solvente. Liderada por Felipe Sanchez Bragagnolo, a pesquisa contou com Monique Martins Strieder, Leonardo Mendes de Souza Mesquita e supervisão de Maurício Ariel Rostagno, com financiamento da FAPESP. A técnica utiliza ultrassom de alta intensidade, eliminando a necessidade de solventes orgânicos prejudiciais e simplificando a extração, tornando-a mais eficiente e sustentável. As cascas das amêndoas de cacau são ricas em teobromina e cafeína, mas métodos convencionais de extração envolvem solventes nocivos e processos complexos. O mel de abelhas sem ferrão (Melipona quadrifasciata, conhecida como mandaçaia) serve como um solvente natural, eliminando resíduos tóxicos e agregando propriedades antibacterianas, antioxidantes e nutritivas ao produto final. Este mel torna a extração mais rápida e eficiente, sem necessidade de secagem posterior, e oferece benefícios à saúde, podendo ser usado em cosméticos e produtos nutracêuticos. Além da eficiência técnica, o uso do mel da abelha mandaçaia valoriza a biodiversidade local e promove a economia circular ao aproveitar resíduos agrícolas. A abordagem sustentável e inovadora da Unicamp demonstra como a ciência pode reduzir o impacto ambiental e criar produtos diferenciados e autênticos, alinhados com os princípios da química verde.

 


A equipe da Unicamp vencedora de um desafio internacional da Nasa recebeu o prêmio na quarta-feira (5), em solenidade realizada na sede da agência espacial dos EUA, em Washington D.C. Chamada de Space App Challenge, a maratona 2023 promovida pela Nasa registrou a inscrição de 57.999 estudantes de 152 países. Batizado de Greetings from Earth (Saudações da Terra), o time da Unicamp foi formado pelos alunos de Engenharia de Computação Andreas Cisi Ramos, Bruno Amaral Teixeira de Freitas, Bernardo Panka Archegas, Naim Shaikhzadeh Santos e Felipe Gabriel Brabes da Silva, além de Daniel Yuji Hosomi, da Ciência de Computação. O grupo desenvolveu um site imersivo que dá aulas a um habitante de um planeta distante sobre a importância dos oceanos para a vida na Terra. Depois da premiação, a Nasa organizou um painel com vencedores do desafio e líderes locais da maratona. Do Brasil, participou do painel o aluno de mestrado da Faculdade de Engenharia Elétrica e Computação (Feec) Marco Antonio Linhares, que foi o organizador do desafio Nasa em Campinas e região. Também participaram do painel representantes de equipes da Colômbia, de Bangdalesh e da Argentina. O reitor Antonio José de Almeida Meirelles destacou no contexto da premiação o apoio de empresas-filhas da Unicamp à participação. O desafio da Nasa também premiou trabalhos de estudantes de Taiwan, Peru, EUA, Tajiquistão, Ucrânia e Bangladesh.

 

 

06/06


 


O Mercado Livre anunciou na quarta-feira (5) que está introduzindo robôs na operação de coleta de produtos no seu segundo maior centro de distribuição no Brasil, em Cajamar, na região metropolitana de São Paulo. No local, são processados cerca de 500 mil pacotes por dia e o objetivo é agilizar o processo de coleta de produtos, chamado de ‘picking’, registra Época Negócios. Os robôs móveis autônomos (conhecidos como AMR: Automated Mobile Robots) foram desenvolvidos em parceria com a chinesa Quicktron. A empresa do e-commerce estima que essa automação deve trazer dois resultados principais: baixar o tempo de processamento dos pedidos em 20% e reduzir em 70% a distância percorrida por dia pelos funcionários da área. Em vez de o empregado se locomover até as prateleiras para guardar um produto que chegou do vendedor ou para coletar um produto que foi vendido, a própria prateleira vai levada ao funcionário, com a ajuda de um dos robôs. A automação foi efetuada numa área fechada, no quarto andar do centro de distribuição, onde há centenas de estantes com caixas de produtos vendidos no marketplace. Esses robôs, que parecem um aspirador-robô grande, de 1 metro de diâmetro e 145 quilos, se colocam embaixo das estantes, as suspendem e aí se locomovem, carregando-a até o ponto onde está o funcionário, numa velocidade de 2 metros por segundo. Cada robô consegue carregar até 600 quilos e tem autonomia de 8 horas. Quando a bateria está no fim, o próprio robô se direciona para a área de carregamento. Há um ganhho adicional: economia de espaço, que possibilita que o centro de distribuição em Cajamar armazene de 10% a 15% mais itens por metro quadrado. Durante a fase piloto, que durou três meses, foram testados 100 robôs, número que aumentará para 334 até o fim deste ano. A partir do ano que vem, a companhia planeja levar a automação para outros CDs no Brasil e na América Latina. Esse tipo de robô já é comum em grandes empresas estrangeiras que atuam com logística, como Amazon e DHL, mas, segundo o Mercado Livre, é inédito na América Latina. A empresa não revela quanto foi investido especificamente neste projeto. Informa apenas que o montante faz parte dos mais de R$ 23 bilhões que devem ser investidos no Brasil neste ano.

 


Pesquisadores do Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (Ipen), órgão associado à USP, testaram o uso de caldo de cana para gerar energia elétrica em células a combustível. O processo dispensa a transformação do caldo in natura em etanol, feita nas usinas de álcool, impedindo a formação de resíduos nocivos ao meio ambiente. Após o êxito dos experimentos em laboratório, os cientistas vão desenvolver a aplicação da técnica em escala industrial, relata o Jornal da USP. “A célula a combustível tem o mesmo princípio de funcionamento de uma pilha. A diferença é que o combustível serve como reagente para ser consumido e gerar eletricidade”, explica o pesquisador Almir Oliveira Neto, que coordenou a pesquisa. “Na célula, há dois eletrodos, o ânodo, no qual o combustível é oxidado, e o cátodo, no qual o oxigênio da oxidação é reduzido. Eles são conectados por uma membrana, que atua como eletrólito, conduzindo eletricidade, formando um sistema que fornece energia elétrica”, detalhou. “No dispositivo que foi desenvolvido na pesquisa, a oxidação do caldo de cana acontece no ânodo e a redução de oxigênio no catodo. O objetivo do experimento era obter energia da biomassa com o mínimo impacto ambiental. Para isso, utilizou-se o caldo de cana em uma célula a combustível para gerar energia elétrica”, descreve o pesquisador. “O uso do caldo de cana direto evita a formação de vinhaça, um resíduo ambientalmente perigoso decorrente da produção de etanol”, acrescentou. Segundo Oliveira Neto, a célula a combustível pode usar o caldo obtido diretamente pela moagem da cana, como o vendido nas feiras. “No entanto, é preciso uma padronização, pois pode apresentar variações em decorrência da safra de cana. No nosso trabalho, produzimos um caldo de cana sintético para poder comparar os resultados, mas o caldo de cana in natura foi empregado numa pesquisa anterior”, completou.

 


Cientistas da startup da Suíça FinalSpark utilizaram organoides cerebrais e colocaram as pequenas amostras de tecido cerebral humano derivadas de células estaminais neurais em um ambiente que os mantém vivos, gerando um processador de computador com neurônios humanos, de acordo com estudo publicado na revista científica Frontiers. Em seguida, os cientistas ligaram os minicérebros a eletrodos para realizarem o procedimento informático e as conversões analógicas digitais para transformar a atividade neural em informação digital, reporta o Petrosolgas. Segundo a cientista Ewelina Kurtys, autora principal do estudo, uma das maiores vantagens desse processador é que os neurônios calculam a informação com muito menos energia do que os computadores digitais. A estimativa é que os neurônios vivos possam usar mais de um milhão de vezes menos energia do que os atuais processadores digitais. Os cientistas descobriram que esse processador de computador com neurônios humanos tem várias vantagens em comparação com os equipamentos baseados em silício. Para Kurtys, essa é uma das razões pelas quais o uso de neurônios vivos para cálculos é uma oportunidade tão interessante. A cientista conclui que, para além de possíveis melhorias na generalização dos modelos de inteligência artificial, seria possível também reduzir as emissões de gases com efeito estufa sem sacrificar o processo tecnológico. Em 2023, cientistas ligaram neurônios a circuitos elétricos, o que resultou em um dispositivo capaz de efetuar reconhecimento de voz. A FinalSpark estima que outras instituições usem a neuroplataforma para avançar os estudos de biocomputadores, ao mesmo tempo que posicionam essa ferramenta como o próximo passo da IA. A tecnologia de processador de computador com neurônios humanos se dá por meio do uso de quatro dispositivos conhecidos como Multi-Electrode Arrays (MEAs), usados em neurociência para registrar e estimular a atividade elétrica de neurônios. Os MEAs consistem de uma matriz de pequenos eletrodos dispostos em uma superfície, que pode ser colocada em contato com tecidos biológicos. Neste caso, os MEAs abrigam organoides: massas de células 3D de tecido cerebral. Cada MEA contém quatro organoides interligados por oito eletrodos. Esse bioprocessador tem um software que permite aos cientistas inserir comandos e dados. Esse software ajuda a processar e interpretar as informações das células, mostrando resultados que os cientistas podem entender e usar em suas pesquisas. A neuroplataforma permite que os pesquisadores realizem experimentos em organoides neurais com vida útil superior a 100 dias.

 


Pesquisadores brasileiros, liderados por Daniela Bittencourt da Embrapa, estão desenvolvendo estudos com a célula JCVI-syn3.A, uma versão melhorada da célula JCVI-syn3.0, conhecida por ter o menor genoma sintético. Esta célula, com 19 genes adicionais para facilitar a manipulação em laboratório, está sendo explorada por seu potencial de interagir com células de mamíferos e eventualmente ser usada para entregar medicamentos diretamente às células afetadas por doenças como o câncer. Além disso, a pesquisa também investiga a capacidade dessas células de decompor plásticos nos oceanos, oferecendo soluções ambientais significativas. No campo da agricultura, a biologia sintética pode ser revolucionária. Pesquisadores buscam criar bactérias capazes de fixar nutrientes no solo, aumentando a produtividade das culturas. Isso pode reduzir a necessidade de fertilizantes químicos, diminuindo o impacto ambiental da agricultura. As bactérias podem ser programadas para atuar como biossensores, detectando a presença de contaminantes na água, o que é essencial para garantir a segurança hídrica. Essas inovações prometem criar um ciclo agrícola mais sustentável e eficiente, utilizando microorganismos para melhorar a qualidade do solo e da água, contribuindo para a saúde das plantações e do meio ambiente. Além disso, testes com neutrófilos humanos mostraram que a JCVI-syn3.A não provoca reação imune, sugerindo seu potencial seguro para desenvolvimento de vacinas e entrega de medicamentos. Esses avanços colocam o Brasil no mapa global da biologia sintética, abrindo caminho para inovações biotecnológicas que podem resolver problemas ambientais e de saúde.

 

 

 

05/06


 


Existem diversas condições que levam à paralisia de membros, sejam doenças neuromusculares ou acidentes. A medicina deve unir esforços com outras áreas do  conhecimento para poder desenvolver melhores maneiras de tratar um paciente paralisado. Nesse sentido, o projeto de Zilda de Castro Silveira, professora na Escola de Engenharia de São Carlos da USP, une Engenharia e Medicina para ajudar no auxílio psicoterapêutico e na reabilitação de pacientes que possuam algum tipo de paralisia superior, relata o Jornal da USP. Segundo Zilda de Castro, o desenvolvimento do protótipo sling começou com o contato com terapeutas ocupacionais, que auxiliaram a definir a função e desenvolver os parâmetros para a construção do projeto. O aparelho tem como diferencial ser modular e permite ao paciente em recuperação depois de uma paralisia a abrir gradualmente os braços até 180º. O equipamento também sustenta o cotovelo, o punho e o dedão, o que deve ajudar no acompanhamento e na assistência de pacientes que passaram por um acidente vascular encefálico (AVE). O foco dessa primeira versão é auxiliar principalmente na melhora da saúde mental de pacientes acometidos por uma paralisia. Um novo protótipo voltado para a reabilitação já está sendo desenvolvido, conta Zilda. Foi testado no Departamento de Terapia Ocupacional do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP e o paciente verificou conforto e estabilidade enquanto ganhava pequenas amplitudes de movimento.

 


A Secretaria de Agricultura e Abastecimento de São Paulo e a Fapesp deram início a uma parceria para apoiar o desenvolvimento de pesquisa e inovação com foco no agronegócio. “O objetivo é garantir, com mais agilidade, soluções para as demandas do nosso setor”, disse o secretário Guilherme Piai durante reunião com o presidente da Fundação, Marco Antonio Zago, e outros membros da diretoria, além de representantes de instituições ligadas ao agronegócio. Foi estabelecido o prazo de 30 dias para que a Fapesp e as áreas técnicas da secretaria, da Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (APTA), do Instituto Agronômico (IAC) e do Fundo de Defesa da Citricultura (Fundecitrus) – associação privada, representada na reunião pelo seu gerente-geral, Juliano Ayres – elaborem uma proposta para atuação em quatro áreas consideradas prioritárias: combate ao greening, doença que ataca as lavouras de cítricos; biocombustíveis; fertilizantes e bancos de germoplasma, informa a Agência Fapesp. Zago lembrou o do sequenciamento do genoma da Xylella fastidiosa, nos anos 1990, e programas como o de Bioenergia. Ayres, da Fundecitrus, citou a contribuição do Projeto Genoma, inaugurado com o sequenciamento da X. fastidiosa, causadora de doença que, na época, dizimava a citricultura paulista, e que fez avançar a pesquisa nessa área. Na área de bioenergia, o secretário enfatizou a importância do setor sucroenergético na transição do Estado em direção à descarbonização. “Temos 180 usinas registradas no Ministério da Agricultura, sendo quase 70 delas a 20 km de gasodutos já existentes. São Paulo tem o pré-sal caipira, uma preciosidade na produção de energia renovável e biocombustível”, pontuou. A lista de desafios inclui a busca de soluções para fertilizantes, apontou a diretora-geral do Instituto Biológico, Ana Eugênia de Carvalho Campos, e o apoio da Fapesp ao gerenciamento e à preservação dos bancos de germoplasma da APTA. De acordo com o subsecretário Orlando Melo de Castro, a parceria com a Fapesp pode impulsionar a otimização dos bancos paulistas. “O apoio técnico e administrativo visa a um incremento no aproveitamento desse material genético, otimizando a pesquisa e a inovação no Estado”, arrematou.

 


A computação quântica vai além dos tradicionais conceitos de hardware e software, incorporando as leis da física para resolver problemas complexos. Embora computadores quânticos sejam mais sofisticados, eles não substituem os sistemas tradicionais, mas complementam suas funções. Empresas como IBM, Microsoft e Google investem na combinação dessas tecnologias, buscando reduzir erros e melhorar a eficiência. Na computação quântica, o processamento ocorre com qubits, que podem representar 0 e 1 simultaneamente, permitindo processamento multidimensional e velocidades muito superiores à computação clássica. No entanto, essa tecnologia enfrenta desafios, como a necessidade de operar em ambientes de temperatura controlada para evitar ruídos que comprometem os resultados. A IBM está avançando na computação híbrida, que integra computação quântica e clássica, visando aplicações em diversas indústrias e na inteligência artificial (IA). A combinação de IA e computação quântica, ou IA Quântica (QAI), promete revolucionar a tecnologia ao permitir modelos de IA mais poderosos e eficientes. A expectativa é que a computação quântica seja amplamente adotada até o final da década, transformando diversos setores, destaca o gizmodo.

 

04/06


 


Por meio de softwares de aproximação e reconstrução facial forense, pesquisadores conseguiram chegar à aparência do faraó Seqenenre-Taa-II, que governou o Egito entre 1558 e 1553 a.C. As imagens resultantes do estudo foram publicadas na revista OrtogOnLineMag, em artigo assinado pelo designer 3D brasileiro Cícero Moraes e pelo arqueólogo suíço Michael Habicht, relata Galileu. Conhecido como ‘o bravo’, Seqenenre-Taa-II morreu há mais de 3.500 anos. Embora existam poucos registros do período, acredita-se que o seu reinado tenha coincidido com a ocupação do território do Egito pelos hicsos (povo originário das regiões da Síria e Canaã). A múmia do faraó é estudada desde 1886 e, ao longo dos anos, foi objeto de análise de muitos especialistas. Estima-se que, próximo da morte, tinha altura de 1,67m e 40 anos de idade. Apesar de haver discordâncias entre os especialistas (como, por exemplo, em relação à ascendência de Seqenenre-Taa-II), todos concordam que o governante egípcio provavelmente morreu em decorrência de um golpe na cabeça. Chegou-se a essa conclusão pela observação de um ferimento acima do osso da sobrancelha da múmia. Pelas anotações dos especialistas, o tamanho do corte varia de 54 a 70mm e foi causado por um machado afiado. As imagens do faraó geradas por Moraes e Habicht ilustram a lesão em seu rosto em uma versão que considera a violência que levou ao seu assassinato. A aproximação e reconstrução facial forense é uma técnica que gera e sugere a face de um indivíduo a partir de seu crânio. Não se trata de uma ferramenta de identificação – como, por exemplo, testes de DNA ou análise da arcada dentária – mas de reconhecimento de características, o que pode levar posteriormente à identificação. Como o crânio de Seqenenre-Taa-II apresenta algumas regiões comprometidas ou fora das posições originais, para que fosse reconstruído em um modelo 3D, o projeto de Moraes e Habicht precisou considerar dados, imagens e mensurações das anotações históricas da múmia. Essas informações foram cruzadas em um desenho vetorial pelo software Inkscape. O crânio de um doador virtual foi adaptado às dimensões do faraó, em um processo de deformação anatômica. O processo de modelagem foi efetuado no software Blender 3D, utilizando dados de tomografias computadorizadas de indivíduos vivos do continente africano.

 


O cultivo de café arábica, o mais produzido no Brasil, deverá ser impactado pelas mudanças climáticas nas próximas décadas. Segundo projeções feitas por pesquisadores da Unesp e dos institutos federais do Mato Grosso do Sul e do Sul de Minas, o país deverá perder mais de 50% das áreas propícias ao cultivo do grão até 2080 em cenários climáticos mais e menos extremos. Eles se baseiam em conjunturas climáticas globais formuladas pelo Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) — da mais otimista (RCP2.6) à mais pessimista (RCP8.5) — para simular o crescimento e a produtividade do café arábica em diferentes regiões e identificar as áreas que permanecerão aptas para seu cultivo e aquelas que se tornarão inaptas entre 2041 e 2060 e de 2061 e 2080. No cenário climático mais otimista, as emissões de gases de efeito estufa diminuem para zero por volta de 2075 e se tornam negativas depois disso. No mais pessimista, as emissões não param de aumentar até o fim deste século, de modo que a temperatura média da atmosfera será, em 2100, cerca de 4 graus Celsius (°C) maior do que a atual, registra o Jornal da Unesp. Atualmente, 8,72% do território brasileiro — o equivalente a 740.892 km² — encontra-se apto para o cultivo de café arábica na Bahia, Espírito Santo, Goiás, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Paraná, Rio de Janeiro e São Paulo. Mais 5,1% do território podem se tornar propícios para o cultivo do grão se for adotada metodologia adequada de irrigação. No entanto, o que os estudos sugerem é que o mais provável é que a área adequada para essa cultura diminua nas próximas décadas — e de forma expressiva. “O café é muito suscetível ao clima e pode apresentar produtividades altas ou baixas, dependendo da temperatura do ar e das chuvas, durante seu ciclo de produção”, explica o engenheiro agrônomo Glauco de Souza Rolim, pesquisador do Departamento de Ciências Exatas da Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias da Unesp, campus Jaboticabal, e um dos autores de um artigo publicado na revista Environment, Development and Sustainability. Se a temperatura média anual em determinada região for menor que 15 °C, automaticamente se torna inapta à produção de café devido ao frio. A exposição a temperaturas acima de 30 °C tende a causar problemas no grão.

 


Depois da água, o concreto é o segundo material mais utilizado no mundo. É responsável por cerca de 7,5% do total de emissões de carbono causadas pela queima de combustíveis fósseis. Para descobrir uma forma escalável e econômica de reduzir as emissões na produção de concreto, pesquisadores da Universidade de Cambridge chegaram ao desenvolvimento de um concreto de baixas emissões. Concreto reciclado e ‘Forno Elétrico a Arco’ foram os dois pontos-chave da nova descoberta, relata o Ciclo Vivo. O ‘Forno Elétrico a Arco’ é um equipamento para fundir materiais, especialmente metais, por isso é usado na reciclagem do aço. Os cientistas descobriram que o cimento usado é um substituto eficaz para o fluxo de cal, que é utilizado na reciclagem do aço para remover impurezas, mas normalmente acaba como um resíduo conhecido como escória. Ao substituir a cal pelo cimento usado, o produto final é o cimento reciclado que pode ser usado para fazer um novo concreto com baixas emissões. Esse método de reciclagem de cimento não acrescenta custos significativos ao concreto e pode ajudar a reduzir as emissões de carbono tanto do concreto quanto do aço por causa da menor necessidade de fluxo de cal. A pesquisa foi publicada na revista Nature. A mesma técnica poderia produzir cimento com emissão zero, se o Forno Elétrico a Arco for alimentado por energia renovável. “Tive uma ideia de que se fosse possível esmagar o concreto velho, retirando a areia e as pedras, o aquecimento do cimento removeria a água e formaria o clínquer novamente”, disse Cyrille Dunant, do Departamento de Engenharia. “Um banho de metal líquido ajudaria nessa reação química, e um ‘Forno Elétrico a Arco’, usado para reciclar aço, parecia uma forte possibilidade. Tínhamos de tentar”, explicou. O processo de clínquer requer calor e a combinação certa de óxidos, todos presentes no cimento usado, mas que precisam ser reativados. Os pesquisadores testaram uma série de escórias, feitas de resíduos de demolição e adicionadas de cal, alumina e sílica, que foram processadas no ‘Forno Elétrico a Arco’ com aço fundido e resfriadas rapidamente. “Descobrimos que a combinação de clínquer de cimento e óxido de ferro é uma excelente escória siderúrgica porque forma espuma e flui bem. “E se você acertar o equilíbrio e resfriar a escória com rapidez suficiente, você acaba com cimento reativado, sem agregar nenhum custo ao processo de fabricação do aço”, frisou Cyrille Dunant.

 

03/06


 


O professor Geraldo de Nardi Junior, da Fatec Botucatu, estudou a brucelose, doença infectocontagiosa de grande impacto econômico, principalmente na América Latina. “As perdas econômicas anuais na nossa região chegam a cerca de US$ 600 milhões, o que torna urgente a busca por métodos eficazes de controle da doença”, explicou. Responsável pelas disciplinas de tecnologia da produção animal, defesa sanitária animal e fitossanidade, do curso superior de tecnologia em Agronegócio, Nardi reuniu uma equipe multidisciplinar de pesquisadores para o desenvolvimento de um software. O Sistema de Digitalização e Processamento de Informações para o Diagnóstico da Brucelose (Scab) contempla métodos de processamento digital de imagens para analisar e interpretar resultados do exame de triagem, informa o portal do governo estadual. Capaz de armazenar uma grande quantidade de informações, incluindo resultados de exames, dados do animal e informações sobre estoque de reagentes, o sistema disponibiliza funcionalidades avançadas de gestão de dados e impressão de laudos. “O Scab oferece uma abordagem automatizada e precisa, que identifica a doença com eficácia”, explicou. Segundo o professor, além de benefícios econômicos, a ferramenta tem um papel importante no controle e erradicação da doença. Essas qualidades renderam ao Scab o registro no Instituto Nacional de Propriedade Industrial (Inpi), o primeiro de um software para o Centro Paula Souza (CPS). O atestado salvaguarda os resultados da pesquisa e traz relevância para o CPS como Instituição Científica, Tecnológica e de Inovação (ICT). “O registro reforça a posição da instituição como um polo de inovação e conhecimento, incentivando parcerias com o setor privado e investimentos em pesquisa e transferência de tecnologia para a sociedade”, ressaltou.

 


A Mata Atlântica, da qual resta apenas um quarto da área original, tem importância reconhecida com uma legislação nacional específica para sua conservação. É a lei federal 11.248/2006, que estabelece restrições ao uso da área de floresta nativa baseadas nos chamados estágios sucessionais. A ideia é que áreas em estágios mais avançados sejam mais protegidas, e os critérios para estabelecer esses estágios devem ser definidos na esfera estadual. O problema é que esses parâmetros são subjetivos e imprecisos, afetando a preservação e as políticas relacionadas. A avaliação é de um grupo de pesquisadores que publicou um artigo na Perspectives in Ecology and Conservation, analisando o regulamento com foco no Estado de São Paulo, destaca Um Só Planeta. “Eu li a legislação e falei ‘não tem como: não tem como eu fazer um inventário, não tem como eu classificar as florestas usando isso’”, relata a engenheira ambiental Angélica Resende, líder de estudo sobre a legislação do Estado de São Paulo para a Mata Atlântica, que contou com pesquisadores do Instituto de Biociências USP, da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq-USP), da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) e de ONGs com experiência em inventários florestais. O diagnóstico é que a legislação paulista sobre a proteção é limitadora e insuficiente. São Paulo tem muitos estudos de campo padronizados, e os que existem são feitos a partir de sensoriamento remoto. A ideia foi pegar as informações disponíveis e aplicar a lei para classificar os estágios sucessionais. Ficou claro que seria impossível catalogar as áreas com padrão replicável. “Da forma como estava a legislação, se eu classificar os estágios seguindo o que eu interpretei ali, e você classificar, vão sair coisas diferentes. O texto não tinha clareza, parâmetros de referência, tamanhos mínimos, que são coisas básicas para quem é da área”, aponta Angélica Resende. Uma das ausências sentidas na lei pelos pesquisadores são os tamanhos de referência. Nos casos de manejo de áreas próximas, mas distintas, que sejam avaliadas por técnicos diferentes, haverá divergência na definição dos seus estados sucessionais. Além disso, não há definição da área de amostragem mínima nem do tamanho mínimo das árvores, o que empobrece o inventário florestal.

 


Campinas vai discutir inovação e tecnologia durante a Campinas Innovation Week (CIW), que ocorrerá de 10 a 14 de junho. O evento integrará quatro grandes encontros em um único local: a Retail Conference, a Inova Trade Show, o TechStart Summit e a OiWeek. A CIW deve atrair mais de 10 mil participantes, entre empresários, empreendedores, governantes, investidores, startups, gestores públicos e especialistas, informa o Sampi Campinas. A CIW é uma realização da Prefeitura em parceria com o Ministério do Empreendedorismo, da Microempresa e da Empresa de Pequeno Porte, a Associação Comercial e Industrial de Campinas (ACIC), a Fundação Fórum Campinas Inovadora (FFCi), a Venture Hub e a 100 Open Startups. O evento será no prédio da Oficina de Locomotiva da Companhia Mogiana de Estrada de Ferro, conhecido como ‘Prédio do Relógio’, um espaço com mais de 7,5 mil metros quadrados. “Nosso objetivo é colocar Campinas no circuito nacional de eventos e fortalecer o ecossistema de inovação,” explica Adriana Flosi, secretária de Desenvolvimento Econômico, Tecnologia e Inovação. Entre os principais destaques está o Inova Trade Show, que chega à 10ª edição, integrando o ecossistema de inovação, sustentabilidade e empreendedorismo e projetando Campinas e região como um polo de excelência nacional e global. A FFCi reúne as principais Instituições de Ciência e Tecnologia (ICT) da região, associações empresariais e órgãos governamentais influentes, com o objetivo de promover a utilização da Ciência, Tecnologia e Inovação (CT&I) para aumentar a competitividade e fortalecer o desenvolvimento socioeconômico.

 


Um novo estudo conduzido pela Universidade de Ciência e Tecnologia da China resultou na criação de uma substância leve que rivaliza com a força da madeira, enquanto é resistente ao fogo e à água, começa matéria do site Engenharia E. Para produzir essa madeira sintética, os pesquisadores, liderados pelo químico de materiais Shu-Hong Yu, incorporaram uma pequena quantidade de quitosana, um polissacarídeo presente no exoesqueleto de crustáceos, derivado das cascas de camarão e caranguejo, em uma solução de resina sintética (polimérica). A solução foi submetida à liofilização, resultando em uma estrutura com poros e canais minúsculos suportados pela quitosana. Em seguida, a resina foi aquecida a temperaturas de até 200 graus Celsius para endurecê-la, formando ligações químicas robustas. O material final é tão resistente ao esmagamento quanto a madeira, com os poros e canais ainda menores proporcionando uma maior resistência. Além disso, as temperaturas mais altas durante o processo de cura aumentaram a adesão interna da resina e a força do material. Adicionalmente, os pesquisadores descobriram que a adição de fibras naturais ou artificiais à mistura pode melhorar ainda mais suas propriedades. Comparado à madeira natural, o novo material não requer o longo tempo de crescimento. Além disso, demonstrou repelir facilmente a água, mantendo sua resistência mesmo após imersão em água e em banho ácido forte por 30 dias, enquanto a madeira balsa perdeu significativamente sua força e resistência à compressão em condições semelhantes. Quanto à resistência ao fogo, o material artificial mostrou-se altamente eficaz, extinguindo a chama quando removido do fogo durante testes. Essa nova madeira sintética tem potencial para ser utilizada em embalagens robustas, graças à sua porosidade que permite a retenção de ar, tornando-a adequada para isolamento em construções. Alternativas mais sustentáveis para a resina polimérica também podem aumentar o interesse nesse material.