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Acesso em 24/08/2025 às 03h06.

Inteligência Artificial desponta como aliada da gestão pública para ganho de eficiência

Tecnologia transforma a elaboração de políticas públicas, garantindo que as decisões governamentais sejam baseadas em evidências científicas e dados concretos

22 de agosto de 2025, às 10h00 - Tempo de leitura aproximado: 3 minutos

A tarde do segundo dia do Colégio de Inspetores 2025 e 12º Congresso Estadual de Profissionais do Crea-SP, realizados no Mercado Pago Hall, no Mercado Livre Arena Pacaembu, em 8 e 9 de agosto, foi palco de debates cruciais sobre o futuro da tecnologia e suas aplicações no Brasil. Exemplo disso foi o painel ‘Os impactos da inteligência artificial nas políticas públicas’, que discutiu as oportunidades e desafios de uma era de transformação entre Mateus Bassan, diretor executivo da Muntz Martech e diretor de Inovação e Tecnologia da holding in.Pacto, e Fabio Kon, professor de Ciência da Computação da Universidade de São Paulo (USP), com a mediação de Regiane Romano, ex-assessora especial do Ministério da Ciência e Tecnologia, head do Smart Campus Facens, consultora em inovação e professora.

“Estamos no meio de uma revolução. Talvez uma das maiores que a humanidade já vivenciou. Temos uma série de oportunidades e grandes desafios com a chegada da Inteligência Artificial (IA)”, disse Regiane.

Ao apresentar detalhes do InterSCity — projeto de pesquisa colaborativa sobre a Internet do Futuro para Cidades Inteligentes sediado pelo Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia (INCT) —, Kon fez algumas observações sobre a elaboração de políticas públicas no Brasil e no mundo. “Infelizmente, as políticas públicas urbanas, em geral, são executadas e elaboradas sem base científica”, pontuou, antes de defender veementemente iniciativas governamentais calcadas em evidências científicas, que incluem coleta e criação de dados dos programas implementados, experimentos e monitoramento rigoroso da execução.

O professor abordou uma série de exemplos desenvolvidos no InterSCity graças à inteligência artificial. Em um deles, a equipe analisou dados do Sistema Único de Saúde (SUS) de mais de 1 milhão de internações hospitalares em São Paulo e desenvolveu um dashboard interativo que permite, aos gestores, visualizar informações como, por exemplo, o deslocamento de pacientes e a distribuição de doenças. Concluiu-se que a capital paulista se comporta como se fosse quatro cidades completamente diferentes, demandando políticas públicas específicas para cada região. “Já no Rio de Janeiro, desenvolvemos um sistema preditor de dengue que é capaz de prever surtos com três meses de antecedência”.

No que se refere à mobilidade urbana, Kon lembrou de uma iniciativa para promover o uso de bicicletas que se apoiou em ferramentas baseadas em ciência de dados e IA para identificar fluxos e planejar ciclovias. A pesquisa demonstrou um grande potencial para migrar 4,9 milhões de viagens motorizadas diárias para bicicletas em São Paulo, considerando fatores como distância e topografia, desde que com infraestrutura adequada. “A tecnologia está aí, disponível, para contribuir com a gestão pública”, relembrou. O pesquisador citou ainda a criação de um aplicativo que, ao usar a tecnologia de IA, previa a chegada de ônibus em São Paulo — projeto cancelado após a troca do gestor municipal. O caso alerta para algo que foi mencionado com recorrência no evento: inovação precisa ser executada a longo prazo. Mudanças na gestão não podem e não devem interromper ações de sucesso ou com potencial de resolução de problemas.

Bassan trouxe a perspectiva de quem atua no setor privado. “A IA é o modelo de programação mais fácil e mais acessível para todos nós graças à linguagem natural”, disse. Especialista em comunicação, ele compartilhou duas soluções do Hit Labz, da holding in.Pacto, baseadas em IA. O inPulse AI, classificado como uma “IA corporativa, privada e segura”, foi desenvolvido para garantir a soberania dos dados, especialmente para clientes governamentais, armazenando-os numa nuvem no Brasil em conformidade com a Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais (LGPD). A ferramenta permite a criação de agentes de IA especializados em tarefas específicas, como atores administrativos para licitações. A implementação resultou em ganhos de 30% a 40% na produtividade, liberando os profissionais de tarefas repetitivas e operacionais e aproveitando o tempo para ações mais criativas e estratégicas. Bassan contou também sobre a criação da Aura, um avatar interativo de IA em desenvolvimento para serviços públicos que tem como objetivo facilitar a inclusão digital e a interação com a tecnologia.

O debate reforçou a urgência da adaptação e da inovação tecnológica no Brasil, sendo a IA um dos pilares para um futuro mais eficiente, seguro e sustentável. A colaboração entre a área acadêmica, o setor privado e governos emerge como um caminho essencial para navegar por essa transformação.

Produzido pela CDI Comunicação