Área Tecnológica na Mídia – 12/08/2024 a 16/08/2024
16 de agosto de 2024, às 11h53 - Tempo de leitura aproximado: 35 minutos
Depois de mais de 23 anos, quatro revisões, várias reimpressões e mais de 50 mil exemplares vendidos, o livro ‘Cálculo e detalhamento de estruturas usuais de concreto armado’, de Roberto Chust Carvalho e Jasson Rodrigues de Figueiredo Filho, pesquisadores da UFSCar, e publicado pela EdUFSCar, tem a 5ª edição lançada. “A publicação completa 23 anos e isso se deve ao fato de que é um livro didático, cujo conteúdo faz parte daquilo que se espera que um aluno tenha para se formar Engenheiro Civil no Brasil, além de também ser adequado para quem se inicia a trabalhar em projetos ou construções de concreto armado”, afirmou Carvalho. A obra aborda especificações estruturais para garantia de durabilidade que alcance a vida útil; cálculo de armaduras na flexão simples; lajes nervuradas unidirecionais de vigotas pré-moldadas; detalhamento da armadura longitudinal nas seções transversais de vigas; verificações dos estados de serviço; detalhamento da armadura longitudinal ao longo das vigas; cálculo e detalhamento de armadura transversal e cálculo e detalhamento de pavimentos com lajes maciças apoiadas em vigas. “As edições foram se adaptando à nova situação, em que os procedimentos repetitivos podem e devem ser executados por programas. Exercícios usando programas livres são empregados na nova edição. Foi necessário adaptar os exercícios para as novas medidas de alvenarias cerâmicas utilizadas hoje em dia”, afirmou o autor. Foi mantido o formato das edições anteriores, trocando-se a ordem entre os capítulos dois e três para tornar mais prático o dimensionamento das lajes unidirecionais. Para facilitar o uso e a aplicação dos assuntos, foram mantidos adendos (para cada capítulo), em que se reúnem as fórmulas empregadas. Exercícios foram inseridos para adaptar o conteúdo às prescrições da norma da ABNT NBR 6118:2023. Continua sendo um livro didático destinado a alunos de cursos de graduação em Engenharia Civil e profissionais que desejarem aprofundar conhecimentos no cálculo e detalhamento de estruturas de concreto armado. “É um livro para quem projeta ou executa estruturas de concreto armado ter na mesa para consulta, feito com rigor técnico e científico”, concluiu Carvalho.
Quem caminha pelo campus da Unicamp depara-se com sibipirunas, ingás, mirindibas, amburanas, paus-ferro e outras espécies dentre as 14 mil árvores plantadas nas áreas comuns. Uma série de motivos, como risco de queda por rachaduras, proximidade de tubulações e problemas estruturais ou de infestações de agentes xilófagos, faz com que cerca de cem sejam cortadas anualmente – 30% das árvores são nativas e não podem deixar o local, de acordo com o código florestal. Ficavam sem destinação definida. Um projeto que é uma parceria da Divisão de Meio Ambiente e a Faculdade de Engenharia Agrícola (Feagri) está utilizando a madeira para o desenvolvimento científico e posterior produção de mobiliário. A iniciativa aposta em conceitos ligados à economia circular, reaproveitamento de materiais e pegada de carbono. A coordenadora do projeto, professora Cinthya Bertoldo, estuda madeiras há mais de 15 anos e conta que os troncos de árvores nativas derrubadas ficam acomodadas em um espaço da antiga Fazenda Argentina. “Muitas espécies produzem madeira de qualidade e podem ter um destino mais nobre”, afirmou. A iniciativa impede que o carbono sequestrado pela árvore durante o crescimento seja devolvido ao meio ambiente no processo de decomposição do material orgânico. Após corte ou a poda, os troncos são enviados para o laboratório da Feagri para identificação da espécie e a catalogação do material. “Temos rastreabilidade desde o início do processo, sabemos em que local a árvore estava plantada, qual a sua espécie”, explica Cinthya Bertoldo. A análise segue o mesmo princípio do ultrassom médico: “Utilizamos gel medicinal para acoplar o transdutor ao poliedro. Usamos dois transdutores, um que emite e outro que recebe o pulso da onda. Analisamos o sinal e capturamos o tempo de propagação da onda. Conseguimos calcular as velocidades, os coeficientes de rigidez e a matriz de flexibilidade, o que permite obter os 12 parâmetros elásticos envolvidos na caracterização da madeira”, detalhou.
A cerca de 400 km do mar mais próximo, estudantes de Engenharia da ETH Zurich, na Suíça, estão trabalhando em robôs que podem mudar a maneira como os oceanos são estudados. O peixe robótico Eve balança sua cauda de silicone de um lado para o outro, movida por bombas instaladas no seu interior, e desliza suavemente pelas águas frias do Lago Zurique, onde está sendo testada pelo Surf-eDNA. Esse grupo de estudantes passou os últimos dois anos construindo um cardume de peixes robóticos, dos quais Eve é o mais recente, reporta a CNN Brasil. “Fazendo Eve parecer um peixe conseguimos ser minimamente invasivos no ecossistema que estamos pesquisando”, disse Dennis Baumann. Segundo ele, o design biomimético deve evitar que outros peixes ou vida marinha fiquem assustados. “Podemos nos misturar e interagir com o ecossistema”, frisou. A capacidade de Eve de se camuflar como um peixe não é a única utilidade. O veículo autônomo subaquático (AUV) está equipado com uma câmera para filmar debaixo d’água e com sonar, que combinado com um algoritmo evita obstáculos. O AUV possui um filtro para coletar DNA do ambiente, conhecido como ‘eDNA’. As partículas coletadas podem ser enviadas para um laboratório para sequenciamento e determinar quais espécies habitam o ambiente. Os estudantes esperam que Eve possa fornecer aos cientistas uma imagem mais detalhada dos oceanos e de seus habitantes. Ferramentas como AUVs e veículos operados remotamente são cada vez mais usados para explorar o oceano e aprender mais sobre habitats subaquáticos. A startup Aquaai, fundada na Califórnia, desenvolveu drones que se assemelham a peixes-palhaço e podem coletar informações como níveis de oxigênio, salinidade e pH em vias navegáveis. No ano passado, um rover capturou imagens do peixe filmado na maior profundidade já registrada, a 8.300 metros.
Os materiais compósitos são constituídos por duas ou mais fases distintas, sendo a matriz (que pode ser polimérica, metálica ou cerâmica) e a fase de reforço (como fibras de vidro, carbono ou aramida). A combinação desses elementos resulta em materiais com características mecânicas superiores, como alta resistência à tração, compressão e flexão, além de baixo peso específico. No setor aeroespacial, por exemplo, a redução de peso é crucial para melhorar a eficiência de combustível e aumentar a capacidade de carga das aeronaves, explica o Blog da Engenharia. Materiais como os compósitos de fibra de carbono têm se tornado comuns na fabricação de componentes estruturais, como asas, fuselagens e partes móveis. Esses materiais não só reduzem o peso da aeronave, como também melhoram a resistência à corrosão e a fadiga, fatores críticos para a longevidade dos veículos aéreos. Já na indústria automotiva, a aplicação de compósitos tem crescido, principalmente na produção de peças que precisam suportar altas tensões e temperaturas, como paineis de carroceria, chassi e partes internas de motores. A utilização desses materiais contribui para a redução de emissões de CO2, ao diminuir o peso total dos veículos, resultando em menor consumo de combustível. A principal vantagem dos compósitos é a sua capacidade de serem projetados para atender a requisitos específicos de desempenho. Isso permite a personalização das propriedades mecânicas e térmicas dos materiais, algo que os torna ideais para aplicações que demandam alta precisão e confiabilidade. Além disso, os compósitos possuem uma excelente relação resistência-peso, o que é um fator decisivo tanto para a indústria aeroespacial quanto para a automotiva.
A empresa chinesa MingYang Smart Energy desenvolveu a maior turbina eólica flutuante do mundo. Denominada Ocean X, essa turbina é capaz de produzir 16,6 megawatts, o suficiente para fornecer energia a 30 mil casas, relata a Galileu. A estrutura flutuante, que tem um peso aproximado de 12 mil toneladas, foi concebida para operar em águas com profundidades superiores a 35 metros. Foi desenvolvida para suportar turbulências marítimas e tempestades. A turbina possui formato de V e suas hélices têm diâmetro que varia de 260 a 292 metros – área equivalente a nove campos de futebol. A Ocean X está em rota para o Parque Eólico Offshore Qingzhou IV, localizado no mar, próximo da cidade chinesa de Yangjiang, onde já estão instaladas outras turbinas da empresa. “”Para garantir uma passagem segura, ajustou cuidadosamente suas enormes lâminas para minimizar o perfil aéreo da plataforma, uma prova de segurança e precisão”, destaca um comunicado oficial postado no LinkedIn. Com essa adição, o parque eólico atingirá a capacidade anual de geração de 80 milhões de quilowatts-hora, o suficiente para suprir 96 mil residências e reduzir as emissões de CO² em 66 mil toneladas. A Ocean X foi projetada para operar em condições de ventos de moderados a intensos e inclui uma ‘tecnologia ativa contra tufões’, que é resistente a rajadas de vento de até 260 km/h e ondas de até 30 metros em condições de furacão de categoria 5 – a mais alta da escala que mede a potência de ciclones tropicais. Em dezembro do ano passado, a MingYang Smart Energy foi a primeira empresa a desenvolver uma turbina eólica offshore resistente a tempestades.
O ano de 2023 foi o mais quente desde que os registros da temperatura atmosférica global começaram em 1850, com 1,18°C acima da média do século 20, que foi de 13,9°C. Passados alguns meses da consolidação desse dado, nova análise liderada por cientistas da NOAA, agência americana para o clima e os oceanos, examina as temperaturas médias globais da superfície do mar, que também atingiram um recorde no ano passado. O calor nos oceanos foi associado a ondas de calor extremamente fortes nos mares, tanto que os autores as apelidaram de ‘superondas de calor marinhas’ (SMHW, sigla para ‘super-marine heatwaves’, no inglês), registra Um Só Planeta. Ondas de calor podem ter impactos significativos na vida oceânica, destaca a NOAA, incluindo colapso de espécies de peixes e mortes de corais. Para ser considerada uma superonda, a temperatura da água do mar deve ser mais quente do que 90% das observações anteriores para uma determinada época do ano. Segundo os pesquisadores, as superondas de calor podem ocorrer em todo o mundo, incluindo na zona do Ártico. Os autores do artigo documentaram SMHWs ocorrendo em 2023 no Pacífico tropical, no Pacífico Norte, no Atlântico tropical, no Atlântico Norte, ao sul da Groenlândia, na zona costeira do Ártico, no Oceano Índico ocidental e no Oceano Antártico. Segundo os cientistas, há muitos impactos nos sistemas climáticos da Terra associados à temperatura recorde da superfície do oceano, um deles sendo o aumento da força e a rápida intensificação dos furacões. As águas quentes no mar fornecem combustível para as tempestades, como o ocorrido com o furacão Beryl, que se intensificou em um tempo muito curto de uma tempestade tropical para um furacão de categoria 5, causando estragos nos EUA e Caribe. A temperatura da superfície do mar é a fonte essencial para a medição feita pela NOAA. Os dados são coletados por observações de satélite ou navios, boias e drones aquáticos.
Dois algoritmos desenvolvidos pela IBM foram formalizados oficialmente dentro dos três primeiros modelos de criptografia pós-quântica do mundo e publicados na quarta-feira (14) pelo Instituto Nacional de Padrões e Tecnologia (NIST) do Departamento de Comércio dos EUA, reporta TI Inside. Os modelos incluem três algoritmos de criptografia pós-quântica: dois deles, ML-KEM (originalmente conhecido como CRYSTAL-Kyber) e ML-DSA (originalmente CRYSTAL-Dilithium) foram desenvolvidos por pesquisadores da IBM em colaboração com parceiros de várias indústrias e a academia. O terceiro algoritmo publicado, SLH-DSA (inicialmente apresentado como SPHINCS +) foi codesenvolvido por um pesquisador que, desde então, se uniu à IBM. Além disso, um quarto algoritmo desenvolvido pela IBM, FN-DSA (originalmente chamado FALSE), foi selecionado para futura padronização. A publicação oficial desses algoritmos é um marco no avanço da proteção dos dados cifrados contra possíveis ciberataques mediante o poder dos computadores quânticos, à medida que estão avançando rapidamente em direção à relevância criptográfica. Ou seja, até o ponto em que os computadores quânticos vão alavancar o poder computacional suficiente para decifrar os modelos de criptografia usados pela maioria dos dados e infraestrutura do mundo atual. Como um ramo completamente novo da computação, os computadores quânticos estão acelerando rapidamente para se tornarem sistemas úteis e de grande escala, como evidenciado pelos marcos de hardware e software alcançados pela IBM de acordo com seu roteiro ou Roadmap de Desenvolvimento Quântico. A IBM projeta entregar o primeiro sistema quântico de correção de erros até 2029. Esse sistema deve executar centenas de milhões de operações quânticas para entregar resultados precisos para problemas complexos que atualmente são inacessíveis para os computadores clássicos. O roteiro inclui planos para expandir esse sistema para que possa executar mais de um bilhão de operações quânticas até 2033.
Os materiais transparentes usados em células solares integradas em janelas são desenvolvidos com a capacidade de absorver a luz solar e convertê-la em eletricidade, sem comprometer a transparência da janela. Isso é possível através de novos compostos que absorvem a luz em comprimentos de onda específicos, permitindo que o restante do espectro passe através do material, garantindo a transparência. Essas células solares transparentes utilizam materiais como o óxido de estanho dopado com flúor (FTO) ou óxido de índio e estanho (ITO), que são condutores e transparentes. Esses materiais são depositados em camadas finas sobre a superfície do vidro, formando a base para a criação das células solares. A luz solar que incide sobre o vidro é absorvida por camadas ativas feitas de materiais como perovskitas ou polímeros especiais, que são responsáveis pela conversão da luz em eletricidade. As vantagens são: geração de energia sustentável; aproveitamento de Grandes Superfícies; integração estética e funcional; e redução da pegada de carbono, explica o Blog da Engenharia.
O acidente com o modelo ATR-72 que caiu em Vinhedo trouxe à tona discussões sobre o funcionamento do sistema antigelo dessas aeronaves. Projetado para operar com segurança em condições de formação de gelo, o sistema de proteção é um dos elementos cruciais para evitar que o gelo acumulado comprometa a aerodinâmica e a segurança do voo. Vídeos publicados nas redes mostram como funciona o sistema de degelo nas asas do modelo ATR-72. As bordas de ataque das asas e os estabilizadores horizontais e verticais são equipadas com sistemas de botas pneumáticas, que se parecem com anéis de borracha e podem ser infladas e desinfladas. Quando infladas, as botas se expandem, quebrando e removendo qualquer gelo que tenha se formado, registra o UOL. Por meio de painéis de controle específicos no cockpit, o sistema pode ser ativado ou desativado conforme necessário, dependendo das condições de voo. Segundo especialistas, o sistema antigelo desses modelos é eficiente, mas sua operação depende de vários fatores, incluindo a correta atuação dos pilotos e as condições climáticas adversas. Fernando Catalano, professor de Engenharia Aeronáutica da Escola Politécnica (Poli/USP), explica que, além do sistema pneumático nas asas, que funciona por ar comprimido obtido dos motores, o modelo possui sistema antigelo elétrico em alguns componentes fundamentais, como hélices, lemes, profundores, flaps e ailerões, pitots (tubos) e demais sensores. Ele aquece esses equipamentos, evitando a formação de cristais de gelo. A partir do alarme, ambos os sistemas são acionados manualmente em três fases que aumentam sua ação. O de-icing só é acionado para remover o gelo acumulado. Expande e volta ao normal para não afetar muito a aerodinâmica, por isso é manual. Catalano destaca que, embora possa parecer um sistema mais “primitivo”, a operação correta por parte do piloto é essencial para garantir sua eficácia. “Pode ser um sistema mais primitivo, mas a ‘acha’ [operação] correta do piloto torna [o seu funcionamento] mais seguro”, detalha.
A Petrobras ainda nem tinha sido criada no Brasil e os representantes dos irmãos franceses Schlumberger já faziam seus primeiros testes para a futura exploração de petróleo por aqui, ajudando a desbravar a bacia do Recôncavo, na Bahia. A empresa de 98 anos é mais uma das tradicionais do petróleo que passaram a ter foco na transição energética. Em 2022, a Schlumberger mudou de nome e passou a se chamar SLB. Em entrevista ao AgFeed, o diretor de desenvolvimento de negócios para América Latina, Augusto Carvalho, explicou que houve a decisão de ter mais foco na questão das mudanças climáticas. “A mudança no branding foi o lançamento de um novo propósito da empresa, que está ligado a impulsionar e liderar o desenvolvimento de tecnologia que permita o acesso à energia de forma sustentável”, afirmou. A SLB criou uma nova área de negócios voltada a soluções de transição energética. Entre os destaques estão os projetos para captura e armazenamento de carbono, com grande potencial de crescimento na América Latina. Também estão no portfolio projetos de energia geotermal para produzir eletricidade. São iniciativas que podem ser desenvolvidas ao longo de 30 anos, que demandam investimento elevado, mas que podem ser o ‘pulo do gato’ para companhias que precisam de um lado contribuir para a descarbonização e, de outro, aproveitar oportunidades de criar receitas adicionais a partir da venda de produtos de baixo carbono. O portfólio inclui soluções para produzir hidrogênio verde, a partir do biogás. A empresa também oferece sistemas de geração e armazenamento de energia heliotérmica. Nesta área, o diretor da SLB disse que em breve deve anunciar um novo projeto no Brasil. No mercado brasileiro, o grande projeto da SLB fora do universo petrolífero é a ‘planta de carbono’ que será construída pela FS, uma das maiores empresas de etanol de milho do País. Em maio, a produtora de etanol anunciou a conclusão dos estudos geológicos que comprovaram a viabilidade da injeção de CO² no subsolo. Trata-se do carbono emitido na fase de fermentação da produção do biocombustível. Quem perfurou o poço e fez o estudo geológico foi a SLB. A multinacional segue analisando dados e trabalhando junto da FS para que em 2025 comece a construção da planta de carbono. A expectativa da empresa brasileira é se tornar a primeira produtora de etanol com pegada negativa em carbono do mundo e a primeira a desenvolver a tecnologia BECCS (sigla em inglês para produção de bioenergia com captura e armazenamento de carbono) na produção de etanol, fora dos EUA. A FS já investiu R$ 100 milhões no projeto e estima ter de gastar mais R$ 350 milhões para finalizar a construção da planta.
13/08
Pesquisadores holandeses escavaram 1.268 metros na Dorsal Mesoatlântica, localizada no Atlântico Norte, onde há uma fissura na crosta terrestre. Foi a escavação mais profunda no manto superior feita até hoje. Os resultados da análise das amostras coletadas estão em um artigo da revista Science publicado na última semana. Esse feito inédito é resultado de esforços para investigar o manto superior, a camada abaixo da crosta, que contém informações cruciais sobre o funcionamento do núcleo e a origem do planeta – que, até então, eram um enigma para os cientistas, reporta a Galileu. Tentativas anteriores de acessar camadas profundas do manto atingiram apenas 201 metros, sendo possível apenas retirar fragmentos da camada. Porém, os pesquisadores aproveitaram uma exposição natural do manto no Maciço Atlantis, uma montanha submarina localizada perto de uma região vulcânica ativa da Dorsal Mesoatlântica, para realizar escavações mais profundas. A área possui características ideais para esse tipo de pesquisa. Devido à intensa atividade vulcânica, partes do manto emergem e derretem constantemente, formando muitos dos vulcões. Esse processo permite que a água do mar penetre cada vez mais profundamente no manto, onde é aquecida e gera compostos químicos como o metano, que volta à superfície por meio de fontes hidrotermais, fornecendo energia para a vida microbiana. A região é conhecida como Campo Hidrotermal da Cidade Perdida, descoberta no início do século e marcada por torres minerais formadas cerca de 120 mil anos atrás. Para fazer a perfuração, os pesquisadores utilizaram um navio de pesquisa. A estimativa inicial era cavar 200 metros, já que a camada do manto superior é frágil e tende a se desmontar assim que as brocas começam a trabalhar. Mas a operação acabou fluindo tão bem que a equipe decidiu seguir até chegar aos 1.268 metros de profundidade. Muitas amostras, de uma grande extensão da camada foram coletadas.
Cientistas descobriram pela primeira vez um reservatório de água líquida em Marte, nas profundezas da crosta rochosa mais externa do planeta. As descobertas vêm de uma nova análise de dados da sonda Insight, da Nasa, que pousou no planeta vermelho em 2018. A sonda carregava um sismômetro, que registrou quatro anos de tremores nas profundezas de Marte. A análise dessa movimentação revelou ‘sinais sísmicos’ de água líquida, reporta a BBC. Embora haja água congelada nos polos marcianos e evidências de vapor na atmosfera, esta é a primeira vez que água líquida foi encontrada no planeta. As descobertas foram publicadas na revista Proceedings of the National Academy of Sciences. Em 2018, uma equipe italiana anunciou que havia descoberto um lago no planeta. Entretanto, por volta de 2021, essas evidências foram questionadas por artigos científicos, os quais indicaram que provavelmente os italianos haviam encontrado argila, e não água. A missão Insight terminou em dezembro de 2022, depois que a sonda ficou em silêncio capturando ‘o pulso de Marte’ por quatro anos. Nesse período, a sonda registrou mais de 1.319 tremores. Ao medir a velocidade com que as ondas sísmicas viajaram, os cientistas descobriram por qual material têm mais probabilidade de terem se movido. “Essas são as mesmas técnicas que usamos para prospectar água na Terra ou para procurar petróleo e gás”, explica o professor Michael Manga, da Universidade da Califórnia em Berkeley, um dos autores do estudo. A análise revelou reservatórios de água em profundidades de 10 a 20 km na crosta marciana. “Entender o ciclo da água em Marte é fundamental para entender a evolução do clima, da superfície e do interior [do planeta]”, disse o autor principal, Vashan Wright, da Universidade da Califórnia em San Diego. Estudos da superfície de Marte, com seus canais e ondulações, mostram que havia rios e lagos no planeta. Mas há três bilhões de anos, o planeta é um deserto. Parte dessa água foi perdida para o espaço quando Marte perdeu sua atmosfera. Entretanto, Manga explica: “Boa parte da nossa água está no subsolo e não há razão para que isso não aconteça em Marte também”.
Um projeto da Aurelia Institute, um laboratório de arquitetura espacial sem fins lucrativos, desenvolveu uma estrutura de ladrilhos com cerca de 1,8 metro de altura e largura, que pode ser compactada ao máximo e lançada por meio de um balão e uma rede. A ideia do projeto, chamado de TESSERAE (abreviação de Tessellated Electromagnetic Space Structures for the Exploration of Reconfigurable, Adaptive Environments), é que os ladrilhos se encaixem sozinhos. Uma combinação de sensores e magnetômetros pode determinar a montagem correta. Se houver algum problema, uma corrente pulsa por meio dos ímãs e separa os ladrilhos configurados incorretamente e tenta novamente. Após a montagem, os sistemas elétricos e de encanamento podem ser instalados manualmente, destaca Época Negócios. “Com essa tecnologia, estamos criando peças que empilhamos como uma caixa IKEA embalada plana”, disse Stephanie Sjoblom, vice-presidente de estratégia e desenvolvimento de negócios do Aurelia Institute. Foram feitos testes com peças menores, do tamanho de uma mão, inclusive durante a missão Ax-1 da Axiom Space para a ISS em 2022. Os resultados foram satisfatórios. Mas, para conseguir instalações maiores, representantes da Aurelia Institute afirmam que precisam de parceiros. “É difícil para nós darmos um número preciso de quanto tempo levará para que ele seja tripulado por humanos. Provavelmente depende se conseguirmos uma parceria com [uma organização como] Nasa ou Axiom. Mas certamente até a década de 2030”, apontou o CEO do Aurelia Institute, Ariel Ekblaw.
12/08
O Brasil dá mais um passo no desenvolvimento de um trem de levitação magnética (maglev). Até o final do ano, pesquisadores da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) planejam iniciar uma nova fase de testes do primeiro veículo experimental em escala real do mundo dotado da tecnologia de levitação supercondutora (SML). O deslocamento do vagão, com 4,3 metros de comprimento por 2 metros de largura e capacidade para 20 passageiros, se dará em uma via elevada de 200 metros, suspensa em relação ao solo, entre os Centros de Tecnologia 1 e 2 da UFRJ, na Ilha do Fundão, relata Um Só Planeta. Apenas Japão, China e Coreia do Sul têm veículos maglev operacionais; a pesquisa na área também ocorre na Alemanha, EUA, França, Inglaterra, Rússia e Itália. O sistema SML é uma das três tecnologias de levitação magnética promissoras para o transporte de massa. As outras duas – levitação eletrodinâmica e eletromagnética – são mais antigas e já estão em operação. O projeto do MagLev-Cobra, nome do veículo brasileiro, é liderado por professores do Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-graduação e Pesquisa de Engenharia (Coppe) da UFRJ. Realizada em parceria com a Escola Politécnica e o Instituto de Física da UFRJ, a pesquisa teve início em 1998 e três patentes já foram concedidas pelo Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI). O primeiro protótipo do veículo operou experimentalmente entre 2015 e 2020 na via de 200 metros. “Vinte mil pessoas foram transportadas no período. Com a pandemia, o projeto foi paralisado por falta de recursos”, conta o engenheiro eletricista Richard Magdalena Stephan, do Programa de Engenharia Elétrica da Coppe, coordenador do desenvolvimento do MagLev-Cobra. A nova versão do trem foi fabricada pela empresa gaúcha Aerom, responsável pela instalação do aeromovel de propulsão pneumática que conectará o Aeroporto Internacional de São Paulo, em Guarulhos, ao trem metropolitano que faz a ligação com a capital. “O protótipo atual do MagLev-Cobra é fruto de uma produção industrial, e não artesanal. Se for preciso construir um segundo veículo igual, conseguiremos fazer isso. Com o anterior, seria impossível”, esclarece o engenheiro. O veículo foi aprimorado e ganhou novas funcionalidades, como operação autônoma – a tecnologia driveless foi criada pela Aerom. Também conta com sistema automático de abertura e fechamento de portas, refrigeração mais eficiente e melhor isolamento térmico e acústico, segundo seus desenvolvedores.
Pesquisadores da Universidade da Califórnia desenvolveram uma nova técnica para solidificação de tinta a partir de água salgada, relata Engenharia 360. Os cientistas desenvolveram uma tinta chamada poli(N-isopropilacrilamida) ou PNIPAM. A receita é teoricamente simples: usa água salgada para solidificar materiais sem a necessidade de produtos tóxicos e processos complexos. Esse feito pode melhorar a tecnologia de impressão 3D, tornando-a mais sustentável e alinhada com as necessidades globais de redução de impacto ambiental. Para criar essa tinta, os pesquisadores utilizaram um polímero líquido especial. A substância foi introduzida por meio de uma agulha em uma solução salina de cloreto de cálcio. Ao entrar em contato com os íons de sal, sofreu transformação instantânea, retirando as moléculas de água da solução de polímero, causando a agregação das cadeias poliméricas hidrofóbicas e formando uma estrutura sólida. Ou seja, suas cadeias se entrelaçaram, formando uma estrutura bastante sólida. Esse fenômeno é conhecido como ‘salting-out’. Nesse processo, a impressão pode ser realizada em condições ambientais comuns, com um consumo de energia expressivamente menor – por isso avalia-se que é mais acessível a um público mais amplo. Nos métodos tradicionais, para a solidificação de polímeros para impressão 3D, é necessário muito calor, pressão e substâncias químicas agressivas. Os cientistas listaram vantagens da nova técnica de impressão 3D: as estruturas impressas podem ser facilmente dissolvidas em água doce, permitindo a reutilização do material; a tinta pode incluir outros materiais, como nanotubos de carbono, o que permitiria a criação de objetos com propriedades específicas; o processo mais rápido de solidificação agiliza a produção das peças imprimidas em 3D. De acordo com os especialistas, a impressão 3D com tinta à base de água salgada pode revolucionar diversos setores, incluindo a indústria de manufatura e biomedicina, com produção rápida e eficiente de peças mais complexas e personalizadas.
Uma nova versão do sensor IGstat foi finalizada pela Embrapa Instrumentação e já está à disposição dos agricultores, ajudando a aumentar a produtividade e a reduzir o consumo de energia e de água, tanto em ambientes protegidos quanto em campo aberto. A Embrapa Instrumentação é uma das unidades de pesquisa da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária e está localizada em São Carlos, registra a Agência Fapesp. O aparelho recebeu melhorias no processo de fabricação e de aferição e na sua instrumentação de controle. De baixo custo, o dispositivo automatizado regula o fornecimento de água com base na umidade do solo. As plantas recebem a quantidade ideal e no momento certo, tornando a produção de pequenos e grandes produtores mais eficiente com o manejo adequado da irrigação. Desenvolvido em parceria com a empresa Tecnicer Tecnologia Cerâmica e comercializado pela startup Pitaya Irrigação, ambas localizadas em São Carlos, o sensor tem a vantagem de irrigar mesmo na ausência de informações técnicas específicas sobre os tipos de solo e lâminas de irrigação definidas pelos coeficientes de cultura como evapotranspiração por cultura e região. O sensor tem patentes no Brasil e EUA e pode ser produzido com diferentes especificações e preços, conforme a aplicação, e atender a agricultores de horticultura, fruticultura, floricultura, cereais e culturas anuais em geral, além de poder ser utilizado em vários sistemas como os de aspersão, gotejamento e inundação. Dessa forma, é capaz de irrigar um ponto específico, como um vaso de planta, ou áreas de jardins, hortas, estufas e em campo, em qualquer bioma brasileiro. A maioria dos sensores disponíveis no mercado para medir a umidade do solo é importada e tem custo elevado. De fabricação nacional, o sensor IGstat é alternativa para uma aplicação mais eficiente de água na agricultura, setor que usa 70% de toda a água utilizada globalmente, de acordo com dados da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO). Para garantir o controle de qualidade dos sensores, de forma rápida, os pesquisadores desenvolveram um painel pneumático de testes e aferição, capaz de medir conjuntos de dez sensores por vez, de maneira totalmente automática.
Chamada de Carbonhand, uma nova luva robótica devolve a função da mão para pessoas com doenças ósseas ou mobilidade reduzida. Algumas condições são conhecidas por enfraquecer os ossos, como artrite, artrose e osteoporose, o que torna as tarefas diárias um desafio. Desenvolvida pela empresa sueca Bioservo, a luva tem sensores de pressão que detectam quando o usuário inicia uma pegada com a mão e, assim, o dispositivo aplica a força necessária para garantir uma pegada firme, divulga a Época Negócios. Segundo a fabricante, com uma força de até 20 Newtons (N) por dedo, a luva pode recuperar a maior parte da função manual. Além disso, vários estudos concluem que os pacientes desfrutam de uma pegada mais forte e uma vida mais independente, mesmo quando a Carbonhand é removida.
O Conselho Diretor da Anatel aprovou nesta quinta-feira, 8, projetos adicionais com a utilização da totalidade do saldo de recursos remanescentes da licitação da faixa de 700 MHz de 2014, destinada ao 4G. Os projetos foram considerados fundamentais pelo Conselho para o desenvolvimento das telecomunicações no Brasil, promovendo inclusão digital, inovação tecnológica e ampliação do acesso à informação, publica a TI Inside.
Uma comunidade formada por casas impressas em 3D está quase pronta, segundo informações da Época Negócios. O projeto, em andamento há cerca de 2 anos, já produziu 100 residências em Wolf Ranch, em Georgetown (Texas, EUA). As paredes das casas, que foram feitas usando a impressora Vulcan, da ICON, contam com 13,7 metros de largura e pesam 4,75 toneladas. As paredes são feitas a partir de uma mistura de pó de concreto, água, areia e outros materiais. As casas são térreas e são formadas por três ou quatro quartos. Levam cerca de três semanas para ficarem prontas.
Depois de décadas de aprimoramento tecnológico para que os aviões consumam menos combustível e se tornem menos ambientalmente agressivos, o esforço parece ter saído pela culatra: os aviões mais modernos estão contribuindo mais para o aquecimento global do que os aviões antigos, começa matéria do site Inovação Tecnológica. O problema é que os aviões estão criando rastros de vapor mais duradouros, que funcionam como nuvens, aprisionando o calor na atmosfera. Como os jatos particulares e os jatos modernos e com baixo consumo de combustível voam mais alto do que os jatos das gerações passadas, seus rastros de vapor demoram mais para se dissipar. O balanço geral é que, apesar de seus motores emitirem menos poluentes, os aviões mais modernos podem estar causando ainda mais aquecimento do que anteriormente, contribuindo ainda mais para as mudanças climáticas. Os rastros, ou trilhas de condensação, são finas faixas de nuvens criadas pelos gases e particulados que saem do escapamento das aeronaves. Elas contribuem para o aquecimento global ao reter o calor na atmosfera. Embora o efeito exato do aquecimento causado por esses rastros dos aviões seja difícil de ser medido, os cientistas calculam que ele é maior do que o aquecimento causado pelas emissões de carbono do combustível de aviação. É do conhecimento geral que voar não é bom para o clima. No entanto, a maioria das pessoas não entende que os rastros e as emissões de carbono do combustível de aviação causam um duplo aquecimento do clima. Este estudo joga um balde de água fria na indústria da aviação. As aeronaves mais recentes estão voando cada vez mais alto na atmosfera para aumentar a eficiência do combustível e reduzir as emissões de carbono. A consequência não intencional disto é que estas aeronaves que voam sobre o Atlântico Norte estão agora criando mais rastros de vida mais longa, retendo calor adicional na atmosfera e aumentando o impacto climático da aviação. “Isso não significa que aeronaves mais eficientes sejam ruins – longe disso, pois elas têm menores emissões de carbono por passageiro-quilômetro. No entanto, nossa descoberta reflete os desafios que a indústria da aviação enfrenta ao reduzir seu impacto climático”, disse o professor Edward Gryspeerdt, do Colégio Universitário de Londres, na Inglaterra. Os pesquisadores usaram aprendizado de máquina para analisar dados de satélite de mais de 64.000 rastros de uma série de aeronaves sobrevoando o Oceano Atlântico Norte.