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Acesso em 26/06/2025 às 09h34.

O meu nome é Érica Alves de Oliveira, eu tenho 42 anos, sou mineira, natural de Tupaciguara. Eu sou engenheira eletricista, tenho mestrado em Engenharia de Telecomunicações pelo ITA (Instituto Tecnológico de Aeronáutica) e ocupo atualmente o cargo de engenheira de telecomunicações sênior.       

Eu sou mulher, eu sou trans, travesti, eu sou humana.

Eu me sinto escolhida pela profissão, porque foi tudo muito natural. Desde criança, eu já tinha curiosidade sobre como as coisas funcionam, gostava muito de Ciências, sempre gostei. Eu me lembro que nós morávamos com a nossa avó e lá nós tínhamos uma TV e era com um sistema de TV de antena terrestre, então, eu ficava intrigada e querendo entender, “Poxa! Mas como essas imagens e esses sons vêm de outro local e são apresentados aqui na tela?”.

Eu iniciei uma carreira acadêmica, então, quando eu concluí o curso de Engenharia Elétrica, fui fazer um mestrado em Telecomunicações, porque eu sempre gostei muito. Então, nas cadeiras de Telecomunicações, na faculdade, eu sempre fazia todas as disciplinas, fiz até as que eu não precisava, porque eu gostava tanto daqueles tópicos! Então, naturalmente, comecei a minha carreira na área acadêmica. 

Tenho muito orgulho de ter trabalhado com sistemas de navegação global por satélite. O nosso laboratório, lá no ITA, foi o primeiro a desenvolver, através do meu trabalho, e claro, com a colaboração da equipe, um receptor em software para os sinais do sistema europeu de navegação, que é o Galileu, e através desse trabalho acadêmico, comecei o meu doutorado e logo consegui o meu primeiro emprego, onde eu fui contratada para trabalhar com receptores em software para satélites de baixa órbita. 

Eu sempre tive um sonho que era trabalhar na Petrobras. Fiz concurso. Então, foi aquela dedicação toda. Eu já trabalhei com projetos de Telecomunicações em plataformas, em prédios, em refinarias. Então, essa dimensão da empresa e essa vastidão de sistemas, tudo isso me permite exercer com plenitude a minha carreira como engenheira de telecomunicações. 

O CREA representa a oportunidade de conhecer outras engenheiras de outras áreas e fazer parte do programa Mulher do CREA São Paulo me permite conhecer outras histórias, múltiplas realidades, que eu aprenda com toda essa diversidade que nós temos e toda essa força, e, principalmente, permite que eu leve representatividade, enquanto uma mulher trans na Engenharia. 

E isso, com certeza, representa muito. Tornar evidente para a sociedade que nós, mulheres trans e travestis, temos capacidades múltiplas e que estaremos cada vez mais exercendo nossa cidadania e ocupando espaços pela nossa capacidade, pela nossa inteligência e força.