Inclusão no mercado de trabalho Para Todas
18 de dezembro de 2023, às 10h02 - Tempo de leitura aproximado: 3 minutos
Apenas 26% das pessoas com deficiência (PcD) encontram espaço no mercado de trabalho e o percentual desses alunos nas universidades não chega a 1%. Na área tecnológica, a atuação, que já é desafiadora para as mulheres, é maior ainda para as que são PcD. O assunto foi tema do III Encontro Programa Mulher, realizado na quinta-feira (14/12), na Sede Angélica.
O evento, que fechou as atividades deste ano do Comitê Gestor do Programa Mulher e da Comissão Especial de Igualdade de Gênero e Diversidade, também foi um momento para fazer um balanço. Coordenadora dos dois grupos, a conselheira Eng. Poliana Krüger destacou a importância de toda a equipe para a construção de um Conselho mais diverso e inclusivo. “Trabalhamos muito. Só este ano, participamos de mais de 30 eventos”, informou.
As ações e diretrizes do Programa Mulher, entre 2021 e 2023, estão listadas em uma cartilha, disponível on-line. O Comitê lançou outra cartilha, com orientações para combate aos assédios moral, sexual e à discriminação. O trabalho também está possibilitando, por meio de levantamentos, quantificar o avanço no número de mulheres no Sistema. “Em 2021, éramos 14% e agora somos quase 20%. Nosso objetivo é multiplicar os espaços ocupados por mulheres nos cursos, no mercado de trabalho e na sociedade”, ressaltou Poliana.
As demais integrantes do Comitê — Eng. Érica Alves de Oliveira, Eng. Evandra Bussolo Barbin, Eng. Agr. Heloisa Pinto Cesar, Eng. Agr. Lara Comar Riva, Eng. Larissa Javarotti de Oliveira, Eng. Priscila Bolcchi e Eng. Vanessa Maria Leite Lucchesi também estiveram presentes e falaram sobre o fechamento desta jornada. “O Comitê é uma plantinha que nós semeamos, regamos ao longo do ano e, com certeza, vai florescer no ano que vem. Venham participar, é aberto”, convidou a Eng. Agr. Lara Comar.
O diretor administrativo do Conselho, Eng. Luis Chorilli Neto, enalteceu a evolução do Programa Mulher desde a sua criação. Ele, que também é presidente da Associação dos Engenheiros e Arquitetos de Piracicaba (AEAP), destacou como as mulheres vêm ocupando mais lugares também nas entidades de classe. “Vocês estão preenchendo os espaços que, infelizmente, foram fechados por tanto tempo”, afirmou.
Após a apresentação de um minidocumentário com histórias de engenheiras que superam, diariamente, a falta de acessibilidade e inclusão na profissão, foi realizada uma roda de conversa sobre o assunto. Conduzido pela pesquisadora e doutoranda da Universidade de Campinas (Unicamp), Eng. Sara Mercês, o papo contou com a participação da mentora de carreiras inclusivas, Eng. Laís Nunes de Jesus; da gerente de diversidade, equidade e inclusão da Bayer, Marília Tocalino; e da estudante de Geologia Alexsandra Victória. Todas elas são PcD e compartilharam suas experiências no mercado de trabalho. “Ingressar é difícil, permanecer mais ainda”, provocou Mercês.
A falta de informação sobre acessibilidade para a neurodiversidade foi o motivo pelo qual a Eng. Laís Nunes de Jesus, que trabalhava na área industrial, resolveu se dedicar a pesquisar o tema. Em sua fala, ela ressaltou a importância de compartilhar informações sobre o assunto e capacitar os gestores para fazer as adaptações necessárias para receber pessoas PcD em suas equipes. “Não se trata apenas de responsabilidade social, mas também de potencializar a capacidade de inovação. Somos todos diferentes e, na verdade, a riqueza está nisso”, destacou, lembrando que sem acessibilidade não há inclusão.
“No Brasil, diversidade é fato, equidade é decisão e inclusão é verbo, é ação”, começou a especialista Marília Tocalino, que vive com deficiência visual parcial e leva a pauta para o cargo de liderança que ocupa. “Aprendi, nesses 15 anos de mundo corporativo, que quando somos de algum grupo sub-representado e conseguimos passar por alguma porta, é nossa obrigação deixá-la aberta”, compartilhou. Segundo ela, muitas empresas estão despertando para a importância do tema, mas ainda longe de um mercado acessível. “Não somos nem heroínas, nem vítimas, lutamos por equidade”, afirmou.
As dificuldades da carreira começam na formação. Com apenas 19 anos, a estudante de Geologia Alexsandra Victória está encontrando maneiras de superá-las. “Quando eu cheguei na universidade, um dos desafios que notei foi a dificuldade de adaptação do conteúdo por parte dos professores. A literatura científica para pessoas com deficiência visual ainda é muito escassa. Mas, estou incomodando e as coisas já começaram a mudar”, contou. “Não é só para mim. Pretendo continuar, ao longo do curso, trabalhando por uma Geologia inclusiva, para que quem chegar depois de mim possa aproveitar tudo”, concluiu.
Produzido pela CDI Comunicação