Maternidade também é construção
6 de maio de 2022, às 12h49 - Tempo de leitura aproximado: 5 minutos
Aquela clássica expressão de que “mãe é tudo igual, só muda o endereço” tem se mostrado cada vez menos eficiente. Apesar de usarem falas comuns, como “na volta a gente compra” ou “é tudo eu nessa casa”, as mães são bem diferentes umas das outras.
Até mesmo o conceito de maternidade se transforma quando a figura deixa de ser necessariamente atrelada à pessoa que gerou um filho. O que permanece sem alterações é o acolhimento, o cuidado e a dedicação que acompanham o ato de maternar.
Como cada mãe tem uma história, que tal conhecer um pouco desta experiência de algumas colaboradoras do Crea-SP?
Aretusa dos Santos de Siqueira é gerente de Gestão de Contratações do Conselho e mãe-solo do Nicolas, de 7 anos. Ela vive uma rotina bastante agitada entre o trabalho em São Paulo e a casa em Santos, mas consegue coordenar tudo muito bem com organização e apoio de sua própria mãe, dona Zélia Maria. Isso desde o início.
“O Nicolas nasceu prematuramente, de 32 semanas de gestação. Na época, eu estava no setor privado e tive que me dividir entre a empresa e a UTI Neonatal onde ele ficou internado após o nascimento. Foram 14 dias na UTI e mais seis no hospital sem que eu nunca deixasse de trabalhar”, conta Aretusa.
Ela entrou no Crea-SP depois e se diz realizada. “O Conselho já tinha conhecimento da minha realidade e me acolheu. Nada me impediu de evoluir profissionalmente. Digo que a vinda do Nicolas só contribuiu, pois isso tudo só aconteceu por ele. Me tornei uma mulher que eu não conhecia e sou uma líder mais humana por causa da maternidade”, acrescenta.
Para Deise Camilo Antunes, analista de Serviços Administrativos da Secretaria Executiva, a maternidade aconteceu dois anos depois de entrar no Crea-SP, em 1986, quando nasceu Diogo. Ela tinha apenas 23 anos.
“Fui mãe muito cedo, então cresci e amadureci bastante com meu filho mais velho. Hoje em dia, as mulheres não costumam ser mães nessa idade, mas isso permitiu que eu construísse uma relação de amizade muito forte com ele”, relata.
Aos 42, em um novo casamento – o pai do Diogo faleceu quando ele ainda era criança -, Deise teve Inácio. “Foi uma gravidez espontânea e muito tranquila. Aliás, consegui ser mãe e profissional com muita tranquilidade. Fui gestora por 15 anos e isso nunca prejudicou minha relação com meus filhos”, diz.
A família cresceu mais um pouco depois que Diogo casou-se com Cibelly, com quem teve Henrique, 8 anos, e Natalie, 3 anos. Os quatro vivem no Canadá desde 2015. “Vou para lá todos os anos ou eles vêm para o Brasil. Tivemos que parar na pandemia e foi muito difícil, mas a gente conversa o tempo todo, sempre por vídeo”.
O processo de gestação nem sempre é tão simples. A agente administrativa Andréia Aparecida Bueno Coelho de Oliveira tentou, mas não conseguiu engravidar naturalmente. “Minhas tentativas não deram certo e a frustração de querer ter filho e não poder foi meu primeiro grande desafio”, recorda.
O que ela não imaginava é que seria apresentada à filha por outros caminhos. “Conheci a Laura quando ela tinha um aninho. Era minha tia Antonia quem a criava. Quando a Laura estava com três anos, minha tia adoeceu e minha família me pediu para levar as duas para Araçatuba para ajudar nos cuidados”, explica Andréia.
A maior dificuldade veio quando a Laura precisou entrar na escola, pois ainda não tinha os documentos necessários. “Minha tia tentou a adoção, mas não conseguiu devido à idade e aos problemas de saúde. Fomos informados então que, se algum casal da família não a adotasse, ela seria levada para um orfanato. Assim, imediatamente, meu marido e eu nos propusemos a adotá-la”, comenta. A Laura já tinha cinco anos, mas o processo demoraria outros quatro para determinar o vínculo legal entre mãe e filha, ainda que o afetivo já estivesse consolidado.
“A maternidade é possível para quem não gera. A Laura foi gerada em meu coração e completou nossa família com esse amor que é imenso e inexplicável. Sou muito grata por isso desde o momento em que ela me chamou de mãe pela primeira vez. A adoção deve ser incentivada. Se acontecesse de novo uma situação como a que vivi, eu adotaria novamente”, afirma Andréia.
Mesmo depois de tudo isso, ainda há quem pense que mãe precisa abdicar da vida pessoal e profissional para dedicar-se exclusivamente aos filhos. Para essas mulheres, a realidade é outra, a exemplo da Dinah Iwamizu, gerente de Apoio ao Colegiado 1.
“Nós podemos ser mães, trabalhar fora e ter uma vida independente da maternidade sem peso na consciência. Essa referência é boa para as crianças”, diz a mãe de Murilo, 7 anos, e Lucas, 4 anos. “Para mim é importante ter uma vida profissional sabendo que consigo atender aos meus filhos. O Conselho permite que a gente exerça isso com tranquilidade, estabelecendo uma rotina profissional e pessoal”, completa.
Para Dinah, o que também faz diferença dentro do ambiente de trabalho é o olhar humanizado. “A maternidade traz outra visão. A gente consegue ver as necessidades particulares da equipe de outras maneiras. Meu superintendente entendeu isso e me acolheu quando voltei da licença-maternidade mesmo sem a gente ter trabalhado juntos anteriormente”, lembra.
Mesmo as mães que não trabalham no Crea-SP reconhecem a importância desse cuidado. Dona Cida, de 61 anos, desempenha uma jornada dupla na vida da filha Shirley Castello Branco, atual chefe da Equipe de Eventos e Logística. Shirley perdeu o pai muito cedo, aos 12 anos. “Desde então, minha mãe sempre cumpriu os papéis de mãe e pai. Éramos só nós duas, então ela fez questão de ser muito presente e fazer tudo por mim”.
Tudo mesmo. Foi ela quem inscreveu Shirley no concurso para trabalhar no Conselho. “Ela disse que havia me inscrito num concurso. Chegando o dia da prova, insistiu para que eu fizesse mesmo sem querer. Isso fez com que eu fosse muito tranquila porque não tinha expectativa, mas ela ficou ansiosa. Ligava no RH para saber do resultado e até fez amizade com o pessoal”, conta entre risadas.
O incentivo deu certo e lá se vão quase 10 anos. “Quando o telegrama chegou, ela chorou. Contou que pagou a inscrição com os últimos R$ 50 que tinha. Ela confiou, acreditou e investiu em mim. Agradeço muito por tudo que tenho e conquistei graças à minha mãe”, declara Shirley.
O que essas histórias têm em comum? Simples, elas mostram a principal missão da maternidade: construir pessoas, compromisso que o Crea-SP se propõe a apoiar diariamente.
Um feliz Dia das Mães!
Produzido pela CDI Comunicação