
Ouça aqui o depoimento de Flávio em áudio
Meu nome é Flávio Severo Pereira de Magalhães e eu sou de uma família de pessoas intelectuais, tanto do lado do meu pai como do lado da minha mãe. Então, eles sempre exigiam que eu estudasse muito, só que eu não gostava de estudar, mas tem que estudar, precisa estudar, terminei o ginásio. Fiz a Politécnica, me formei e estou aqui.
Tenho muito trabalho feito e fiz o primeiro cemitério-jardim do Brasil, que é o Cemitério da Paz, em São Paulo. E depois, eu me engrenei nisso, daí, projetei crematório, projetei novos cemitérios e me desenvolvi. Agora, eu tive também a satisfação de fazer uma escola para o bairro mais pobre e mais deficiente de São Paulo, que é Colônia. Então, nós pudemos manter e construir a escola Céu Azul.
Então, a parte de Engenharia entra em tudo! Nesses óculos que você tem, que eu tenho, entrou Engenharia, porque teve a parte de construção, a parte de lente; o relógio para marcar o tempo. Então, a Engenharia é tudo isso, não é só uma construção, é pesquisa e é também investigar mais como funciona o nosso planeta. A Engenharia que vai fuçar lá e pesquisar como funciona o nosso planeta e a gente transforma isso em coisas materiais que facilitam a nossa vida.


Ouça aqui o depoimento de Iracema em áudio
Sou Iracema de Oliveira Moraes, nasci no sítio, pais lavradores, a minha mãe, que era analfabeta, aprendeu a ler e a escrever vendo o que é que eu estava aprendendo na escola.
Eu gostava muito de muitas matérias e tinha uma predileção pela Matemática, em função do professor, o professor era um engenheiro e ele era muito bom, e, aí, eu pensei, “Deve ser muito bonito fazer Engenharia”. Então, não tínhamos condição para que eu fosse fazer Engenharia, porque só tinha, na época, em São Carlos e em São Paulo.
Meu pai me disse, “Você não tem alguma coisa que possa fazer em Campinas? Seus avós estão em Campinas, aí, você fica na casa deles, já fica mais fácil”. Fiz Matemática e Física. Concluí e comecei a lecionar em ginásios do estado, e fiz isso durante quase sete anos.
Eu vi um jornal. A manchete me chamou a atenção: Seja engenheiro! Eu disse, “Eu quero!”, e peguei e vi que estava aberta a inscrição para um novo curso, que era de Engenharia de Alimentos, e dizia que era muito importante ter profissionais nessa área porque não existiam, de jeito nenhum, e, aí, eu fui e me inscrevi.
Concomitantemente, eu tinha duas filhas já, uma de dois e outra de quatro anos. Então, a gente se virou como podia, mas cheguei ao término. Não havia professores brasileiros, eram todos estrangeiros e alguns precisavam de ter um tradutor junto, e encontrei com um dos professores que tinha sido meu professor no curso e ele era argentino e ele me perguntou: “O que que você faz?”.
Eu disse: “Sou professora de Matemática e Física nos colégios.”
“Ah, Matemática! Interessante! Você não quer vir ser minha assistente aqui na Unicamp?”
E, aí, eu disse: “Acho interessante.”
E ele me disse, “Eu vou sugerir ao diretor para contratá-la, porque você já deu sete anos (aulas) de Matemática e Física, você já tem uma experiência didática boa”.
E, aí, eu estava contratada. A minha sala era no Instituto de Tecnologia de Alimentos, todo o laboratório era lá, e tudo o mais. E como eu gosto bastante de pesquisar, pra mim foi muito bom.
E, num ponto da minha carreira, eu fui convidada a ser conselheira e, aí, eu passei pro CREA, em 1974. Foram 24 anos de CREA São Paulo e mais 4 anos de Conselho Federal de Engenharia (CONFEA).


Ouça aqui o depoimento de Pasqual em áudio
Eu me chamo Pasqual Satalino, tenho oitenta anos e estou formado há cinquenta e sete anos. Eu me formei em 1967 pela Faculdade de Engenharia Industrial, na época, era Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, ali no bairro da Liberdade e, depois, foi para São Bernardo do Campo.
Eu optei pela Engenharia Mecânica e, também, essa profissão de engenheiro, por uma opção - na época, minha família, meus irmãos, eram da Saúde -, mas eu optei pela Engenharia porque os professores, na época, diziam que o Brasil estava se industrializando, isso nos anos 60, e isso me interessou bastante - inclusive pela opção de Mecânica, porque o Brasil saía de um país praticamente rural e ia para um país se industrializando. E, claro, lógico que ia necessitar de engenheiros.
Também, durante esse meu curso, eu fiz uma opção por máquinas térmicas na época, lá na FEI (Faculdade de Engenharia Industrial), também baseado na influência e nos conselhos de um professor, que ele dizia que o Brasil era um país tropical e ia ser um grande exportador de produtos perecíveis e isso só se conservaria por sistemas frigoríficos, e o ar-condicionado por conforto.


Ouça aqui o depoimento de Pedro em áudio
Meu nome é Pedro Valente Marques, eu sou engenheiro agrônomo formado pela ESALQ (Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz), USP. Fiz o PhD em Economia Aplicada nos Estados Unidos, voltei dos Estados Unidos e trabalhei na Embrapa, isso foi no final de 1982, começo de 1983. Em 1986, eu vim para ESALQ como professor, fiz carreira e hoje sou professor titular aposentado da Universidade de São Paulo, Departamento de Economia.
Eu trabalhei em várias coisas, eu fui desde sapateiro, tintureiro, várias coisas, mas com 13 anos eu fui registrado como office boy. Eu fiz Supletivo, aqui no Doutor Sousa Diniz, aqui em São Paulo, e eu tinha um professor de Matemática que era engenheiro agrônomo, então, ele contava as histórias da Agronomia e aquilo foi ficando na minha cabeça.
Quando resolvi fazer vestibular, eu olhei assim: eu não era muito forte para fazer POLI, nem muito forte para fazer Medicina. E eu fui fazer Agronomia, porque eu vi o programa e lembrei do professor Pestana e fui fazer Agronomia. E o interessante é o seguinte, eu trabalhava de dia, estudava de noite, fiz Supletivo, só me inscrevi na USP e entrei direto no primeiro vestibular.
Eu descobri que o meu dom, a minha missão é mostrar o caminho das pessoas. Então, é fantástico quando você começa a conversar com um aluno, ele está meio perdido, você começa a ver o que ele é, qual é o potencial dele e vai mostrando o caminho e, aí, o cara vira especialista. Hoje, depois de 30 anos, eu encontro com os alunos: “Professor, a sua aula me salvou. Eu não sabia o que fazer na Agronomia. Aí, quando eu fiz a aula de Derivativos Agropecuários, eu resolvi trabalhar no mercado financeiro”. Então, ele está no mercado financeiro. Essa é a minha maior alegria!


Ouça aqui o depoimento de Wolf em áudio
Eu sou Wolf Kos, sou engenheiro civil há 50 anos e a carreira de Engenharia me proporcionou momentos muito felizes da minha vida. Comecei ainda menino na Engenharia como estagiário, participei de obras importantes em Niterói, sou engenheiro civil e tive a oportunidade de participar do maior loteamento urbano em Itaipu, do estado do Rio, que é o loteamento de Camboinhas. Fiz, na época, o prédio mais alto do Rio de Janeiro.
Por que eu escolhi a profissão de engenheiro? Engenharia nada mais é do que observação com inteligência. Tudo o que o homem faz está na natureza. O que um engenheiro faz é observar a natureza e transportar essa observação para os meios que consigam traduzir o que já está na natureza. E é gestão de pessoas e gestão de métodos.
Hoje, trabalho no Instituto Olga Kos fazendo a inclusão de pessoas com deficiência. Começamos atendendo duas turmas de nove pessoas. Hoje nós estamos no estado de São Paulo atendendo 6.500 participantes, em Brasília, 240 e no Rio de Janeiro, 120.
Eu acho que o que a Engenharia me ensinou foi medir, acolher, ter método, ter atitude, ter comunicação e ter programa para fazer as pessoas escalarem. É o princípio que eu aprendi em Engenharia e é o princípio da nossa escala cidadã.
