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Acesso em 01/05/2024 às 12h13.

Parcerias que fortalecem lideranças femininas

Iniciativas conjuntas estiveram na programação do II Encontro Programa Mulher

20 de dezembro de 2022, às 8h37 - Tempo de leitura aproximado: 4 minutos

O primeiro painel do II Encontro Programa Mulher, realizado na quinta-feira (8/12) na Sede Angélica, abordou as vivências das lideranças femininas do Conselho com o objetivo de construir um Sistema Confea/Crea mais igualitário. Com mediação do presidente do Crea-SP, Eng. Vinicius Marchese, participaram a vice-presidente, Eng. Lígia Marta Mackey, a superintendente de Comunicação, jornalista Priscilla Marques, e a superintendente de Tecnologia e Inovação, a administradora Flávia Varga, que discorreram sobre a importância do empoderamento de mulheres em cargos de liderança e a luta para que empresas e organizações criem oportunidades iguais para homens e mulheres.

A vice-presidente abriu as discussões e pontuou que a sociedade está configurada para atuar de forma machista e reiterou que todas as mulheres já passaram por preconceitos. “Eu sempre fui desafiada e muito questionada. Hoje, graças a minha competência, eu sou uma mulher respeitada. Tenho mulheres nas quais me inspirei e meu objetivo é inspirar outras para que elas vejam que podem fazer o que quiserem”, relatou.

Flávia Varga disse que nem sempre foi fácil se posicionar. Para a superintendente de Tecnologia, homens e mulheres não precisam disputar espaços, mas ampliá-los. Já Priscilla Marques ressaltou a importância das mulheres se ajudarem para quebrar tabus impostos ao longo da vida, além de destacar que é fundamental trazer o tema para a pauta. “Nós precisamos falar sobre equidade de gênero o tempo todo, pois é crucial para que possamos transformar os ambientes e chegar aonde queremos, vencendo os obstáculos no caminho”, disse. A Superintendência de Comunicação do Crea-SP é a primeira área da história do Conselho a ter apenas mulheres ocupando cargos de gestão.

Capacitar para equalizar

A programação seguiu com a apresentação de dados que mostram a disparidade entre os salários e o reconhecimento no mercado de trabalho. Em pesquisa realizada pela McKinsey em 2020, que analisou cerca de 600 empresas e contou com a participação de 250 mil funcionários, descobriu-se que a cada 100 homens promovidos a gerentes, apenas 85 mulheres receberam a mesma valorização profissional – uma lacuna ainda maior entre negras e latinas.

A fim de capacitar, gerar empregabilidade, aumento de renda e melhoria nas moradias do País, a jornalista Camila Alhadeff, responsável pelo marketing e captação de recursos da organização ONG Mulher em Construção, contou sobre o que a instituição faz para ajudar mulheres em situação de vulnerabilidade social. “A ação nasceu em 2006 no Rio Grande do Sul como um projeto para ensinar mulheres a fazer os próprios reparos em casa. De 25 participantes, quando iniciamos esse trabalho, já capacitamos 6 mil mulheres em construção civil, uma conquista que ainda é muito disruptiva”.

A ONG B2Mamy, que conecta mães com empresas que procuram projetos de impacto, trouxe um dado relevante: 50% das mulheres perdem os seus empregos ou precisam repensar as suas carreiras depois da maternidade. Neste contexto, há ainda fatores como a violência doméstica, redução do poder aquisitivo e aumento nos índices de problemas com saúde mental, além da ausência da diversidade de gênero nas empresas. “Infelizmente, ainda temos uma sociedade que penaliza a maternidade”, afirmou a radialista Marina Franciulli, head de sustentabilidade financeira e projetos da organização.

As faces da violência

Física. Psicológica. Sexual. Patrimonial. Política. As violências contra as mulheres comprovam a opressão ao gênero feminino perante a sociedade. Para aprofundar o assunto, o Crea-SP recebeu no evento a advogada Gabriela Manssur, ex-promotora de justiça. Durante a palestra, ela apontou a realidade de ser e viver como mulher no Brasil:

  • A cada dois minutos, uma mulher sofre algum tipo de violência;
  • A cada 10 minutos, uma mulher é estuprada, sendo 84% delas menores de idade;
  • O país é o quinto maior em índices de violência contra as mulheres.

Mesmo diante deste cenário desafiador, a presidente do Instituto Justiça de Saia, que é a idealizadora do Projeto Justiceiras, aposta justamente no potencial de mudança da iniciativa ao destacar o envolvimento de diversas profissionais como juristas, assistentes sociais e psicólogas. São mais de 13 mil mulheres atuando no projeto, no Brasil e em outros 27 países. “Estamos juntas e dispostas a proteger umas às outras”, defendeu.

Para combater uma das frentes de violência a qual as profissionais enfrentam diariamente, que é o assédio, o Crea-SP apresentou proposta de parceria com a Ordem dos Advogados do Brasil de São Paulo (OAB-SP). “Todas as instituições devem combater o assédio. Os agressores precisam saber que não ficarão mais impunes”, declarou a advogada Isabela Castro, presidente da Comissão da Mulher Advogada da OAB-SP.

A ideia é que, a partir do acordo, o Conselho e Ordem passem a estabelecer a troca de conhecimentos e informações, criando mecanismos para acolhimento das mulheres vítimas de situações de assédio. Marchese reafirmou o compromisso do Crea-SP e destacou a necessidade de ter os homens envolvidos nesse processo de escuta para romper com os ciclos da violência.

O recorte da luta em busca de espaços e fortalecimento de vozes foi corroborado ainda com a exposição Mulheres Invisíveis. A mostra segue no primeiro andar da sede Faria Lima do Conselho até 31/12, evidenciando o papel das profissionais que atuam pela área tecnológica e pela valorização feminina no mercado de trabalho.

 

Produzido pela CDI Comunicação