Marca do Crea-SP para impressão
Disponível em <https://www.creasp.org.br/noticias/o-papel-das-florestas-urbanas-frente-a-crise-climatica/>.
Acesso em 08/06/2025 às 11h32.

O papel das florestas urbanas frente à crise climática

Segunda edição do Fórum de Arborização Urbana tratou das mudanças do clima

17 de julho de 2024, às 11h23 - Tempo de leitura aproximado: 5 minutos

O 2º Fórum de Arborização Urbana do Crea-SP reuniu profissionais da área tecnológica e gestores públicos para um debate multidisciplinar sobre os impactos das mudanças climáticas e o papel das florestas urbanas em mitigar esses efeitos extremos cada vez mais frequentes. No Coworking da Sede Angélica, na última sexta-feira (12/07), estiveram em pauta exemplos de iniciativas públicas bem-sucedidas e a legislação vigente no estado de São Paulo sobre arborização das cidades.

A escolha da data não foi à toa. Na abertura do evento, o presidente do Confea, Eng. Vinicius Marchese, trouxe uma mensagem em homenagem ao Dia do Engenheiro Florestal, celebrado no dia 12 de julho. Em participação remota, Marchese também anunciou o lançamento do Manual de Boas Práticas na Arborização Urbana em Municípios Brasileiros.

Antes dos painéis começarem, a Eng. Ftal. Maria Âgela Panzieri, presidente da Associação dos Engenheiros, Arquitetos e Agrônomos de Garça (AEAAG), destacou a importância da troca de ideias entre profissionais de diferentes áreas para agregar visões diversas sobre o assunto. “É somente com a troca de experiências que chegaremos onde queremos”, disse.

O primeiro painel, sobre o cenário atual das florestas urbanas e mudanças climáticas, foi mediado pela bióloga Aline Cavalari, coordenadora do curso de especialização em arborização urbana da Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP). Afinal, o que precisa ser feito para minimizar questões climáticas que fazem parte do cotidiano atual das cidades, como por exemplo, as ilhas de calor? O Eng. Henrique Leite, especialista em arborização urbana e segurança do trabalho, explicou que um dos causadores do problema é o stress local, caracterizado como uma atividade antrópica em que não há tempo para a recuperação natural. “Quanto mais modificação no espaço urbano sem tempo para reaver a vegetação local maior a incidência de ilhas de calor naquela área”, afirmou.

Na sequência, José Renato Nalini, secretário Executivo de Mudanças Climáticas (Seclima) da Prefeitura de São Paulo, ressaltou a atuação dos engenheiros florestais frente às mudanças climáticas, que chamou de “emergência climática permanente”, em referência ao termo utilizado pela ministra do Meio Ambiente, Marina Silva. “Precisamos que todos pensem a respeito e cada um faça a sua parte. As árvores permitem que tenhamos uma variação de 5 a 10 graus a menos do que em calçadas que não tem arborização, o que ameniza o impacto das ilhas de calor. Só na cidade de São Paulo temos um déficit de 3 milhões de árvores”, observou.

Aline Cavalari destacou que as árvores são responsáveis por diminuir as temperaturas devido a fatores biológicos como a evapotranspiração, processo que consiste na absorção da água e sua evaporação. “A partir do momento que o ciclo de evapotranspiração é feito, temos uma diminuição significativa no aparecimento de uma população com sistema respiratório fragilizado. É preciso que o poder público entenda que investir em arborização diminui o gasto com a saúde”, declarou.

 

Os desafios da Engenharia na formação de florestas urbanas

A Eng. Ftal. Evandra Bussolo, presidente da Associação Paulista de Engenheiros Florestais (Apaef) e representante paulista na Coordenadoria Nacional de Câmaras Especializadas de Engenharia Florestal (CCEEF) do Confea, ponderou sobre a importância da abertura do diálogo. “Debater esse tipo de assunto, com a seriedade necessária, é tentar encontrar o caminho para a solução de vários problemas que a nossa sociedade possui. Ainda bem que temos o Sistema Confea/Crea e Mútua atento a isso e disposto a conduzir essa discussão com os profissionais e a gestão pública”, destacou.

O Eng. Ftal. Antônio José Figueiredo Moreira, professor da Universidade Federal Rural da Amazônia (UFRA), reiterou que é necessário ter o poder público comprometido com essas ações para traçar planos efetivos e técnicos. “A gestão pública é a responsável pela implementação do plano e o profissional é quem irá executar nos moldes que o gestor desenhou”, declarou.

Além disso, o Eng. Ftal. Pedro de Almeida Salles, especialista em recuperação de áreas degradadas, pontuou que as florestas urbanas fazem parte de um desafio para a área tecnológica, pois necessitam de interdisciplinaridade. “É necessário que tenhamos um braço técnico atualizado para atender as demandas da sociedade”, disse.

 

Arborização urbana e políticas públicas

No início das discussões, os painelistas trataram sobre a importância de um plano municipal de arborização para a sociedade. Ao realizar suas ponderações, o Eng. Agr. José Walter Figueiredo, coordenador do Ribeirão Floresta, projeto de reflorestamento urbano da Associação dos Engenheiros, Arquitetos e Agrônomos de Ribeirão Preto (AEAARP), corroborou a necessidade de corpo técnico comprometido e especializado no desenvolvimento sustentável de florestas urbanas.

Além disso, o engenheiro salientou que é preciso envolver a população no processo a fim de gerar conhecimento e conscientização por parte da sociedade. André Luiz Fernando Simas, especialista ambiental da Secretaria de Meio Ambiente, Infraestrutura e Logística do Estado de SP (SEMIL), entende que para o processo de estabelecimento do processo arbóreo os interesses políticos devem ser minimizados.

“Órgãos como Prefeituras e Ministério Público devem estabelecer uma relação de parceria e proximidade de instituições como o Crea-SP, pois eles são os interlocutores entre sociedade e poder público”, pontuou a mediadora do painel Eng. Ftal. Isabela Guardia, gerente na Secretaria de Meio Ambiente da Prefeitura Municipal de Mogi Mirim.

Para os participantes, de maneira geral, recuperar as áreas verdes das cidades deve envolver o principal usuário dela, o público. Por fim, a diretora técnica do Crea-SP, Eng. Agr. Marilia Gregolin, representando a presidente do Conselho, Eng. Lígia Mackey, reforçou o desejo de continuar desenvolvendo esse tipo de painel de discussão. “Precisamos abrir as discussões sobre essa pauta, pois devolvemos para a sociedade as soluções reivindicadas ao identificar as necessidades que levam ao bem comum”, concluiu.

O 2º Fórum de Arborização Urbana do Crea-SP está disponível no YouTube. Acesse aqui e assista o debate na íntegra.

 

Produzido por CDI Comunicação