Consciência Negra: refletir para transformar
19 de novembro de 2025, às 15h31 - Tempo de leitura aproximado: 2 minutos

“Eu sou, porque nós somos”. A filosofia Ubuntu, que reconhece a humanidade como uma construção coletiva, traz a reflexão que nenhuma trajetória se ergue sozinha. E foi com essas palavras que a engenheira Nauany Xavier, coordenadora adjunta do Comitê Gestor do Programa Mulher do Crea-SP, destacou a afirmativa que acompanha gerações: só avançamos quando caminhamos juntos.
O Dia da Consciência Negra não é uma celebração, mas uma reflexão sobre o Brasil que se formou a partir da resistência negra, sobre as disparidades que ainda persistem, além do compromisso que precisa ser assumido por todos para superá-las. É um dia para honrar quem veio antes e abriu a estrada mesmo quando os caminhos não existiam. “Sei do peso que minha presença tem ao ocupar esse espaço, e me sinto lisonjeada por isso. Estar aqui abre portas para que outras mulheres negras possam se ver neste lugar. Eu mostro a elas que é possível”, afirma a Eng. Nauany Xavier.

Essa potência também ecoa na fala da Eng. Tamires Pinheiro, coordenadora do Comitê da Diversidade e conselheira do Crea-SP. “Como mulher negra e mãe, minha presença aqui é a prova de que a representatividade importa. É a oportunidade de influenciar a mudança estrutural necessária na Engenharia, não apenas abrindo espaços para outras profissionais, mas pavimentando um caminho de maior igualdade e inclusão”, destaca.
A Engenharia, Agronomia e Geociências, assim como tantas outras profissões, carregam a herança advinda de grandes legados deixados por pessoas pretas que ainda emanam coragem e competência, ampliam horizontes, inovam e reafirmam que diversidade aliada à equidade é potência traduzida como responsabilidade diária.
Entre essas trajetórias também está a de Enedina Alves Marques, a primeira engenheira negra do Brasil, que desafiou barreiras impostas pelo racismo e pelo sexismo para se tornar pioneira na história da Engenharia nacional. Sua história se entrelaça à dos engenheiros negros André e Antônio Rebouças, irmãos que se tornaram referências técnicas no século XIX, época de um País ainda escravocrata.
O Crea-SP reafirma o compromisso com a Engenharia, Agronomia e Geociências que acolhe, respeita e reconhece que o progresso não existe quando parte das pessoas permanece invisibilizada. Que entende que refletir é o primeiro passo para transformar, e que transformar é uma tarefa coletiva. Porque só há futuro quando a diversidade se torna realidade para todos.