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Acesso em 13/10/2025 às 02h52.

Desastres naturais no Brasil: governança, prevenção, adaptação e valoração dos impactos

Geólogos reforçam a complexidade da gestão de riscos e a necessidade de envolver todas as pastas da administração pública para uma governança eficaz

8 de outubro de 2025, às 12h13 - Tempo de leitura aproximado: 2 minutos

Geólogos em conversa sobre desafios e soluções sobre os desastres naturais no Brasil

A gestão de desastres naturais representa um desafio que envolve diferentes frentes, que vão desde o gerenciamento dos riscos até a mensuração dos impactos, passando por políticas públicas. Esse foi um dos temas da 80ª Semana Oficial da Engenharia e da Agronomia (SOEA), em Vitória (ES), abordado em painel com moderação do Geol. Adriano Sampaio, secretário-geral da Federação Brasileira de Geólogos (Febrageo), entidade que representa e integra os profissionais das Geociências no Brasil. 

O Geol. Fábio Augusto Gomes Vieira Reis, professor da Universidade Estadual Paulista (Unesp) em Rio Claro, iniciou a apresentação abordando a complexidade da gestão de risco em áreas naturais, especialmente em cenários de eventos extremos. Afinal, em parques e reservas naturais, por exemplo, não existe a infraestrutura e o acesso disponíveis em áreas urbanas. Além disso, em áreas naturais com apelo turístico, muitas vezes o próprio risco é parte da experiência. 

Para realizar essa gestão, é necessário conhecer os riscos inerentes a cada geografia. Há regiões, por exemplo, mais suscetíveis a situações como tombamento de blocos, corridas de detritos ou mesmo cabeça-d’água. A geomorfologia, porém, é uma disciplina pouco explorada em cursos de Engenharia Civil, o que compromete o preparo dos profissionais. 

Já o Geol. Caiubi Emanuel Souza Kuhn, professor da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT ) e presidente da Febrageo, falou sobre valoração de desastres. Para ele, essa é uma ferramenta crucial para traduzir dados técnicos em uma linguagem que a população e o poder público compreendam. 

Para fazer essa tradução, é necessário compreender os diferentes desdobramentos de uma certa situação. Uma área inutilizada após uma erosão, por exemplo, pode representar para um município anos e anos de IPTU que deixa de ser arrecadado, além dos investimentos necessários para recuperar o território ou mesmo o custo de reposição dos materiais utilizados. 

Voluntários em enchente no Rio Grande do Sul em 2024

A apresentação foi arrematada pelo Geol. Ronaldo Malheiros Figueira, conselheiro federal suplente do Confea, que focou na importância da governança e da participação da sociedade civil na gestão de desastres. Ele criticou a atual atuação da Defesa Civil, focada na resposta a desastres, em detrimento da prevenção. Além disso, a governança precisaria ser baseada em processos, não em funções, para focar na segurança da população e no gerenciamento permanente de riscos. 

O palestrante também defendeu que uma governança de risco eficaz precisa envolver todas as pastas da administração pública, como meio ambiente, infraestrutura e saúde. Para ele, o município é o principal executor da política nacional de proteção e defesa civil, mas muitas vezes a gestão de risco é centralizada em um único coordenador sem o conhecimento técnico necessário e sem a autonomia para envolver outras pastas. 

 

Produzido pela CDI Comunicação