A história da Engenharia, Agronomia, Geociências, Tecnologia e Design de Interiores foi, por muito tempo, contada quase que exclusivamente por vozes masculinas. Ainda hoje, mesmo diante dos avanços conquistados, essas áreas permanecem sendo representadas majoritariamente por homens. Mas há mulheres que desafiaram esse cenário e abriram caminhos, com coragem, competência e visão de futuro.

O Crea-SP celebra, em 2025, o protagonismo na atuação pela equidade de gênero vista na liderança conjunta de duas mulheres, a Eng. Lígia Mackey, como presidente, e a Eng. Agr. Marilia Gregolin, atual vice-presidente, ao mesmo tempo em que a autarquia completa seus 91 anos de existência. Essa fase não apenas reconhece a trajetória de mulheres pioneiras, mas amplia a presença feminina nos espaços de decisão e construção do futuro.

“Nosso compromisso não é só com o presente, mas com as gerações que virão. Chegar à Presidência do Crea-SP foi resultado de uma trajetória construída com esforço e dedicação, mas também de um movimento coletivo que acredita na transformação pela diversidade”, afirma Lígia, que soma mais de 30 anos na Engenharia Civil. Sua gestão tem sido marcada por inovação, eficiência e pluralidade.

Marilia também entende a importância de ocupar esse espaço com responsabilidade. “Cada mulher que chega abre um precedente. Representar tantas profissionais da área tecnológica é motivo de orgulho e, ao mesmo tempo, de compromisso com a equidade”, reforça. Para ela, estar na Vice-Presidência é, além de uma conquista individual, um avanço para todos.

O momento representa um desdobramento do legado deixado por mulheres pioneiras, como Enedina Alves Marques, primeira engenheira negra do Brasil; Mariângela Hungria, engenheira agrônoma vencedora do Prêmio Mundial de Alimentação (World Food Prize), conhecido como o Nobel da agricultura;  Florence Bascom, doutora em Geologia nos EUA; e Beatrice Shilling, engenheira britânica que atuou na Segunda Guerra Mundial. São histórias que atravessam o tempo e inspiram, até hoje, novas trajetórias.

“Muitas pessoas questionaram minha capacidade ao longo de minha carreira, mas eu acreditei no que estava fazendo e perseverei. O papel das mulheres na agricultura e na ciência merece mais reconhecimento. Espero que minha conquista inspire outras mulheres a perseguirem suas paixões na ciência”, destaca Mariângela em entrevista ao Confea.

“Quando olhamos para essas mulheres que vieram antes de nós, entendemos que estar aqui hoje é também uma forma de honrá-las. É dar continuidade ao que elas começaram e fazer isso em uma estrutura de poder que historicamente nos excluiu é ainda mais simbólico”, pontua Lígia.

No Crea-SP, as mudanças acontecem em ações concretas e estruturadas que impactam diretamente a cultura institucional. A conquista do selo bronze da Certificação em Boas Práticas no Combate à Violência Contra as Mulheres – Prática Recomendada (PR) 1019, concedido pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) em parceria com o Instituto Nós Por Elas, é um exemplo marcante do primeiro conselho profissional do país a obter esse reconhecimento, que valida o compromisso da autarquia com ambientes mais seguros e inclusivos.

Outra iniciativa de destaque é a formação Liderança para Mulheres, lançada neste ano com uma trilha de capacitação voltada a conselheiras, presidentes de entidades de classe, integrantes do Comitê Gestor do Programa Mulher e convidadas. Com encontros presenciais e on-line, o programa oferece mentorias, escuta qualificada e momentos de troca, fortalecendo a atuação feminina em espaços de decisão e ampliando o protagonismo das mulheres dentro e fora do Sistema Confea/Crea e Mútua.

Para acompanhar essas e outras ações, a nova página do Programa Mulher já está no ar. “A comunicação é uma ferramenta essencial para construir redes de apoio e fortalecer a nossa imagem e posicionamento. O site passa a ser mais um espaço de acolhimento, informação e mobilização”, afirma a coordenadora do Comitê Gestor, Eng. Marci Alves.

O Crea-SP comemora mais um ano de história e reforça o compromisso de seguir com a promoção do protagonismo feminino na área tecnológica. Um compromisso que se traduz em ações concretas, visibilidade e construção de legados. Afinal, valorizar mulheres que foram pioneiras é também garantir que elas nunca mais sejam exceção, mas regra.

Produzido pela CDI Comunicação