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Acesso em 19/05/2024 às 15h02.

Para Todos

Evento do Crea-SP debate diversidade, equidade e inclusão

19 de maio de 2023, às 12h00 - Tempo de leitura aproximado: 4 minutos

Um marco para todos os profissionais das Engenharias, Agronomia e Geociências, assim foi considerado o primeiro debate sobre diversidade, equidade e inclusão do Crea-SP. Com nome Para Todos, o evento, que aconteceu na quarta-feira (17/05), na Sede Angélica, despertou reflexão, respeito e acolhimento às diferenças do começo ao fim. Logo na entrada, uma lista de presença diferente em que os participantes deixavam as digitais pintadas em um mural de árvore, depositando ali suas identidades em um desenho que representava um propósito: o de combater as desigualdades nas profissões da área tecnológica e na sociedade. A pintura será confeccionada como logomarca da Comissão Especial de Igualdade de Gênero e Diversidade do Crea-SP, anunciada oficialmente durante o encontro.

“Criamos essa Comissão para estimular e promover constantemente ações em defesa das pessoas, independente da gestão do Crea-SP. Uma ferramenta perene do Conselho para não pararmos de lutar pela diversidade, equidade e inclusão na área tecnológica”, justificou o presidente do Crea-SP, Eng. Vinicius Marchese.

A coordenadora,  Eng. Poliana Krüger, que apresentou as medidas já desenvolvidas pela autarquia, como a identificação do nome social na carteira profissional, falou das próximas ações. “Estamos falando tanto de tecnologias e cidades inteligentes, mas precisamos falar das pessoas. Por meio da Comissão, acolheremos todos os profissionais, sem distinção”, ressaltou.

Em seguida, a engenheira anunciou a primeira ação da Comissão, a elaboração de um Censo 2023 do Crea-SP. O levantamento pretende reunir dados de todos os profissionais registrados no Conselho, a partir de informações sobre raça, idade e outras características pessoais, como orientação sexual e deficiências. “Nunca tivemos essas informações detalhadas.  O intuito de obter esses dados é buscar atender melhor os profissionais de acordo com suas necessidades”, complementou Poliana, anunciando que a pesquisa será disponibilizada por meio de formulário a ser divulgado.

E como proposta da noite, o debate temático contou com a participação de convidados especiais em um circuito de percepções e compartilhamento de experiências. A Prof. Kaká Rodrigues, cofundadora da consultoria Div.A Diversidade Agora!, que trata de diversidade, equidade e inclusão, hoje comumente identificados pela sigla DE&I ou DEI, falou da importância de promover ambientes seguros e conscientes no universo corporativo. “O diálogo é essencial para levarmos essa percepção para dentro das organizações, principalmente, aos cargos de liderança, onde as decisões são tomadas, fazendo com que se comprometam em garantir que as pessoas tenham tratamento de forma equitativa”.

Já a cientista social e Prof. Dra. Maria Ribeiro, docente do programa de pós-graduação em Humanidades, Direitos e Outras Legitimidades da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo (FFLCH/USP), comparou o cenário atual ao neocolonialismo. “Todos os piores índices socioeconômicos se referem às pessoas indígenas, negras, com deficiência ou desobediência de gênero. O Brasil é o país que mais mata transexuais e é também o que mais consome pornografia dessas pessoas. Vivemos uma guerra colonial. Esse encontro do Crea-SP é um gesto a caminho da construção para soluções a esse problema comum radical”, explanou Maria.

Ainda no tema étnico e racial, o Adm. José Marcos da Silva, fundador da JMS Consultoria em Gente e diretor da área de Consultoria em DEI na Deloitte Brasil, disse que a mudança para o progresso começa na cultura organizacional. “Não adianta a transformação individual, se não mudarmos o sistema, seja ele público ou privado. Necessitamos mudar a resistência na gestão das organizações, pois o preconceito não cabe mais em nenhum ambiente da sociedade”, enfatizou José.

Representando as pessoas do grupo LGBTQIAP+, a Eng. Érica Alves de Oliveira, mulher transgênero, relatou sua trajetória e incentivou outros profissionais da área tecnológica a exercer a carreira independente da orientação sexual ou identidade de gênero. “Apesar de alguns retrocessos, temos avanços, como esta ação do Conselho. Precisamos mostrar que somos plurais e capazes, não somente indicadores”, frisou Érica.

Em defesa das pessoas com deficiência (PcDs), o Eng. Raphael Aguiar, pós-graduado em Gerenciamento de Negócios e Projetos, reforçou a importância da conscientização das corporações em relação à competência. “Nós não somos uma cota. A falta da minha perna não impede a minha capacidade profissional. Precisamos mudar o pensamento dos gestores, para que eles possam dar oportunidade a todas as pessoas e que elas se desenvolvam na carreira”, declarou.

Encerrando as palestras, o jornalista Mauro Wainstock, sócio-fundador da consultoria do HUB 40+ e  palestrante sobre diversidade etária, resumiu que, além da idade, todas as diferenças levam à necessidade de mudança na administração das organizações. “Ninguém é igual ao outro e precisamos implementar esse pensamento, até mesmo para a longevidade empresarial, porque se as empresas não acompanharem essas transformações estruturais, ficarão para trás nos avanços da sociedade contra estereótipos”, concluiu Mauro.

 

Produzido pela CDI Comunicação