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Acesso em 13/05/2024 às 20h38.

Marchese faz balanço dos anos à frente do Crea-SP

Engenheiro assume Presidência do Confea após ter sido eleito com recorde de votos

2 de janeiro de 2024, às 10h53 - Tempo de leitura aproximado: 6 minutos

Vinicius Marchese visita CREA stand do Jr.na na 78ª SOEA 2023 – | foto: Emmanuel Denaui / CREA-SP Divulgação

 

Foram sete anos no Crea-SP, um período marcado por muitas transformações internas e externas que contribuíram para a consolidação do maior Conselho profissional da América Latina. Ao iniciar um novo desafio, frente à Presidência do Confea, o engenheiro de telecomunicações Vinicius Marchese faz um balanço de sua trajetória em São Paulo.  

 As experiências implementadas aqui, que começaram com uma mudança cultural e organizacional, serão a referência para o desenvolvimento de ações nacionais de valorização das profissões e propulsão das Engenharias, Agronomia e Geociências brasileiras. Os detalhes, Marchese conta em entrevista a seguir. Confira.  

 

Você assume o Confea agora em janeiro como o presidente mais jovem eleito, além de ter sido o mais votado – foram 63 mil profissionais que o elegeram. Como se sente?  

Com uma responsabilidade imensa em mãos. Construí uma história sólida e relevante no Crea-SP, que foi o que pude levar para os outros Estados durante o período de campanha, mostrando para os profissionais que é possível fazer da área tecnológica a grande protagonista do desenvolvimento de nosso país. Então a missão agora é muito maior do que já vivi, mas definitivamente estou pronto e conto com um time incrível de pessoas preparadas para tornar esse projeto real.  

 

Quando assumiu a função no Crea-SP, em 2016, você também era o mais jovem. Como foi na época? Acredita que isso o preparou para este novo passo?  

Minha relação com o Sistema nasceu ainda na faculdade. Naquela época, eu já tinha uma visão sobre a necessidade de aproximação porque via que existia uma distância muito grande entre o Crea-SP, as instituições de ensino e os profissionais, e não era só por eu estudar no interior (Vinicius se formou em Engenharia de Telecomunicações na Universidade de Taubaté – UNITAU). Nos cinco anos em que estive na faculdade, não enxerguei o Conselho em nenhum momento, e comentei isso durante uma aula. Foi quando o professor me respondeu questionando o que eu estava fazendo para contribuir com uma solução que mudasse isso. Aquilo me motivou. Comecei a criar conexões para entender melhor esse ecossistema. Primeiro, me aproximei da associação da minha cidade, a Associação de Engenharia, Arquitetura e Agronomia de Mogi Mirim (ASEAAMM) por acreditar nesta ponte que as entidades de classe estabelecem entre os profissionais e o Sistema. Depois, me lancei a conselheiro por Mogi Mirim e, a partir daí, engajei na formação do Crea-SP Jovem com outras pessoas que pensavam como eu e que também buscavam a mudança. Então, acredito que o fato de ser mais jovem ali e agora só reflete o quanto a mentalidade de todo o Sistema precisou e precisa de renovação. 

 

Essa mudança se traduz em números, como os resultados da fiscalização. Quais medidas foram tomadas para chegar nisso?  

Foi preciso mudar completamente a mentalidade, a forma de trabalhar, o comprometimento e a cultura das pessoas. Uma das primeiras decisões que tomamos foi buscar aproximar os profissionais do Conselho. Para isso, foi preciso ouvir tanto quem faz parte do Crea-SP, ou seja, os nossos colaboradores, quanto os profissionais que estão na ponta. A partir disso, formamos um time de pessoas engajadas que já faziam parte do Conselho e também começamos a trazer gente de fora, pessoas que pensavam diferente e que encaravam os desafios buscando soluções.  

 A fiscalização é um exemplo claro porque temos dados que provam um avanço incontestável. Mas, nada disso acontece só com tecnologia ou ideia. Foi preciso incluir todo esse ecossistema: os agentes fiscais – com melhores condições de trabalho, com uma frota de veículos novos e geridos por um contrato que cuida de toda a manutenção e eventuais trocas; as outras equipes internas, as Câmaras Especializadas, os inspetores das Comissões Auxiliares de Fiscalização (CAFs) e os cidadãos para entender onde estavam as principais irregularidades e demandas. Desenvolvemos ferramentas de trabalho, como o aplicativo, que permite a inserção e consulta de dados quando os agentes fiscais estão em campo; plano de ação de força-tarefa e metas para acompanhar fase a fase, corrigindo rotas quando necessário.  

 Em São Paulo, isso está consolidado. Hoje, quem está no Conselho quer o desafio, não importa a dificuldade, quanto tempo leve ou o trabalho que vai dar.  

 

Quais projetos da gestão no Crea-SP você destaca e quais deles pretende levar para o Confea? 

Existem programas que são reconhecidos no Brasil todo, que já inspiraram iniciativas semelhantes e iremos expandir, sem dúvida. O Crea-SP Jovem, que injetou esse novo perfil e visão no Sistema. O CreaLab, com sua plataforma de inovação e projetos que conectam pessoas, profissionais, instituições de ensino, entidades de classe, empresas e quem mais quer fazer parte dessa cultura de transformação. O Crea Inova, que traz startups para perto, nos auxiliando na resolução de problemas. A rede CreaLab Coworking, que já tem 26 estações operando. Os cursos gratuitos do Crea-SP Capacita, os desafios do Hackathon e “De olho nas cidades”, o Por dentro do Crea-SP – o nosso estágio visita, o Clube de Vantagens com opção de cashback e Anuidade Zero, o Programa Mulher e a Comissão de Igualdade de Gênero e Diversidade. São ações que deram uma nova cara para os serviços do Crea-SP e que, com certeza, podem promover valorização e desenvolvimento para profissionais de todo o país.  

 

Fora as parcerias que foram construídas com as startups, como citou, tivemos também ações com as entidades de classe e órgãos públicos. O que fez com que o Crea-SP passasse a se posicionar mais também em assuntos relevantes para a sociedade. Recentemente você atuou, junto ao Congresso Nacional, em defesa da reforma tributária e da implementação do Imposto de Valor Agregado para os serviços de profissionais liberais, como os engenheiros, agrônomos, geocientistas e tecnólogos, por exemplo. Essa é uma tendência que pode ser esperada da sua gestão no Confea?  

O nosso trabalho enquanto Sistema existe por uma razão: proteger a sociedade ao fiscalizar o exercício profissional. As relações com outros órgãos, como Ministério Público, Ministério do Trabalho, governo estadual, prefeituras, agências reguladoras, entre outras, são fundamentais. Conseguimos fazer isso em todo o Estado com termos de cooperação, convênios, acordos técnico-operacionais, apoio a iniciativas orientativas e mais. Devemos participar e nos integrar ao debate público para agir de acordo com os interesses de quem protegemos. Precisamos nos posicionar e responsabilizar quem deve ser responsabilizado. Essa é a essência da fiscalização. Mas não podemos deixar de lado o papel orientativo. Ao nos posicionarmos, conscientizamos a sociedade de que não ter um profissional habilitado para exercer uma atividade técnica é algo muito perigoso.  

 

Em SP, qual o legado que fica? 

Os projetos citados representam o início de mudança de cultura e mentalidade. Se os profissionais entenderem o que fazemos e o quanto o Crea-SP é uma ferramenta essencial, e se as pessoas que estão dentro do Conselho se apropriarem do papel que elas têm na sociedade, é o maior reconhecimento que podemos ter. E, agora, com uma mulher liderando o Conselho em São Paulo pela primeira vez em quase 90 anos de autarquia. É o sinal de que a transformação está acontecendo, ainda que tenha um longo caminho a percorrer.   

 

Eng. Lígia Marta Mackey, a primeira mulher eleita para Presidência da autarquia, e Eng. Vinicius Marchese, que assume Presidência do Confea.

 

Produzido pela CDI Comunicação