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Acesso em 27/04/2024 às 07h06.

Impactos da IA na área tecnológica

Engenheira Júlia Beltrame, pesquisadora referência no assunto, fala sobre sua atuação e desafios

19 de março de 2024, às 12h05 - Tempo de leitura aproximado: 3 minutos

Incentivar a carreira de mulheres na área tecnológica é positivo em vários aspectos, entre eles a representatividade. Por isso, no Mês da Mulher, o Crea-SP traz alguns conteúdos especiais, com histórias de profissionais que se destacam em suas atuações. Um desses talentos é a Eng. Júlia Beltrame. Com apenas 27 anos, ela já é especialista em um dos assuntos mais importantes do momento: Inteligência Artificial (IA). A prática com a tecnologia vem de sua atuação no Laboratório de Inovação (HiLab), da Universidade de Harvard, onde ela cursa mestrado. 

Entre as vantagens de trabalhar em um dos mais conceituados espaços de pesquisa tecnológica do mundo, Júlia destaca a infraestrutura de ponta e a multidisciplinaridade. “Aqui dentro as pessoas buscam  não só uma solução, mas também a colaboração entre as diversas áreas”, relata. Além disso, segundo ela, o ambiente é propício para o networking. “Não só desenvolvemos projetos inovadores, mas conseguimos colocar em prática o que vemos no dia a dia, incluindo o plano de negócios”, completa. 

A engenheira de computação também lidera uma startup na área de manutenção preditiva, onde aplica a inteligência artificial para antecipar problemas, melhorando a eficiência e reduzindo paradas em processos industriais, em uma visão mais holística das máquinas. “Isso é feito com um monitoramento constante dos estados dos equipamentos. Instalamos sensores que coletam os dados dos aparelhos operando em tempo real como temperatura e vibração , que são analisados por algoritmos treinados para reconhecer padrões de falha. A IA facilita esse processamento de um grande volume de dados, melhorando essas previsões. Assim, o que antes demorava uma semana, hoje é feito a todo momento”, explica Júlia. 

Impactos da IA na área tecnológica 

Conforme a tecnologia vai evoluindo, a IA se torna cada vez mais influente na sociedade, com impactos profundos e de diversas naturezas. Os exemplos na área tecnológica são muitos. “Já temos avanços significativos, como a automatização de sistemas, a otimização de processos, o aumento da eficiência operacional, da segurança e a própria manutenção preditiva. Na Agronomia, vejo uma grande revolução, com a agricultura de precisão e a adoção de melhores práticas de cultivo para aumentar a produção de maneira sustentável. Dentro das Geociências, a IA auxilia na interpretação de grandes volumes de dados, melhorando a exploração de recursos naturais e monitoramento ambiental”, cita. 

A pesquisadora ressalta que, todos esses avanços, no entanto, trazem consigo muitos desafios éticos e sociais, como as questões de privacidade, da segurança de dados e do deslocamento de empregos. “A IA já está transformando a área tecnológica, mas é crucial que seu desenvolvimento e implementação sejam acompanhados de considerações éticas e regulamentações apropriadas”, afirma. 

O futuro da educação 

Júlia já teve a oportunidade de ensinar sobre IA para 52 jovens no Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), com o objetivo de descomplicar o tema e incentivar o interesse pela tecnologia entre as novas gerações. “Essa experiência reforçou meu interesse em combinar tecnologia com educação, buscando formas de tornar o conhecimento acessível e estimulante para todos”, conta. 

Segundo ela, as ferramentas de IA devem ser consideradas aliadas no processo de educação e quem aprender a utilizá-las vai sair na frente. Sendo assim, Júlia acredita que as instituições precisam estar prontas para munir o estudante de conhecimento crítico e analítico e prepará-los para operar as máquinas. “As faculdades de STEM (sigla em inglês para ciência, tecnologia, engenharia e matemática) devem incluir cada vez mais cursos de IA em seus currículos para que as pessoas aprendam a lidar com a tecnologia e não tenham medo dela”, opina. 

“Muitos professores já incentivam o uso do chatGPT para otimizar o tempo do estudante. Na minha formação, eu sempre tive acesso à calculadora gráfica para fazer cálculos de integral e derivada e nem por isso eu deixei de aprender como fazer esses cálculos”, comenta. “A IA não é o fim, ela é o meio. Ela é só uma maneira fácil de chegar ao cálculo final, assim como as calculadoras”, completa. 

  

Produzido pela CDI Comunicação