Área Tecnológica na Mídia – 25/03/2024 a 28/03/2024
28 de março de 2024, às 11h32 - Tempo de leitura aproximado: 17 minutos
28/03/2024: Petróleo e gás / Sensor transparente / Carvão biológico
A Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) apresentou, no dia 19, um projeto em desenvolvimento em parceria com a Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial (Embrapii) e a Petrobras. O Departamento de Engenharia de Materiais trabalha na transição entre os tubos de aço rígidos e tubulações de ligas de titânio em plataformas de petróleo marítimas. “Além da realização de diversos testes, é preciso compreender o que acontece com o material em ambiente extremo. A partir disso, poderemos indicar a utilização, ou não, do material e em quais condições”, explicou o professor Claudemiro Bolfarini. Segundo Marcelo Torres Piza Paes, consultor sênior da Petrobras nas áreas de Metalurgia e Soldagem, o objetivo foi aprofundar o conhecimento sobre as ligas de titânio, ainda pouco usadas na área offshore, em que é necessário o uso de materiais de alta resistência à corrosão, fadiga e à fragilização pelo hidrogênio. “As ligas de titânio poderão se tornar componentes importantes para tubulações que produzem petróleo e a integridade estrutural desse material é fundamental”, frisou Piza. O engenheiro exaltou a parceria com a universidade. “A UFSCar é uma referência na área de Materiais e tem um centro de hidrogênio reconhecido no país. Essa parceria é muito interessante e a associação da Embrapii traz robustez, união de esforço positivo e flexibilidade para o projeto, a partir da aplicação dos recursos que vêm da Agência Nacional do Petróleo”, acrescentou. O cronograma do projeto tem previsão de 36 meses e conta também com atuação do Centro de Caracterização e Desenvolvimento de Materiais e colaboração do Laboratório de Caracterização Estrutural e do Laboratório de Hidrogênio em Metais, todos ligados ao Centro de Ciências de Exatas e de Tecnologia (CCET) da UFSCar.
Os sensores de imagem são componentes essenciais em câmeras digitais. Apesar de a tecnologia ter transformado a captação de fotos, existem alguns limites que dificultam o funcionamento de certos recursos. Em dispositivos de rastreamento ocular, por exemplo, o componente bloqueia a visão do usuário, enquanto analisa a retina. Para resolver esse problema, uma equipe de pesquisadores do Instituto de Ciência e Tecnologia de Barcelona, na Espanha, desenvolveu sensores de imagem transparentes, capazes de tornar câmeras quase invisíveis. Segundo o líder do projeto, o engenheiro Gabriel Mercier, os sensores permitem criar uma nova geração de dispositivos de rastreamento ocular. É possível, por exemplo, embutir o componente em objetos comuns do dia a dia, como lentes de óculos, monitores de computador e até janelas. A ideia é utilizar a tecnologia para ampliar as possibilidades não só para o rastreamento ocular, como também para inovações de realidades aumentada e virtual, destaca o gizmodo. Um exemplo prático do uso da tecnologia é o celular da Honor que permite dirigir o carro apenas com os olhos. Nesse caso, ainda é necessário direcionar o olhar para o telefone — isto é, o aparelho atua como a barreira física que a equipe de Mercier quer eliminar com os sensores transparentes.
A startup franco-brasileira NetZero anunciou na quarta-feira (27) parceria com o fundo de investimentos de impacto STOA, que entrará com 18 milhões de euros para escalar industrialmente a produção de biochar, uma espécie de condicionador de solo biológico à base de biomassa, informa o AgFeed. O Brasil é o mercado prioritário no uso do recurso. Neste ano, a companhia vai construir no país quatro plantas para produção do biochar e outras dez em 2025. “Os investimentos serão divididos para a construção da estrutura corporativa e para P&D (pesquisa e desenvolvimento), que vão dar sustento ao crescimento da empresa”, afirmou o CEO da NetZero, Axel Reinaud. Todas as unidades em construção para 2024 utilizarão 100% de cascas de café na produção de biochar. A partir do ano que vem, outras biomassas, como cana-de-açúcar, cacau e arroz, serão adicionadas à cadeia de produção. “A colheita da cana-de-açúcar no Brasil é muito grande, especialmente em São Paulo. O potencial para transformá-la em biochar é maior que o de café”, explica Olivier Reinaud, sócio-fundador da Netzero e filho de Axel Reinaud. Enquanto as outras plantas são construídas, a startup opera em Lajinha (MG) desde abril de 2023. A unidade processa 16 mil toneladas de biomassa e produz 4 mil toneladas de biochar ao ano, o que atende até 3 mil hectares. O fornecimento é feito por 400 produtores associados à Cooperativa dos Cafeicultores da Região de Lajinha (Coocafé). A startup usa resíduos agrícolas que seriam descartados e gera uma forma de carbono estável a partir de um processo de combustão. Depois, o produto biológico pode ser aplicado no solo como um complemento ao fertilizante. “O biochar é um carvão vegetal com propriedades diferentes do carvão vegetal do churrasco”, explica o engenheiro Pedro de Figueiredo, diretor-técnico da startup.
A patente ‘Sistema, Método e Dispositivo de Liberação de Inimigos Naturais para Controle Biológico de Pragas’ busca desenvolver uma forma mais sustentável de combate às pragas que afetam as plantações. “A gente não usa produtos químicos e, com isso, consegue manter um equilíbrio natural, e também diminuir a poluição do solo e de rios“, disse ao Jornal da USP Heitor de Freitas Vieira, doutor em Ciência da Computação pela USP São Carlos, que já trabalhou no setor agrícola. As vespas são as responsáveis pelo controle biológico apresentado nos testes da patente. Todo o processo funciona por meio de um software, que identifica onde e quando soltar as vespas armazenadas em um Vant — Veículo Aéreo Não Tripulado. “A gente utilizou uma espécie específica de vespa para uma praga da laranja. À medida que a praga vai sumindo, a população de vespa vai diminuindo também. Isso porque ela não tem mais como se reproduzir. Então, ataca o problema e depois ele se resolve sozinho. Não tem nenhum efeito colateral“, comentou o pesquisador. A patente foi testada em uma plantação de laranja, com vespas de uma espécie específica contra uma praga pontual. Porém, essa tecnologia não é específica para o produtor de laranjas. “Um engenheiro agrônomo pode determinar qual espécie de vespa ou outro inseto que vai precisar ser liberado na área para poder fazer o controle biológico da praga”, disse o pesquisador.
Chegou às concessionárias Ford, com poucos meses de diferença dos EUA, a sétima geração do esportivo Mustang, com a quarta geração do motor Coyote 5.0 V8 de 488cv. E tem participação da Engenharia brasileira no desenvolvimento, destaca AutoData. Além de colaborar com a recalibração do motor para rodar com a gasolina disponível no Brasil, misturada com 27% de etanol – o que, segundo Ariane Campos, supervisora de Engenharia da Ford América do Sul, explica o hiato entre o lançamento nos EUA e o brasileiro –, uma nova tecnologia do Mustang, presente globalmente, contou com o auxílio de engenheiros brasileiros: o Remote Rev. Esse sistema permite que o carro seja ligado por meio da chave e acelere o veículo parado, para ouvir o ronco do motor. Acoplado ao motor Coyote V8 está um câmbio automático de dez marchas. Juntos oferecem uma série de modos de condução – é possível configurar desde o barulho do escapamento até o comportamento da suspensão. Outra tecnologia é o sistema de leitura de buracos na via: ao detectar um buraco, adapta a suspensão para que internamente os impactos sejam menores. Isso acontece por meio do fluido usado, que aumenta ou diminui a viscosidade, dependendo do buraco. A lista de itens de série oferece diversos itens de segurança, como piloto automático adaptativo com função stop e go, alerta de colisão com detecção de pedestres, frenagem autônoma de emergência à frente e de ré, farol alto automático, alerta de tráfego cruzado, leitor de placas de velocidade, monitoramento de ponto cego, assistente de manobras evasiva.
O sistema integrado lavoura-pecuária (ILP) consiste em combinar plantações, em especial de grãos, com plantas forrageiras, utilizadas para alimentar bois e porcos, e pecuária. Com isso, há aumento da fertilidade do solo, da produtividade e da recuperação de áreas degradadas, além de redução do uso de agrotóxico, do risco de erosão, da sazonalidade da produção e dos custos operacionais. Assim, em estudo divulgado na revista Remote Sensing of Environment, pesquisadores da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) e da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) descrevem um método, baseado em ferramentas de inteligência artificial, que permite identificar por imagens de satélite as áreas em que sistemas ILP estão sendo empregados, mostra o gizmodo. A equipe trabalhou com algoritmos de aprendizado profundo, método que ensina computadores a processar dados de forma inspirada no funcionamento do cérebro humano e que tem grande capacidade de lidar com dados complexos, como imagens de satélite ao longo do tempo, e extrair padrões desses dados para identificar de forma correta as áreas de integração lavoura-pecuária. A análise, que estudou áreas de São Paulo e Mato Grosso usando intervalos de dez e 15 dias, foi feita em quatro passos: aquisição de dados obtidos por meio de imagens PlanetScope, um sistema de geração de imagens via satélite que capturou a evolução das áreas de integração ao longo do tempo; treinamento dos algoritmos, que aprenderam a reconhecer padrões associados aos sistemas ILP; mapeamento das áreas que usam essa tecnologia de trabalho; e avaliação da precisão, que consiste na acurácia do modelo avaliada pela comparação dos resultados automáticos com dados previamente conhecidos. Bueno conta que esse método foi empregado para monitorar e mapear a localização de sistemas ILP a partir de imagens de satélite considerando sua dinâmica ao longo do tempo. As informações detalhadas derivadas do mapeamento da ILP também oferecem uma base sólida ao processo de decisão na área de produção, já que os agricultores podem ter resoluções baseadas em informações científicas sobre práticas de cultivo, manejo de rebanhos e investimentos em diferentes áreas da propriedade. Por fim, esse produto atua no incentivo às práticas sustentáveis de agropecuária, uma vez que o reconhecimento e o mapeamento de áreas de integração lavoura-pecuária podem apoiar políticas e programas governamentais que promovam práticas agrícolas sustentáveis, contribuindo para a regularidade do abastecimento e formação de renda do produtor rural, incluindo a implementação de incentivos financeiros e linhas de crédito específicas para apoiar a adoção de sistemas integrados.
25/03/2024: Trem Veloz / Nanossatélite / Crise Climática
Um nanossatélite desenvolvido pela indústria brasileira fez uma participação especial a bordo do Falcon 9, da SpaceX. O VCUB1 é um nanossatélite desenvolvido pela Visiona Tecnologia Espacial, uma joint-venture entre a Embraer e a Telebras. Foi desenvolvido em parceria com o Instituto Senai de Inovação em Sistemas Embarcados, de Florianópolis. A missão é validar a arquitetura do satélite e o software embarcado, para usá-los em satélites de maior porte, relata o Olhar Digital. Os nanossatélites são utilizados por universidades e empresas de tecnologia para receber dados espaciais. Caso do VCUB1, que tem uma resolução espacial de 3,5 metros e alta qualidade de imagem. É um dos menores satélites do mundo com capacidade de coletar imagens na Banda Red Edge. Essa característica permitirá desenvolver aplicações de monitoramento agrícola e ambiental. Além disso, tem uma arquitetura semelhante à dos grandes satélites, o que poderá ser utilizado pelos equipamentos de maior porte no futuro. É o primeiro satélite de observação da Terra e coleta de dados projetado pela indústria nacional. Um nanossatélite tem massa inferior a 10 kg. Também é conhecido como cubesat. Tem um formato de cubo e pesa pouco mais de um quilograma. O Brasil tem investido no desenvolvimento de outros nanossatélites. Além do VCUB1, o NanosatC-BR1 é um nanossatélite brasileiro que envia dados da sua posição na trajetória em volta da Terra, a 600 km de altitude.
Em outubro de 2023, profissionais da saúde se reuniram em Boston para discutir doenças infecciosas no ID Week. A conferência promovida pela Infectious Diseases Society of America deu destaque ao eDNA – abreviação de environmental DNA –, uma tecnologia capaz de mapear o funcionamento de ambientes complexos de uma só vez, usando amostras simples de água, terra ou ar, destaca Um Só Planeta. À medida que animais e insetos se movem no ambiente, liberam fragmentos de material genético, como células da pele, resíduos e outros fluidos corporais. A mesma lógica vale para as plantas, que têm seus fragmentos espalhados pelo vento. Com o mapeamento genético desses fragmentos, é possível entender melhor as condições de um determinado ecossistema e determinar a maneira mais adequada de protegê-lo. Também é possível avaliar como as mudanças climáticas estão afetando determinado bioma – provocando migrações de espécies, por exemplo – e tomar medidas para reverter seus efeitos. A tecnologia permite detectar espécies invasoras, rastrear animais ameaçados e monitorar águas residuais, em busca de doenças e agentes patogênicos. Enquanto as pesquisas tradicionais podem levar anos para serem concluídas, a análise do eDNA produz resultados em meses. O primeiro trabalho de eDNA foi realizado em 2021, quando a Unesco usou a técnica para mapear os oceanos. A comunidade científica acredita que o eDNA pode ajudar a prevenir epidemias pelo monitoramento do esgoto. “O uso de água de esgoto como ferramenta de vigilância epidemiológica pode mudar o tratamento de doenças”, diz José Eduardo Levi, professor colaborador do Instituto de Medicina Tropical (Laboratório de Virologia) da USP.
Produzido pela CDI Comunicação