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Acesso em 27/04/2024 às 03h45.

Área Tecnológica na Mídia – 18 a 22/03/2024

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22 de março de 2024, às 11h00 - Tempo de leitura aproximado: 26 minutos

Área Tecnológica na Mídia


22/03/2024: Painel Solar / Biomarcadores / Borracha Natural / IA / Baleias Jubarte


Pesquisadores bateram recorde de eficiência com células solares flexíveis de perovskita. Uma equipe internacional, liderada pela Organização Científica e Industrial de Pesquisa Comum (CSIRO) do governo australiano, desenvolveu um método para produzir painel solar impresso flexível rolo a rolo, que proporcionou níveis de eficiência sem precedentes, relata Engenharia é. As células solares impressas são altamente eficientes, flexíveis e com custos de produção mais acessíveis. São mais versáteis do que o painel solar de silício tradicional e podem ser instaladas como dispositivos vestíveis. No entanto, a produção em escala enfrenta a barreira da eficiência. Muitos pesquisadores só conseguiram níveis de eficiência de 1% a 2% com um painel solar flexível impresso. A equipe da CSIRO conseguiu células solares em escala laboratorial com eficiência de 11% para painéis solares de 50 cm², compostos por células solares de perovskita interconectadas. A perovskita pode ser formulada em tintas e produzida em impressoras industriais. É leve e flexível, o que a torna portátil e versátil. As células solares de perovskita são impressas usando uma técnica rolo a rolo, que é semelhante à impressão de jornais, o que permite a produção contínua em grande escala. Embora a produção rolo a rolo de células solares de perovskita não seja nova, a tecnologia existente enfrentava limitações em eficiência e escala. Os cientistas liderados pela CSIRO utilizaram sistemas de fabricação automatizados e sistemas de triagem capazes de produzir e testar mais de 10 mil células solares por dia, permitindo identificar rapidamente as configurações ideais para vários parâmetros. Isso resultou em aumento substancial na eficiência. A equipe liderada pela CSIRO afirma que o aumento na eficiência abriu caminho para a fabricação comercial. O método de impressão rolo a rolo é uma solução econômica: elimina a necessidade de usar metais caros na produção, utilizando tintas especiais de carbono, o que reduz substancialmente os custos de fabricação.
Pesquisadores da USP e da Universidade Federal de Viçosa (UFV) desenvolveram um sensor que pode facilitar a vida de pacientes que necessitam monitorar com frequência biomarcadores na urina. O dispositivo é capaz de fornecer essas informações de forma rápida, bastando conectá-lo ao smartphone. O equipamento, com custo de produção inferior a R$ 0,50, contém uma tira de sensor flexível com eletrodos que, integrada a um analisador portátil, mede um amplo espectro de biomarcadores moleculares em 3 minutos, após receber gotas de urina humana, sem a necessidade de passar a amostra por etapas prévias de pré-tratamento. O resultado sai em um dispositivo móvel, como celular, laptop ou tablet, informa Época Negócios. Os testes feitos no estudo analisaram níveis de ácido úrico e dopamina na urina. São biomarcadores para doenças como gota, câncer, disfunção renal, diabetes tipo 2, além de distúrbios neurológicos e psiquiátricos, incluindo esquizofrenia, depressão, Alzheimer e Parkinson. “A integração de sensores químicos eletrônicos com dispositivos portáteis permite monitorar continuamente e remotamente os principais sinais vitais, níveis de metabólitos e biomarcadores dos pacientes em tempo real”, afirma o pesquisador Paulo Augusto Raymundo-Pereira, do Instituto de Física de São Carlos (IFSC-USP). O dispositivo foi desenvolvido com filmes biodegradáveis de poliácido lático (PLA). Os mecanismos existentes são feitos de plásticos convencionais à base de petróleo. Nos EUA, o material já tem aprovação da Food and Drug Administration, (FDA, agência regulatória americana) para aplicações biomédicas, incluindo stents, placas e parafusos ortopédicos, suturas absorvíveis, administração de medicamentos, engenharia de tecidos, dispositivos implantáveis e contato direto com fluidos biológicos.

Executar uma tarefa a partir de instruções verbais ou escritas, sem ter experiência prévia, e depois conseguir descrevê-la para que outros possam reproduzi-la, é uma habilidade humana considerada única. Essa é uma capacidade que está na mira da inteligência artificial (IA) e os pesquisadores têm obtido avanços. Em artigo publicado no dia 18 na revista Nature Neuroscience, cientistas da Universidade de Genebra descrevem uma rede neural artificial capaz de realizar esse processo cognitivo. Uma inteligência artificial aprendeu e concluiu uma série de tarefas básicas e, em seguida, as descreveu para outra inteligência artificial, que também conseguiu fazê-las, reporta a Galileu. Essa ‘conversa’ é classificada como promissora, sobretudo para a área da robótica. “Agentes de conversação que utilizam IA são capazes de integrar informações linguísticas para produzir texto ou imagem. Mas ainda não conseguem traduzir uma instrução verbal ou escrita para uma ação sensorial e motora, e menos ainda explicá-la para outra inteligência artificial reproduzi-la”, explica o neurocientista Alexandre Pouget. Ele e o neurocientista Reidar Riveland utilizaram um modelo de neurônios artificiais chamado S-Bert. Com 300 milhões de neurônios e treinado para entender a linguagem, o modelo foi conectado a outra rede mais simples, com milhares de neurônios. Inicialmente, foi preciso treinar a rede para simular a área de Wernicke, região do cérebro associada à percepção e à interpretação da linguagem. Em seguida, para reproduzir a área de Broca, que auxilia na produção e na articulação de palavras. Ambas as etapas foram feitas em laptops convencionais. Depois, instruções escritas em inglês foram transmitidas à inteligência artificial, que deveria apontar se determinados estímulos vinham da direita ou da esquerda e diferenciar quais seriam mais brilhantes. “Uma vez que essas tarefas foram aprendidas, a rede foi capaz de descrevê-las para uma segunda rede [cópia da primeira] reproduzi-las. Até onde sabemos, é a primeira vez que duas IAs foram capazes de conversar uma com a outra de maneira puramente linguística”, afirmou.



Desde 2015, o Projeto Baleia Jubarte adotou uma nova abordagem com a plataforma Happywhale, que utiliza dados científicos e inteligência artificial para identificar espécies de cetáceos em todo o mundo. Com isso, qualquer pessoa que fotografe uma baleia ou golfinho pode contribuir com dados para a pesquisa. O Projeto Baleia Jubarte iniciou seu catálogo em 1989 e atualmente tem quase 8 mil baleias identificadas, sendo um dos maiores bancos de foto-identificação. Com a demanda de um processo mais rápido na comparação de novas imagens para determinar se uma baleia já foi registrada, o projeto, que conta com patrocínio da Petrobras e do Governo Federal, começou a utilizar a inteligência artificial do Happywahle. Antes, o trabalho era realizado manualmente por uma equipe de quatro pessoas, consumindo meses e resultando em atrasos significativos na análise de imagens recentes. Segundo Milton Marcondes, coordenador de Pesquisa do Projeto Baleia Jubarte, o Happywhale transformou radicalmente o processo de identificação de baleias. “O trabalho que levávamos vários meses para concluir é feito em questão de minutos. Além disso, nossas fotos do Brasil são comparadas com imagens de baleias de todo o mundo, o que nos permite rastrear os movimentos desses animais mesmo quando deixam nossas águas”, explica. Além de agilizar o processo de pesquisa, o Happywhale tem permitido a descoberta de informações valiosas, como casos de avistamentos com longos intervalos temporais e migrações entre diferentes regiões oceânicas, detalha a Época.

 


21/03/2024: Revestimento Sustentável / Processador de Luz / Borracha Natural / Vitalidade Industrial


A Dexco, grupo formado por marcas como Deca, Castelatto, Hydra, Duratex, encontrou a solução para deixar de direcionar toneladas de louças quebradas ou com defeitos da sua linha de produção para aterros sanitários. O engenheiro Gabriel Veloso e o gerente de Pesquisa e Desenvolvimento de Estruturas voltadas para Concretos, Rodrigo Vieira, desenvolveram um tipo de brick, que é um revestimento de parede que cria o visual de tijolinhos aparentes, com cerca de 70% do conteúdo de cerâmicas que seriam descartadas ― resíduo que chamam de pitcher. A proposta é incluir um percentual de pitcher em alguns produtos e também criar um novo produto, relata Um Só Planeta. Segundo Vieira, a prioridade dos últimos meses foi o desenvolvimento do novo item para ser apresentado na Expo Revestir, feira de revestimentos e acabamentos que começou na terça-feira (19). Os demais testes vão começar ainda no primeiro semestre. “O projeto surgiu da necessidade de a Deca dar um destino mais sustentável aos resíduos”, conta Veloso. Ele explica que, desde que entrou na companhia, há quatro anos, o problema já existia e passou a procurar em pesquisas acadêmicas inovações na área. Quando soube da ideia de Vieira se animou. “Começamos a amadurecer a ideia de uma parceria entre Deca e Castelatto para fazer um concreto arquitetônico para a construção civil, reutilizando materiais que eram rejeitados”, diz. Na produção de cubas, louças sanitárias e outros itens cerâmicos, explica Veloso, é natural que parte das peças apresente algum defeito. Esse material era 100% direcionado a aterros sanitários ― e a empresa pagava pelo serviço. A dupla percebeu que se o material fosse triturado cairia bem na composição dos bricks. O produto final é considerado um cimento de alta resistência ― entre 35 e 40 MPa (Mega Pascal, unidade de medida da resistência do concreto à compressão). A equipe percebeu que precisava adicionar areia para garantir a liquidez e fluidez necessárias. Ainda assim, comemora o percentual de uso do pitcher: 70% da composição.

Uma equipe de pesquisadores da Austrália, EUA e Itália construiu o que eles garantem ser o primeiro processador de luz reprogramável. Há várias plataformas de computação com luz, mas os processadores fotônicos resultantes são baseados em guias de onda, uma espécie de ‘rodovia para a luz’. São máquinas projetadas para executar uma única função. Já o novo processador é “totalmente controlável”, permitindo uma reprogramação rápida, com baixo consumo de energia, eliminando a necessidade de fabricar muitos dispositivos projetados para diferentes tarefas, relata Inovação Tecnológica. O novo processador foi construído com niobato de lítio, já usado em várias aplicações de ponta, incluindo chips eletroacústicos, processadores de luz, e em tecnologias quânticas. “A fabricação do dispositivo foi desafiadora porque tivemos de miniaturizar um grande número de eletrodos no topo dos guias de onda para atingir esse nível de reconfigurabilidade,” disse o professor Mirko Lobino, da Universidade de Trento, na Itália. “Os processadores fotônicos programáveis oferecem uma nova rota para explorar uma série de fenômenos nesses dispositivos, que permitirão avanços incríveis na tecnologia e na ciência,” disse Yogesh Joglekar, da Universidade de Indiana, nos EUA. O processador de luz reprogramável lida com fótons individuais como carreadores de informação, o que o aproxima mais da computação quântica do que da computação tradicional. Além de ser reprogramável, outra grande vantagem é que o novo processador fotônico é escalonável. A equipe reprogramou o processador para uma série de experimentos, alcançando desempenho equivalente a 2.500 dispositivos pela aplicação de diferentes tensões. Isso significa que os computadores quânticos fotônicos poderão ser muito mais compactos do que os baseados em qubits supercondutores.

A Pirelli anunciou que, a partir deste ano, todos os pneus utilizados no Mundial de Fórmula 1 terão o logotipo do FSC, o sistema de certificação florestal mais reconhecido do mundo. Isso atesta que toda a borracha natural utilizada no pneu cumpre os critérios ambientais e sociais exigidos pela FSC, ONG que promove a gestão florestal ambientalmente adequada, socialmente benéfica e economicamente viável, informa O Empreiteiro. A estreia dos pneus certificados aconteceu durante as primeiras sessões de treinos livres do Grande Prêmio do Bahrein, no dia 1 de março. De acordo com a fábrica italiana, todos os pneus que a Pirelli traz para a pista durante um fim de semana de Grande Prêmio – usados na F1, F2, F3 e F1 Academy – serão transformados em matérias-primas secundárias após o uso, dentro do conceito de economia circular. Fabian Farkas, diretor comercial do Forest Stewardship Council, afirmou que “o logotipo e a certificação FSC são o padrão de referência para o manejo florestal sustentável”. Ele frisou que “a indústria automobilística precisa reagir para aliviar a pressão que a produção de borracha natural exerce sobre os ecossistemas e comunidades florestais”. O FSC é uma ONG regida por perspectivas ambientais, sociais e econômicas. Soma mais de 150 milhões de hectares de florestas certificadas. É considerada uma referência global para a atividade florestal sustentável. Os rigorosos padrões do FSC exigem que as florestas sejam manejadas de forma a preservar a diversidade biológica, beneficiando ao mesmo tempo os trabalhadores e as comunidades locais.


O Valor de Transformação Industrial (VTI) representa a diferença entre o valor bruto da produção industrial e os custos operacionais. É um indicador crucial da vitalidade econômica de uma região específica. De acordo com um estudo conduzido pela Fundação Seade, no período de 2003 a 2021, observou-se significativa reconfiguração espacial da indústria no Estado de São Paulo, relata o Jornal da USP. Um dos aspectos mais destacados dessa mudança foi o crescimento da região de Campinas, que elevou sua participação no VTI paulista de 25,5%, em 2003, para 33,1%, em 2021. Em contrapartida, a Região Metropolitana de São Paulo registrou queda de 40,5% para 28,4% durante o mesmo período. Essa nova dinâmica revelou que cidades de médio e grande porte, com população entre 500 mil e mais de 1 milhão de habitantes, perderam terreno para municípios menores, com até 100 mil residentes. Estes últimos aumentaram sua contribuição no VTI de 17,6% para 26,8%, enquanto as cidades maiores, que anteriormente detinham mais de 20% do VTI, viram sua fatia encolher para 12%. Um exemplo dessa mudança é a ascensão de Paulínia, cuja participação no VTI saltou de 6,9% para 7,3%, superando a capital, que registrou  queda de 14,7% para 6,5%. O crescimento da atividade industrial em cidades de menor porte está associado à geração de empregos e ao desenvolvimento econômico dessas localidades.

 


20/03/2024: Robôs Humanoides / Nanocelulose / Setor Portuário


A Mercedes-Benz começou a testar robôs humanoides na sua linha de produção de veículos. A montadora alemã junta-se às empresas que têm apostado na automatização de processos repetitivos em fábricas, registra o Terra. A fábrica firmou um acordo com a companhia de tecnologia norte-americana Apptronik para iniciar uma fase de testes com o robô chamado Apollo — a máquina é capaz de realizar tarefas manuais simples e repetitivas. O objetivo é analisar a possibilidade de substituir humanos em tarefas que vão da inspeção de qualidade à entrega de peças nas linhas de montagem. Com 1,73 metro de altura e 72,5 quilos, os robôs Apollo podem levantar até 25 quilos. A máquina é capaz de andar, abrir portas, identificar e desviar de obstáculos e transportar objetos. Conta com telas LED no peito e na boca para comunicação. Embora o uso de braços mecânicos para realizar funções como erguer carros ou instalar peças seja comum na indústria automobilística, é uma das primeiras vezes que robôs humanoides são utilizados. O Apollo tem um sistema de baterias intercambiáveis que permite trabalhar de forma quase ininterrupta. O chefe de produção da Mercedes, Jörg Burzer, enfatizou que os robôs não substituirão todos os trabalhadores da fábrica. “Para os carros que produzimos, você precisa de trabalhadores, de primeira classe, para dominar a complexidade”, disse.

Os pneus de automóveis feitos com borracha, aço, poliéster e náilon estão ganhando outro componente: a nanocelulose. São fibras ou cristais nanométricos extraídos de plantas e apresentados na forma de uma pasta branca. Uma versão para testes, com fibras nanométricas de celulose de eucalipto, pinus e cana-de-açúcar, roda em uma cidade da Geórgia, nos EUA, com redução de 15% no consumo de combustível, por causa do menor atrito com a superfície, relata a Revista Pesquisa Fapesp. Por ser capaz de aumentar a resistência mecânica, reduzir o peso e melhorar a textura de materiais, a nanocelulose tem sido valorizada como potencial aditivo para papéis, borrachas, plásticos, tintas e cimento. Produzida em escala comercial ou piloto nos EUA, Canadá, Brasil, Suécia, Noruega, Israel, China e Japão, pode ser empregada em próteses, revestimento para aparelhos eletrônicos, além de cosméticos, medicamentos e alimentos. As múltiplas possibilidades de uso de nanofibras, nanocristais e microfibras de celulose acenam com um mercado global estimado em US$ 2 bilhões em 2030 pela consultoria norte-americana Markets and Markets. Responsável pelos testes dos pneus em Thomaston, a GranBio, empresa brasileira de biotecnologia, fabrica dois tipos de nanocelulose em uma fábrica-piloto na cidade norte-americana, com capacidade de produção de 1,5 tonelada por ano. O primeiro é uma nanofibra usada para reforçar plásticos e papéis. O segundo é composto de nanocristais, com aplicações mais nobres, como películas de proteção de obras de arte.

Resultado de uma parceria entre a Escola Politécnica (Poli) da USP e a empresa Santos Brasil, foi inaugurada, no último dia 13 de março, a Sala Santos Brasil Célio Taniguchi. A cerimônia que homenageou o professor Célio Taniguchi, ex-diretor da Escola Politécnica da USP, falecido em março de 2023, contou com a presença de autoridades, professores, alunos e funcionários da USP.  A iniciativa faz parte de investimentos da empresa na área de inclusão e desenvolvimento humano por meio da educação. A parceria com a Santos Brasil, empresa que é referência em operações portuárias e logísticas, com atuação em dez terminais portuários (contêineres, veículos, carga geral e granéis líquidos), tem como objetivo aproximar os futuros engenheiros dos problemas reais e desafios tecnológicos envolvidos nas operações portuárias nacionais. A companhia, que administra o Tecon Santos, um dos maiores terminais de contêineres da América Latina, patrocinou, por meio do programa Parceiros da Poli, a reforma de uma sala de aula do Departamento de Engenharia Naval e Oceânica da Poli, localizada no Edifício de Engenharia Mecânica, Mecatrônica e Naval. Em formato de anfiteatro, trata-se da principal sala de aula e palestras utilizada nos cursos de graduação e pós-graduação de Engenharia Naval e Oceânica. O professor da Poli, Marcos Mendes de Oliveira Pinto, que viabilizou a parceria e atua na área de transporte marítimo, instalações portuárias e comércio internacional, revelou a intenção do acordo de promover uma aproximação dos alunos da Poli com esta área, que segundo ele demanda profissionais habilitados a resolver diversas questões complexas na tomada de decisões. Ele ressaltou também a importância do desenvolvimento da área de logística para que o país seja cada vez mais eficiente e cada vez mais inserido no contexto do comércio internacional. 

 


19/03/2024: Hidrogênio Verde / Ilha Submersa / Controle de Poluentes


Até 2030, o Brasil pode produzir o hidrogênio verde mais barato do mundo: US$ 1,45 por quilo. A informação é de um estudo da empresa de pesquisas sobre finanças energéticas BloombergNEF (BNEF), divulgado durante o Fórum Anual da companhia, em São Paulo. O estudo considera os métodos mais baratos de geração de hidrogênio verde de acordo com as condições de cada país. Para o Brasil, o uso de energia eólica terrestre e eletrólise alcalina seria o mais benéfico. Outros países que apresentaram valores baixos são China, também com energia eólica, e Chile, com fontes solares, relata a Exame. De acordo com o chefe de pesquisas da BNEF, James Ellis, o hidrogênio verde é um potencial para a América Latina e o Brasil. A região deve produzir 6,8 GW até 2030 — 3,8 GW de produção brasileira. “O Brasil já descarbonizou mais de 80% da sua produção de energia — não por acidente, mas por investimentos e políticas inteligentes. Produzir hidrogênio a preços baixos é a chave para desbloquear o potencial do Brasil”, afirma. A busca pelo hidrogênio verde mais que triplicou os investimentos no setor em 2023, totalizando US$ 10,4 bilhões. Mais de US$ 8 bilhões foram destinados ao hidrogênio produzido por eletrólise. O Brasil foi o sexto país com mais investimentos para a transição energética em 2023, com quase US$ 35 bilhões investidos. Mas o hidrogênio verde não esteve entre as áreas que mais receberam verba. Os líderes foram energias renováveis, seguido por redes elétricas e eletrificação do transporte. A projeção é que, até 2050, a produção de energia no Brasil ultrapasse 900 TWh, com 96% de matriz renovável — em 2023, a capacidade energética foi de 677 TWh. Ellis frisa que o Brasil precisa aumentar sua vantagem competitiva como produtor de energias limpas: “O Brasil já desenvolveu sua descarbonização energética, o que muitos países ainda engatinham. Tornou-se líder dos mercados de energias limpas no mundo”, afirmou.

Há 1.200 km da costa do Brasil, há uma enorme ilha ‘perdida’ e submersa, rica em minerais preciosos, como lítio e níquel. Apelidada de Elevação do Rio Grande (ERG), a estrutura rochosa se formou há 40 milhões de anos, durante o Eoceno, reporta o Canaltech. A descoberta da ilha foi feita por uma equipe internacional de pesquisadores, entre os quais da USP. Há anos suspeitava-se da existência dessa porção de terra submersa, mas faltavam evidências científicas. Após expedições marítimas e análises do solo, foi possível confirmar a existência da ERG. Com base na descrição feita na revista Scientific Reports, foi uma gigantesca ilha tropical, coberta por vasta vegetação. A ilha submersa se espalha por 150 mil km ao longo do oceano Atlântico, com profundidades que variam de 700 m a 2 km, como uma colossal cordilheira. “Geologicamente, conseguimos descobrir que as argilas [encontradas na ‘base’ da ilha] se formaram depois das últimas atividades vulcânicas registradas há 45 milhões de anos, ou seja, a formação foi entre 30 milhões e 40 milhões de anos”, afirma Luigi Jovane, pesquisador Instituto Oceanográfico da  USP. No estágio original, o solo da ilha submersa seria semelhante à terra vermelha (‘terra roxa’) encontrada no interior de São Paulo, segundo Jovane, o que comprova a atividade vulcânica encontrada na formação oceânica. A partir dos materiais coletados, os cientistas identificaram a presença de argilas vermelhas com alguns minerais como caulinita, magnetita, magnetita oxidada, hematita e goethita — todos são associados com rochas vulcânicas. Além disso, foram encontradas áreas ricas em cobalto, níquel, lítio e terras-raras, como o telúrio. Esses minerais são considerados preciosos e de alto valor à indústria energética, já que são essenciais para a transição dos combustíveis fósseis para fontes de energia mais limpas.

Artigo publicado no periódico Catalysis Communications descreve uma abordagem simples, eficiente e sustentável para degradar e monitorar quantitativamente uma mistura de hidrocarbonetos policíclicos aromáticos (HPAs) – poluentes emergentes que atingem vários ecossistemas impactados por derrame de combustíveis fósseis e descarte incorreto de resíduos industriais. São considerados poluentes emergentes aqueles compostos químicos que, embora possam causar danos à saúde e ao meio ambiente, ainda não são monitorados nem removidos pelos tratamentos de água convencionais. Em busca de soluções para esse problema, pesquisadores das universidades Federal de São Carlos (UFSCar), Estadual Paulista (Unesp) e Federal da Paraíba (UFPB) prepararam uma mistura contendo baixas concentrações de naftaleno, antraceno e dibenzotiofeno em águas superficiais que simulavam o ambiente natural. Utilizando espectroscopia de fluorescência de matrizes de excitação e emissão como método de análise e calibração de ordem superior por meio de análises de fatores paralelos para tratamento dos dados, foi possível separar os componentes espectrais da mistura, identificar e quantificar cada poluente, além de outros potenciais compostos presentes nas águas naturais. Essa metodologia permitiu que cada análise fosse feita em menos de dois minutos, sem a produção de qualquer resíduo nem a necessidade de técnicas mais caras e sofisticadas, como a cromatografia. A mistura foi então degradada utilizando-se um sistema fotoquímico em que a luz é alimentada por radiação de micro-ondas. O sistema conseguiu degradar entre 88% e 100% dos poluentes orgânicos em apenas um minuto. A alta performance foi associada à fotólise da água, efetiva na geração de radicais hidroxila, que são espécies oxidantes capazes de degradar os poluentes orgânicos com alta velocidade. Segundo Kelvin Araújo, primeiro autor do artigo e pesquisador do Centro de Desenvolvimento de Materiais Funcionais (CDMF), da FAPESP, um dos destaques do trabalho foi a escolha do método de monitoramento dos HPAs. Ele destaca que o uso da cromatografia, técnica convencional para essa análise, é um fator limitante para o avanço desse tipo de pesquisa em muitas regiões, pois os equipamentos são caros e a técnica requer treinamento mais sofisticado. Na abordagem do trabalho, usou-se um espectrofluorímetro, equipamento mais acessível a muitos laboratórios. As análises são até cinco vezes mais rápidas do que na cromatografia e nenhum resíduo é gerado após o processo.

18/03/2024: Lítio e Grafita / Emissões de Carbono / Régua de Luz


O Serviço Geológico do Brasil (SGB) e o British Geological Survey (BGS) assinaram no PDAC 2024, realizado no Canadá, memorando de entendimento para estudar ocorrências de lítio e grafita na região do Vale do Jequitinhonha, em Minas Gerais, informa Brasil 61. O SGB ficará responsável por compartilhar dados e contribuir na criação de um modelo geológico 3D, que servirá como base para compreensão dos sistemas minerais existentes e para um futuro modelo hidrogeológico. “Vamos estabelecer os objetivos, a área de atuação e o esboço geral. Esse planejamento inicial será desenvolvido detalhadamente em etapas subsequentes, especificando objetos geológicos de interesse e estratégias de ação”, explicou Guilherme Ferreira, chefe da Divisão de Geologia Econômica do SGB. A colaboração das instituições geológicas prevê suporte mútuo na orientação de pesquisadores. “A colaboração já está em curso, com a equipe do BGS integrando-se às nossas expedições de campo e contribuindo para o desenvolvimento de relatórios conjuntos, fortalecendo a parceria e ampliando o alcance e a capacidade de pesquisa”, disse Ferreira. O chefe de geologia do BGS, Jonathan Ford, destacou a oportunidade de avançar em temas-chaves, como desenvolver uma compreensão aprimorada dos sistemas de depósitos minerais para pegmatitos de lítio e entender as interações entre águas subterrâneas e atividades de mineração, bem como modelagem 3D, terras raras e grafita. A colaboração também contempla projetos desenvolvidos pela Diretoria de Hidrologia e Gestão Territorial (DHT). Segundo a diretora Alice Castilho, as áreas de interesse mútuo incluem hidrogeologia, riscos geológicos e prevenção de desastres.

O projeto ‘Climate Trace’ é uma colaboração entre ONGs, empresas de tecnologia e universidades para quantificar emissões de carbono por meio da observação direta. Foi projetado pelo californiano Gavin McCormick. No início, o trabalho era feito por mais de 200 voluntários, com o apoio de pesquisadores da Universidade da Califórnia e da Carnegie Mellon. Após doação de US$ 8 milhões do Google.org, uma equipe de bolsistas ajudou a construir algoritmos para monitorar usinas, relata Um Só Planeta. Para fazer o sensoriamento remoto de emissões, o Climate Trace usa mais de 300 satélites, 11 mil sensores e um sistema de inteligência artificial capaz de construir modelos que estimam as emissões diretamente das fontes. Dessa maneira, é possível apontar os maiores emissores – por regiões, setores ou empresas – e detectar emissores ilegais. Uma das descobertas mais marcantes foi que as emissões em instalações de petróleo e gás são três vezes maiores do que o divulgado pelas empresas ― muitos dados são subnotificados e não há meios de responsabilização. Metade das 50 maiores fontes de emissão são campos de petróleo e de gás e instalações de produção de combustíveis fósseis. Por meio do The States and Regions Remote Sensing Project (STARRS), que reúne o Climate Trace e o Climate Group, com o fornecimento de informações de seis regiões, foram geradas estimativas que facilitam a criação de políticas. As regiões são Abruzos, na Itália; País Basco, na Espanha; Jalisco e Querétaro, no México; Cabo Ocidental, na África do Sul; e Pernambuco, onde o refino de petróleo e gás produziu emissões de 50 milhões de toneladas de carbono equivalente entre 2015 e 2021 – mais que o dobro da medição nacional, de 20,4 milhões de toneladas de carbono equivalente (medida que equaliza os gases de efeito estufa considerando seu potencial de aquecimento).

Tecnicamente chamados pentes de frequência, as réguas de luz são lasers especializados que geram linhas de luz uniformemente espaçadas. Referenciais de medição de alta precisão, as réguas de luz revolucionaram muitos tipos de medição, de cronometragem a detecção molecular por meio de espectroscopia. No entanto, como os pentes de frequência requerem equipamentos volumosos e que consomem muita energia, a utilização é limitada a ambientes laboratoriais. O pesquisador Hubert Stokowski e colegas da Universidade de Stanford descobriram uma solução, integrando duas abordagens para miniaturizar pentes de frequência em uma plataforma fácil de fabricar, relata Inovação Tecnológica. “Podemos potencialmente dimensionar o novo micropente de frequência para dispositivos compactos, de baixo consumo de energia e baratos, que podem ser implantados praticamente em qualquer lugar,” disse Stokowski. O novo instrumento combina duas estratégias para criar gama de frequências distintas, ou cores de luz, que constituem um pente de frequências. Uma estratégia, chamada oscilação paramétrica óptica, envolve refletir feixes de luz laser dentro de um meio cristalino, no qual a luz gerada se organiza em pulsos de ondas estáveis. A segunda estratégia centra-se no envio da luz laser para uma cavidade e, em seguida, na modulação da fase da luz ― obtida aplicando sinais de radiofrequência ao dispositivo ― para produzir repetições de frequência que agem como pulsos de luz. Essas técnicas já eram conhecidas, mas pouco usadas porque são energeticamente ineficientes ― as ‘marcas’ da régua de luz ficam mais fracas longe do centro. A equipe resolveu isso substituindo o silício pelo niobato de lítio, usado em processadores fotônicos, que usam luz em vez de eletricidade.

Produzido pela CDI Comunicação