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Informativo Interno do Crea-SP - Nº29 - Ano 5 - Julho de 2010

VACINA É ASSUNTO DE ADULTOS

As estatísticas de mortalidade apontam as doenças cardiovasculares, o câncer e os acidentes como grandes desafios a serem vencidos nos dias de hoje. As doenças infecciosas, que há algumas décadas eram campeãs das causas de morte, parecem estar quase “domadas” pela luta incessante da ciência. A contribuição das vacinas é grande nesse processo, ao lado da ação dos antibióticos e do desenvolvimento do saneamento básico.

Poucas pessoas, hoje em dia, devem ter visto um caso de varíola. Esta doença, que felizmente está erradicada no Brasil desde 1971 e no mundo desde 1977, já foi um flagelo para a humanidade, chegando a matar mais de 500 pessoas por dia. A varíola foi vencida graças a um descobrimento do médico inglês Edward Jenner: em 1776, ele observou que os trabalhadores na ordenha não contraíam a doença se tivessem sido infectados anteriormente com a varíola bovina, esta benigna. Assim, Jenner imaginou que, inoculando um preparado extraído da lesão da varíola do gado, as pessoas poderiam adquirir defesas. A brilhante descoberta nasceu ali, mas a vacina percorreu um longo caminho até chegar aos fantásticos resultados dos dias atuais.

Exemplo para o mundo – Com o Programa Nacional de Imunizações o Brasil tem obtido resultados notáveis. Em 1980, a iniciativa brasileira dos dias nacionais de vacinação contra a poliomielite foi recomendada pela Organização Panamericana de Saúde (OPAS) e adotada em diversos países. Em 1994, o Brasil recebeu da Organização Mundial de Saúde (OMS) o Certificado de Erradicação da Poliomielite.

A excelência do programa brasileiro de vacinação fez com que doenças que afligiam milhares de crianças no País - tais como tuberculose, tétano, coqueluche, difteria, rubéola e caxumba - tivessem franca redução.

Uma batalha sem descanso – Os jornais deste começo de ano têm noticiado focos de sarampo em adultos, além de crianças, em cidades da Bahia. Isto mostra que, apesar do fato de a doença ter ficado alguns anos sem se manifestar, não é recomendável baixar a guarda e interromper os programas de vacinação. Comprova também que as vacinas não são importantes apenas para os adultos. No entanto, poucas pessoas conhecem quais são as vacinas que precisam ser ministradas em adultos. Em recente pesquisa realizada com pessoas adultas, 75% estavam em uso insuficiente de vacinas e 57% desconheciam a existência dessas imunizações para outras faixas de idade que não a infantil.

Por conta disso, o Ministério da Saúde determinou a adoção do Calendário de Vacinação do Adolescente, do Adulto e Idoso, além do Calendário Básico de Vacinação da Criança.

Antes de viajar – A vacinação antes de viajar visa à proteção do viajante e da população que vai ser visitada. As determinações podem variar de um país para outro e mesmo conforme a época.

A vacina contra a febre amarela é exigida pela Organização Mundial de Saúde quando se viaja a determinados locais. Para essa finalidade existem postos autorizados e ambulatórios do viajante que executam vacinações gratuitamente. Dependendo das condições do local para onde se vai, é fundamental atualizar também outras vacinas do calendário, como a do tétano.

Consulte seu médico

Este assunto é de grande importância. Nosso objetivo é que este tema não seja esquecido ou negligenciado. Carteira de vacinação não é coisa só de criança. Existem muitas situações em que as vacinas podem proteger adolescentes e adultos. Não deixe de se orientar com seu médico.

NOTE BEM:

• Adolescente que não tiver comprovação de vacina anterior, seguir o esquema vacinal. Se apresentar documentação com esquema incompleto, completar o esquema já iniciado.

• Adolescente que já recebeu anteriormente três doses ou mais das vacinas DTP, DT ou dT, aplicar uma dose de reforço. É necessário doses de reforço da vacina a cada dez anos. Em caso de ferimentos graves, antecipar a dose de reforço para cinco anos após a última dose. O intervalo mínimo entre as doses é de 30 dias.

• Adolescente que resida ou que for viajar para área endêmica (Estados: AP, TO, MA, MT, MS, RO, AC, RR, AM, PA, GO e DF), área de transição (alguns municípios dos estados: PI, BA, MG, SP, PR, SC e RS) e área de risco potencial (alguns municípios dos estados BA, ES e MG). Em visita a essas áreas, vacinar dez dias antes da viagem.

• Adolescente que tiver duas doses da vacina Tríplice Viral (SCR), comprovadas no cartão de vacinação, não precisa receber esta dose.

• Adolescente grávida, que esteja com a vacina em dia, mas recebeu sua última dose há mais de cinco anos, precisa receber uma dose de reforço. A dose deve ser aplicada no mínimo 20 dias antes da data provável do parto. Em caso de ferimentos graves, a dose de reforço deve ser antecipada para cinco anos após a última dose.

• A partir dos 20 anos, gestante, não gestante, homens e idosos que não tiverem comprovação de vacinação anterior, seguir o esquema vacinal. Apresentando documentação com esquema incompleto, completar o esquema já iniciado. O intervalo mínimo entre as doses é de 30 dias.

• Adulto/idoso que resida ou que for viajar para área endêmica (estados: AP, TO, MA, MT, MS, RO, AC, RR, AM, PA, GO e DF), área de transição (alguns municípios dos estados: PI, BA, MG, SP, PR, SC e RS) e área de risco potencial (alguns municípios dos estados BA, ES e MG). Em viagem para essas áreas, vacinar dez dias antes da viagem.

• A vacina Tríplice Viral - SCR (Sarampo, Caxumba e Rubéola) deve ser administrada em mulheres de 12 a 49 anos que não tiverem comprovação de vacinação anterior e em homens até 39 anos.

• Mulher grávida que esteja com a vacina em dia, mas recebeu sua última dose há mais de 05 (cinco) anos, precisa receber uma dose de reforço. A dose deve ser aplicada no mínimo 20 dias antes da data provável do parto. Em caso de ferimentos graves, a dose de reforço deverá ser antecipada para cinco anos após a última dose.

• A vacina contra Influenza é oferecida anualmente durante a Campanha Nacional de Vacinação do Idoso.

• A vacina contra Pneumococo é aplicada durante a Campanha Nacional de Vacinação do Idoso nos indivíduos que convivem em instituições fechadas, tais como casas geriátricas, hospitais, asilos e casas de repouso, com apenas um reforço cinco anos após a dose inicial.

Situações especiais – Algumas pessoas portadoras de condições especiais de saúde podem se beneficiar com o programa dos Centros de Referência de Imunobiológicos Especiais (Cries). Os Cries disponibilizam produtos de moderna tecnologia para atender essa parcela especial da população que, por motivos biológicos, é impedida de usufruir os que se encontram disponíveis na rotina da rede pública.

Fontes:

Ministério da Saúde – portal.saude.gov.br/portal/svs/visualizar_texto.cfm?idtxt=21993

Sociedade Brasileira de Imunizações – www.sbim.org.br/

Sociedade Brasileira de Infectologia – www.infectologia.org.br/

Centro de Informação em Saúde para Viajantes – www.cives.ufrj.br/

Serviços importantes:

Ambulatório do Viajante do Hospital das Clínicas de São Paulo – Tel. (11) 3069.6392.

Núcleo de Medicina do Viajante do Hospital Emílio Ribas em São Paulo.

Colaboração: Dra. Marília Sallum Bull – Médica do Trabalho do Crea-SP.

Creatividade Nº29 - Julho de 2010


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